Bárbara

Parque Geológico do Varvito - Itu

Relato de Experiência

08/10/2019

A primeira vez que ouvi falar sobre o Parque Geológico do Varvito, foi em 2017, na disciplina de Sistema Terra, pelo curso Licenciatura em Geociências e Educação Ambiental, oferecido pela USP. Na época, minha turma fez uma visita ao parque, infelizmente eu não pude ir a essa viagem de campo, no entanto minha vontade de conhecê-lo cresceu. Meus colegas de classe gravaram o áudio das explicações dos professores e fotografaram tudo, eu então estudei com afinco, li artigos sobre o assunto e então pude entender do que se tratava o local e toda sua herança.

O parque preserva registros de uma era glacial ocorrida no Brasil, época em que os continentes sul americano e africano estavam unidos, no chamado Supercontinente Gondwana.

Vídeo de divulgação do Parque, presente no site da Prefeitura da Estância Turística de Itu.

Algum tempo depois, em 2018, surge uma oportunidade incrível. Durante um estágio que eu fazia com alunos do 4º ano, na Escola de Aplicação da Faculdade de Educação da USP, a professora da turma me convidou para acompanhar um estudo do meio para o Parque do Varvito e que eu como estudante de Geociências poderia contribuir para com as explicações a cerca da história geológica do local!

O convite foi aceito com prazer e lá fomos nós! Duas turmas de 4º ano, de aproximadamente 30 alunos, vários professores, voluntários, estágiários e 2 ônibus lotados!

Alunos observando com lupa as marcas deixadas nas rochas. Foto: Bárbara Ernandes

Chegando lá, fomos divididos em grupos, com 10 a 12 alunos cada.

Minha postura, quando nos deparávamos com um afloramento ou local de interesse, era primeiramente dar instruções sobre alguns cuidados, logo em seguida deixá-los explorar o espaço e estimular a curiosidade dos alunos! O ensino investigativo é algo muito valorizado pela Escola de Aplicação e uma metodologia que eu costumo utilizar em minhas intervenções. Os alunos tinham lupas, como na imagem acima. Na foto, eles investigavam as marcas do chão! Eu instigava-os a questionar o que ou quem poderia deixar essas marcas? Com o que se pareciam? Qual sua extensão? Como pode ter ficado gravado na rocha?

Respondendo essas perguntas pra você leitor, que pode estar curioso, vou dar um gostinho sobre o assunto... Essas marcas são rastros deixados por organismos rastejantes, em uma época muito distânte! Chamamos as marcas de icnofósseis, ou seja vestígios de atividade biológica, que ficaram registrados nas rochas.

Após o primeiro momento de observação e investigação, iniciavamos a explicação, contando a história do paleoambiente onde aquelas rochas se formaram e o que elas podem nos contar a respeito do passado do nosso planeta!

Concluindo meu relato, pode-se dizer que o estudo do meio para o Parque do Varvito exige uma grande capacidade de abstração, para se conseguir visualizar eventos passados. Exige também uma observação apurada, para então obter o entendimento claro sobre a dinâmica externa e interna de nosso planeta e os eventos resultantes dessa interação.

Durante essa atividade, pude não só visualizar ao vivo algo que antes só havia estudado nos livros, como pude também exercitar meu ofício como professora, com a responsabilidade de despertar nas crianças o olhar geológico de quem compreende o que está vendo.

Parafraseando Monteiro Lobato, no livro "O Poço do Visconde":

Que todos nós possamos desenvolver o

SORRISO GEOLÓGICO!

Sorriso de quem sabe, olha, vê e compreende a paisagem. Até que está se transforme em um livro aberto, no qual é possível ler mil coisas interessantíssimas.

Texto por: Bárbara Ernandes