O comentário de João Calvino - Salmo 2, um salmo essencialmente messiânico, concentra-se na soberania de Deus Pai, na natureza eterna do reino de Cristo e na exortação final à submissão.
RESUMO
Futilidade da Conspiração: Calvino enfatiza que a rebelião dos reis e príncipes da terra contra o Senhor e Seu Ungido é fútil e ineficaz. Embora os conspiradores estivessem corroborados por poderosos exércitos, seus tumultos e conselhos resultariam em nada.
Natureza do Pecado: A rebelião é vista como um ato que representa a natureza essencial do pecado, sendo uma oposição ao governo divino.
Soberania Irrevogável: A posição de Deus "no trono nos céus" (v. 4) demonstra Sua soberania absoluta, que não se compara à posição dos homens.
Estabelecimento Divino do Reino: A doutrina da eterna duração do reino de Cristo é estabelecida, visto que Ele não foi colocado no trono por aclamação ou sufrágios humanos, mas sim pelo próprio Deus Pai. O Pai, do céu, "pôs a coroa real em sua cabeça, com suas próprias mãos".
Oposição Inútil: Visto que Cristo reina pela autoridade de Deus, a oposição a Ele é, na verdade, oposição a Deus.
A Geração Eterna: A declaração "Tu és meu Filho, eu hoje te gerei" (v. 7) é interpretada por Calvino como o estabelecimento da geração eterna de Deus Filho.
Autoridade Inerente: Cristo está munido de poder para reinar mesmo sobre aqueles que se opõem à Sua autoridade e se recusam a obedecê-Lo.
Juízo e Disciplina: Calvino usa uma forte analogia sobre o tratamento dispensado por Deus: Aquele que se mostra um pastor amante de Suas ovelhas, também deve tratar as "bestas selvagens" (os rebeldes) com severidade, seja para convertê-las de sua crueldade, seja para reprimi-las eficazmente.
Convite à Submissão: O salmista se dirige aos reis e juízes, advertindo-os a abandonar sua "conspiração tola" e submeter-se a Deus e Seu Messias. O convite é para que os rebeldes "abaixem suas armas".
"Beijai o Filho": Esta é uma expressão de submissão perante a autoridade do Rei.
Graça e Bem-aventurança: A sentença conclusiva do Salmo atenua a severidade anteriormente expressa, modificando o terror da vara de ferro. Após discorrer sobre o terrível juízo sobre os incrédulos, Calvino encoraja os fiéis e devotos a nutrirem "boa esperança", anunciando a doçura da graça de Deus. O maior benefício em obedecer ao Senhor não é apenas escapar da punição da ira, mas sobretudo a bênção da felicidade (bem-aventurança) em estar refugiado em Deus.