Astrologia

Astrologia. A astrologia tem sido vagamente definida como "o estudo das verdadeiras ou supostas relações entre o céu e a terra". É uma das atividades e interesses humanos mais antigos e generalizados. 

De um lado, um público enorme acompanha o horóscopo diário nos jornais, e acredita que a astrologia é um sistema mais ou menos válido de previsão do destino. Por outro lado, um compacto conjunto de céticos, que inclui o "público educado" acha a astrologia infundada. 

Mas um estudo de astrologia logo mostra que ela é mais complexa do que os crentes ou os céticos podem admitir. A astrologia que ocupa o espaço no jornal diário pouca relação tem com a sofisticada e simbólica que atraiu tantas das maiores mentes do passado. Homens como Platão, Pitágoras, São Tomás de Aquino e Johan Kepler aceitaram a astrologia não como um meio de prever o futuro, mas como uma planta básica e simbólica da estrutura de funcionamento do universo que satisfazia a sua experiência interior. É interessante que nos últimos anos a moderna ciência física tenha descoberto muitas relações e correlações entre o que acontece no céu e na terra: relações que uma geração anterior de autoridades teria decididamente declarado impossíveis.  

Princípios fundamentais da astrologia. Fundamental para a astrologia é a hipótese de que o universo não é acidental; é uma manifestação da Vontade Divina, ordenada e coerente, e por isso passível de interpretação. A astrologia sempre foi considerada uma chave para essa interpretação.

O raciocínio por trás do método astrológico é mais analógico que lógico, e talvez seja mais bem e mais comumente expresso no ditado: "Assim na terra como no céu". O universo é concebido como um todo inter-relacionado, um imenso organismo espiritual em que cada parte se relaciona com todas as outras. O sistema solar, na astrologia, não é um sistema aglomerado causal de matéria estelar, mas um cosmos sensível e organizado, cuja atuação está inextricavelmente entrelaçada com a da terra, a do homem e a de todas as coisas a ele relacionadas na terra. 

Por mais antiquada que pareça essa forma de pensamento hierárquico, é o foco, mais do que a forma, o responsável por isso. O patologista que, vendo a prova de um fluxo excessivo de adrenalina, conclui que o paciente ausente está furioso ou perturbado, atua de maneira semelhante ao astrólogo de uma criança ausente, nascia com o planeta Marte na constelação de Escorpião e com "aspectos" desfavoráveis, conclui que esse indivíduo tenderá a ser violento, sensível e dominador, sujeito a fluxos excessivos de adrenalina. Talvez a diferença principal esteja na facilidade com que o patologista pode testar e controlar suas conclusões e na extrema dificuldade de o astrólogo fazer o mesmo. 

Os críticos da astrologia acreditam que os antigos sacerdotes e astrólogos chegaram a essas características através de falso empirismo e falaciosa imaginação, e as consideraram infundadas. As características das constelações e dos planetas derivam de processos numéricos, e dependem do significado supostamente inerente ao número — um tipo de pensamento em geral associado a Pitágoras. 

O número um, em todos os sistemas filosóficos e religiosos desenvolvidos, representa a unidade, ou o Absoluto. A cisão, a polaridade, é representada pelo número 2, e conhecida como homem-mulher, ativo-passivo, positivo-negativo. Mas a polaridade é fundamentalmente estática, uma tensão de forças opostas. Para que qualquer coisa "aconteça", tem de ser possível a interação ou relacionamento. O número três representa essa possibilidade. Homem-mulher não é uma relação, mas homem-mulher-desejo, sim. O artista e a tela não bastam para produzir um quadro, tem de haver um terceiro elemento: a inspiração. 

Mas uma relação de três elementos continua sendo potencial; três termos não bastam para justificar o fato da matéria, ou da substância. Cloro-sódio-afinidade ainda não é sal. Para justificar o sal exigem-se quatro elementos, cloro, sódio, afinidade, e depois o próprio sal. Assim, o significado do número quatro é substancialidade ou matéria, e é isso que está por trás da antiga noção dos quatro elementos. Eles representam os princípios componentes da matéria, não sua química. 

Através dos números, todas as funções, processos e qualidades que experimentamos no mundo físico podem ser explicados. Exige-se um sistema de doze termos, e é esse sistema de doze termos que está na raiz da astrologia ocidental, com seu zodíaco de doze signos. 

Na astrologia, distingue-se primeiro os signos pelas polaridades. Áries é positivo, Touro é negativo, e assim por diante. 

O zodíaco pode ser visto como um mapa no qual interagem todas as forças do mundo. E é esse método sistemático simbólico que está por trás das generalizações simplórias dos jornais. Áries é "esquentado e impulsivo" porque, como primeiro signo do zodíaco, é positivo, cardinal, fogo. E Peixes "recluso, místico, receptivo" porque, como último signo, é negativo, mutável, água. 

Horóscopo. O horóscopo, ou "mapa da hora", é o principal auxiliar operacional do astrólogo. É uma representação simbólica do zodíaco de doze constelações, contendo em si todas as possibilidades. 

Tipos de astrologia. A astrologia que se dedica à análise do caráter e à previsão do futuro do indivíduo com base no horóscopo é chamada de astrologia natal ou genética. 

A astrologia mundial preocupa-se com fenômenos em grande escala — guerras, cataclismos naturais, os anos de fartura e de escassez, tendências psicológicas e políticas a longo prazo.

O terceiro tipo de astrologia, a astrologia horária, baseia-se na teoria análoga de que o horóscopo de qualquer dado momento determina o significado desse momento, não apenas no que se refere ao nascimento de uma criança, mas a qualquer coisa que tenha "nascido".  (1) 

(1) CAVENDISH, Ricardo (org.). Enciclopédia do Sobrenatural: Magia, Ocultismo, Esoterismo, Parapsicologia. Consultor especial sobre Parapsicologia Professor J. B. Rhine. Tradução de Alda Porto e Marcos Santarrita. Porto Alegre: L&PM, 1993.