Aparições

termo "aparição", como "fantasma", do qual é praticamente sinônimo, é usado popularmente há séculos, mas nunca com um sentido específico estritamente definido claro e precisamente. Uma definição de um dicionário apenas descritivo concentra-se em fases como "material aparência de fantasma" e "parece real e é geralmente repentina e assustadora", mas não faz qualquer alusão à causa ou ao significado das "aparições" desse tipo. Contudo, o termo normalmente se refere à "aparência imaterial" de uma figura humana que, se identificável, é a de alguém falecido. 

As aparições não são vistas por todo mundo. Só indivíduos, de vez em quando comunicam uma experiência dessa. Em geral, ocorre quando a pessoa está só, embora casos em que mais de uma parece ter tido a mesma impressão ao mesmo tempo tenham sido comunicados com frequência suficiente para exigir uma explicação. De qualquer modo, porém, a experiência com aparição é transitória e não há muita probabilidade de que se repita. Consequentemente, a ocorrência não verificável com facilidade, e a sua comunicação corre o risco de provocar ceticismo ou descrença na maioria dos ouvintes.

Relatos de aparições, apesar do grande ceticismo em torno deles, adquiriram certa importância tanto na crença popular quanto na história da religião. O fantasma de Banquo e do pai de Hamlet, embora criações literárias, basearam-se numa ideia comum e aceita na época, a ideia de que asa aparições eram os espíritos de pessoas mortas, que de algum modo se manifestavam de forma visual. Às vezes a aparição surgia como se simplesmente trouxesse uma mensagem para o observador vivo apenas com o propósito de mostrar-se (afirmando-lhe assim a sobrevivência do espírito). Outras vezes, trazia uma mensagem ou aviso mais específico, como os dos fantasmas de Shakespeare. 

Aparições também desempenham um papel na religião, embora as experiências mais particulares alegadas nesse campo venham na maioria das vezes sob o nome de "visão" do que de "aparição" ou "fantasma". 

Hoje, porém, a interpretação simples e direta das aparições como manifestações de pessoas mortas está fora de moda. Aprendeu-se demais com a parapsicologia experimental para que ela continuasse se sustentando.

As aparições que se manifestavam a pessoas saudáveis eram mediúnicas nesse sentido. Eram inexplicáveis pelas leis comuns, mas ainda reais e significativas. Por isso, pareciam misteriosas, até mesmo sobrenaturais. 

Aparições com experiência Psi Espontâneas

As experiências psi espontâneas, das quais as aparições pareciam outra, constituir uma parte maior do que hoje, são tão antigos quanto a história. 

Em fins do século XIX e início do XX, surgiu o método experimental na ciência, indicando que experiências adequadamente controladas podiam mostrar se era verdade que a mente tinha meios de obter informações de alguma maneira ainda desconhecida, como sugeriram as experiências psi. As experiências que testaram pela primeira vez essa ideia foram feitas no campo hoje conhecido como parapsicologia. 

Primeiros estudos de aparições 

As experiências psíquicas, aparicionais ou outras, jamais foram cotejadas e estudadas de um modo realmente abrangente antes da descoberta da capacidade psi. Na verdade, não se poderia esperar esse tipo de estudo antes que se estabelecesse o abrangente conceito de psi (clarividência, pré-conhecimento, telepatia e PK), para servir de linha mestra. Marcas decisivas entre os primeiros estudos de experiências psi espontâneas foram as realizadas pela Sociedade de Pesquisa Psíquica (Society for Psychical Research — S. P. R.) de Londres, e o posterior estudo de aparições feito por G. N. M. Tyrell, na Inglaterra. Um dos motivos da fundação, em 1882, da S. P. R. de Londres, foi o interesse em estudar comunicados de experiências com aparições. Um projeto de três dos fundadores, Edmund Gurnsy, F. W. H. Myers e Frank Podmore, de recolher versões dessas experiências, foi um dos inicialmente realizados. Esses estudos resultaram, em 1886, no Fantasmas dos Vivos. O objetivo básico da pesquisa era avaliar o verdadeiro significado e peso dessas experiências na questão da vida após a morte, a questão da sobrevivência. Segundo seus relatos, as aparições seriam casos em que o espírito de uma pessoa morta parecia comunicar-se com uma viva. Portanto, forneciam um suposto indício de sobrevivência. Fossem o que pareciam ser, representavam uma experiência de comunicação entre as duas, mas, evidentemente, sem meios sensoriais. Essa comunicação seria telepatia. 

A telepatia, contudo, era questão controvertida. Assim, a ideia geral da experiência aparicional, nessa época, era a de que o espírito de uma pessoa morta sobrevivera e podia tornar-se visível para os vivos (1)

(1) CAVENDISH, Ricardo (org.). Enciclopédia do Sobrenatural: Magia, Ocultismo, Esoterismo, Parapsicologia. Consultor especial sobre Parapsicologia Professor J. B. Rhine. Tradução de Alda Porto e Marcos Santarrita. Porto Alegre: L&PM, 1993.