Texto base: Salmo 5:1-12
Vivemos em um mundo barulhento e hostil a Cristo. Ao acordarmos, somos imediatamente confrontados por ansiedades, desafios e, por vezes, pela malícia daqueles que nos cercam. Para onde corremos quando o dia começa a se armar contra nós? O Salmo 5 nos oferece um manual de sobrevivência espiritual, uma oração matinal que transforma o medo em fé.
O salmista, diante da oposição, não corre para as armas, mas sim para o Tribunal de Deus. Ele nos ensina que a vitória sobre as adversidades começa na madrugada, com a reorientação de nossa alma para a única rocha segura: a Justiça de Deus.
É aqui que o Evangelho entra. Como pecadores, não ousaríamos nos apresentar diante da santidade de Deus (v. 4) por mérito próprio. Mas o Salmo 5 só pode ser nossa oração porque Jesus Cristo, o nosso Sumo Sacerdote e Advogado (Hebreus 4:14-16), abriu o caminho. É Nele, e somente Nele, que somos declarados "justos" para ter audiência com o Soberano Juiz.
O Salmo 5 nos chama a fazer da busca pela presença e direção de Deus nossa primeira e mais urgente disciplina diária, pois é somente em Cristo, que é a nossa justiça, que encontramos refúgio contra a maldade humana.
Davi nos ensina a começar bem o dia.
Ele enfrentou inimigos poderosos.
Traição, mentira, violência o cercavam.
Mas sua vitória começava de manhã.
Na presença de Deus.
Este salmo é chamado "a oração matinal do justo".
Hoje veremos três verdades essenciais.
"Pela manhã, ó SENHOR, ouves a minha voz" (v. 3).
Davi não esperava o dia começar.
Ele antecipava as lutas com oração.
A palavra hebraica ʿārāk significa "colocar em ordem".
Como um sacrifício preparado no altar.
Davi preparava sua petição com cuidado.
E então esperava.
"Fico esperando" (v. 3).
Não é espera ansiosa.
É confiança persistente.
Aguardamos Deus agir no Seu tempo.
Você começa o dia com Deus ou com o celular?
A vitória espiritual não acontece por acaso.
Ela é conquistada pela manhã.
Antes das distrações.
Antes das batalhas.
Cristo é nosso modelo.
Marcos 1:35 diz: "Tendo-se levantado alta madrugada, saiu, foi para um lugar deserto e ali orava."
Se Jesus precisava orar de manhã, quanto mais nós?
"Tu não és Deus que se agrade com a iniquidade" (v. 4).
Deus não é neutro.
Ele odeia a mentira, a fraude, a violência.
Os arrogantes não permanecem diante dEle (v. 5).
De um lado: mentirosos, sanguinários, fraudulentos.
Sua garganta é "sepulcro aberto" (v. 9).
Do outro lado: Deus, perfeitamente santo.
Este contraste é nosso fundamento.
"Eu, porém, pela riqueza da tua misericórdia, entrarei na tua casa" (v. 7).
Davi não confiava em seu próprio mérito.
Sua entrada na presença de Deus dependia da misericórdia divina.
Como pecadores, não temos acesso a Deus por mérito próprio.
Precisamos de um mediador.
Cristo é esse mediador.
Hebreus 10:19-20 declara: "Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou."
A misericórdia que Davi experimentou prefigurava Cristo.
Jesus é a "riqueza da misericórdia" de Deus.
Pela Sua justiça imputada, entramos ousadamente.
Não pelo que somos.
Mas pelo que Cristo é.
A. Petição por direção (v. 8)
"Guia-me, SENHOR, na tua justiça."
Ele quer andar por caminhos retos.
Por quê?
Porque seus inimigos estão à espreita.
A oração não é só por livramento.
É por direção.
Davi sabia: a verdadeira segurança está no caminho de Deus.
"Aplaina o teu caminho diante de mim" (v. 8).
Não é pedido por vida fácil.
É pedido por clareza.
Que a rota da obediência seja visível.
Sem tropeços.
Sem desvios.
B. Características dos inimigos (v. 9)
Davi explica o perigo:
"Não há retidão na boca deles."
O íntimo é maldade.
"A garganta deles é sepulcro aberto."
Falam palavras doces, mas carregam veneno.
São falsos, traiçoeiros.
C. Justiça para os ímpios (v. 10)
Por ver tanta corrupção, Davi clama:
"Declara-os culpados, ó Deus!"
Não é desejo de vingança.
É fé na justiça divina.
Os ímpios caem pelos próprios conselhos.
Davi pede que Deus o proteja e castigue a maldade.
O justo clama por direção para não cair como os ímpios.
Cristo é quem revela o caminho.
Só Ele pode livrar do coração enganoso e da mentira mortal.
Em Jesus, temos direção reta e justiça perfeita.
Seu sacrifício nos separa do destino dos ímpios.
O crente, guiado por Cristo, é protegido do juízo reservado aos que rejeitam a verdade.
"Cercá-lo-ás da tua benevolência como de um escudo" (v. 12).
O escudo (ṣinnâ) cobria todo o corpo.
Assim é o favor de Deus.
Proteção total.
Defesa completa.
A vida cristã não é apenas escapar do mal, mas andar no bem.
Precisamos de direção diária.
Cristo é o caminho aplainado.
João 14:6: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida."
Ele não apenas nos mostra o caminho.
Ele é o caminho.
Pelo Espírito Santo, Cristo nos guia em toda a verdade (João 16:13).
E quanto à proteção?
Romanos 8:33-34: "Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós."
Cristo é nosso defensor.
Nosso escudo.
Nossa benevolência divina.
"Alegrem-se, porém, todos os que em ti confiam" (v. 11).
O salmo termina com vitória.
Não com lamento.
Com certeza.
Com alegria.
1. Comece o dia com Deus.
A disciplina matinal define o restante do dia.
2. Sua confiança está na santidade de Deus, não em você.
Acesse Sua presença pela misericórdia manifestada em Cristo.
3. Viva buscando direção, não apenas proteção.
Cristo é o caminho, o defensor e o escudo.
Amanhã de manhã, antes de qualquer outra coisa:
Prepare sua oração como um sacrifício.
Confesse sua dependência da misericórdia de Cristo.
Peça direção para o dia.
Descanse na proteção divina.
E então espere.
Confiantemente.
Porque o favor de Deus o cerca como um escudo.
Amém!