As excursões didáticas apresentam imenso potencial para um ensino interdisciplinar, crítico, criativo e investigativo, assim como a visão integrada do ambiente e da sociedade. A compreensão sobre as potencialidades das excursões é essencial para o desenvolvimento da autonomia docente de educadores em Geociências e Educação Ambiental.
As excursões didáticas não se restringem apenas à execução da expedição em um local determinado, mas exigem um longo processo de elaboração (pré-campo), de execução (campo) e posterior reflexão e sistematização dos dados coletados (pós-campo). Um primeiro passo para a elaboração da sequência didática é a escolha do local onde será realizada a expedição. O lugar está completamente condicionado aos objetivos, pois cada local apresenta particularidades e potencialidades de abordagens de determinados tema ou fenômenos que se pretende abordar.
As excursões didáticas são essenciais para a construção de conceitos em geociências e educação ambiental e podem servir como elemento articulador de um conjunto de práticas científicas e metodologias de ensino, como a utilização de imagens, a criação de coleções, o registro das observações, a experimentação e a reflexão.
Seguindo essa tendência problematizadora, foi proposto o planejamento de Sequências Didáticas a partir do estudo de lugares da macrometrópole paulista pré-definidos pelos grupos. Os grupos elaboraram conjuntos de 5 a 8 aulas para serem realizadas antes e após as excursões didáticas. Para cada aula foram planejadas atividades, estruturadas através de objetivos didáticos, temas e fenômenos que se articulam de forma sequencial.
No ano de 2020 no contexto da pandemia de Covid-19 a proposta de planejamento da atividade foi alterada. A experiência docente de exploração do local, que em anos anteriores se constituía na execução de visitas prévias em grupos no lugar escolhido, foi substituída pela elaboração de relatos individuais com narrativas de cada estudante do grupo sobre sua experiência local. A partir da leitura dos relatos pelos grupos, os estudantes buscaram convergências entre as experiências para definirem questões orientadoras da investigação necessária para a definição de roteiros.
Num processo de construção constante dos roteiros das excursões e das sequências didáticas, as questões previamente definidas foram se transformando e definindo novas experiências docentes. Esse percurso, marcado por amplas discussões coletivas, foi essencial para o desenvolvimento da autonomia de docentes reflexivos. Ao final do planejamento, os grupos sistematizaram suas avaliações metacognitivas sobre os conhecimentos, as práticas, as representações, atravessados pela experiência docente.
Outro desafio imposto pelo contexto da pandemia foi a conjugação da realização do planejamento da Sequência Didática com a realização dos estágios supervisionados. Durante o processo, percebemos a necessidade de apresentação do planejamento para professores em exercício ou em formação, resultando no lançamento do site com sínteses dos grupos sobre a construção da experiência.
A construção da proposta foi realizada no Google Sites como uma ótima opção no contexto do Ensino Remoto Emergencial, ampliando o instrumental criativo e reflexivo dos licenciandos.
A elaboração do website possibilitou a organização processual do material segundo um cronograma prévio; apresentou o planejamento da atividade em sua totalidade; permitiu a visualização dos materiais inseridos por cada estudante por toda a turma, possibilitando a troca de experiências e a criação de propostas coletivas; possibilitou a criação de atividades de forma colaborativa, complementadas por discussões realizadas em aula e por fim, servirá como um veículo de divulgação dos relatos, roteiros e sequências didáticas para estudantes de graduação, pós-graduação e professores, destacando a reflexão sobre o longo processo de criação coletiva.