Relato de estágio

sobre aS SAÍDAS DE CAMPO

O grupo realizou uma visita ao Parque Estadual do Jaraguá. Nele observamos pontos que posteriormente seriam abordados nas atividades que fariam parte da nossa Sequência Didática. Percebemos que estávamos no caminho certo, mas que ainda seria preciso amadurecer algumas propostas que seriam inviáveis devido à pandemia. O ambiente era muito complexo e por isso permitia uma abordagem multidisciplinar.

Além dessa visita, a escola Waldorf Guayi de Cotia (SP) entrou em contato com o grupo solicitando um apoio para um Estudo do Meio por indicação de uma professora. Como o sexto ano da escola teria no segundo semestre de 2020 estudos de mineralogia, astronomia e paleontologia, foi proposta uma visita ao Parque Geológico do Varvito, localizado no Município de Itu, considerando as restrições impostas pela pandemia, a distância e o tempo.

A escola aceitou a proposta, para a nossa surpresa, sendo que pudemos pôr em prática as ideias iniciais da nossa Sequência Didática para o Parque Estadual do Jaraguá, adaptando o roteiro e as atividades para o Parque Geológico do Varvito. Este que tem uma importante evidência de que no passado geológico a região passou por uma glaciação, pois o próprio Varvito é uma rocha sedimentar formada em ambiente de lago próglacial que teve contato parcial ou temporário com a margem da geleira (Rocha Campos, 2002). A preparação das atividades durou uma semana e pensamos nas experiências prévias que tivemos no parque, considerando as potencialidades que lembrávamos dele. Criamos um caderno de campo como um recurso para a aplicação das atividades. Os educandos participaram ativamente de todas as atividades.

Essa prática foi um divisor de águas para a elaboração da Sequência Didática, pois tivemos a oportunidade de vivenciar algo planejado por nós. Isso permitiu novos questionamentos, mais clareza e recursos mais concretos. Toda experiência prática é de suma importância para a formação docente, porque é o momento em que a teoria ganha vida e que podemos colocar tudo que aprendemos em prática, principalmente quando se trata da reflexão na ação e sobre a ação, tal como defende Schon (1995).

Preparação e apresentação na Live

O grupo precisou se dedicar para a apresentação da live no Youtube, considerando o público-alvo constituído por graduandos e profissionais da área da Educação, uma vez que foi realizada num evento da própria Faculdade de Educação da USP (FEUSP). Tivemos que fazer reuniões através da plataforma Google Meet, cuidando de todos os detalhes: o formato da apresentação, os conteúdos a serem tratados, a linguagem que deveria ser usada, o tempo necessário para falar de tudo etc.

Sobre o formato da apresentação, pensamos que slides com mais imagens e menos textos, em tópicos resumidos, seria a melhor opção. Assim, usaríamos palavras chaves e falaríamos mais a respeito durante a live. Como o público-alvo não se tratava de estudantes de Geociências em sua maioria, mas de educadores, não nos aprofundamos no assunto nem usamos muitos termos técnicos da área. Procuramos abordar mais o aspecto educativo, o processo de elaboração da sequência didática em si, tratando das aulas que daríamos para os alunos e de como chegamos a esse formato, do método que usamos e das atividades que realizamos que contribuíram para a formulação final. Falamos muito das experiências que tivemos em dois parques da cidade de São Paulo, sendo que procuramos separar as temáticas entre os integrantes de acordo com aquilo que cada um sabia mais. Por conta da pandemia, nem todos participamos das saídas de campo, mas foi o suficiente para a resolução do projeto.

Cada parque tinha sua especificidade, portanto falamos de algumas potencialidades de ambos na apresentação. Do parque do Jaraguá como um ambiente muito complexo onde poderíamos abordar diversos aspectos com os alunos, tais como sociocultural, histórico, geológico e biológico. Muitas imagens da apresentação continham tais aspectos. Já o parque do Varvito, onde o grupo aplicou uma atividade para os alunos do sexto ano da escola Waldorf, possui um registro de grande valor geológico, pois revela que a região já passou por glaciação. O registro é o próprio Varvito, que é uma rocha sedimentar formada em ambiente de lago glacial. Essas foram as características que o grupo julgou que seriam importantes de citar durante a apresentação da live no Youtube, pois elas seriam trabalhadas pelos alunos ao longo da sequência didática.

Acreditamos que o processo de preparação para a live foi interessante porque permitiu que sintetizássemos nossas experiências para aquilo que mais chamou a nossa atenção, permitindo que cada grupo fosse único. Os grupos tiveram experiências e olhares distintos, mesmo participando da mesma turma e trabalhando com temas semelhantes. Nosso grupo pensou em criar uma dinâmica que fosse fluida e didática. Cada integrante tratou de sua especialidade, pensando na linguagem mais apropriada e compreensível ao público. A experiência da apresentação em si trouxe muita preocupação, pois o grupo queria ter algo a acrescentar. Não queríamos ser prolixos ou complicados, não tornando a experiência cansativa. Queríamos focar naquilo que realmente era importante.

As apresentações durante as aulas eram muito distintas, pois fizemos para pessoas da nossa área de estudo. A live tinha grande potencial educativo para professores que buscam uma interação diferenciada na sala de aula, uma vez que o próprio método da nossa sequência não era tradicional. Seria preciso ter mente aberta.

A Sequência Didática elaborada ao longo de toda a disciplina de Metodologia não chegou a ser alterada em decorrência da live, sendo que a única coisa que modificamos foi a apresentação em si. Na verdade, não alteramos muito também porque permanecemos focando no processo de elaboração da sequência didática, de como chegamos aos nossos métodos e conclusões. Os textos nos slides foram sintetizados e simplificados, priorizando imagens dos parques, das atividades realizadas neles e de mapas com sua localização, além de esquemas com legendas para explicar a sequência de aulas. A estrutura foi modificada no site, pois antes era um texto em formato de relatório e no site passou a ser uma separação em tópicos, permitindo assim uma estética mais chamativa que facilitasse o entendimento.

considerações finais

A interação do grupo foi de extrema importância, pois isso permitia que houvesse troca de experiências e conhecimentos, dando abertura para novas visões e possibilidades de resolução, pensamento e execução. Foi um trabalho bastante complexo e uma variedade de perspectivas contribuíam para uma sequência mais completa e estruturada. Cada integrante tinha mais desenvolvimento em determinada área e isso trouxe muito aprendizado, sendo que um deles considera que sua constituição docente ocorre desde a infância com as brincadeiras e, posteriormente, com as aulas que deu em projetos, estágios, entre outros.

Concluindo assim que a elaboração dessa Sequência Didática desde o início trouxe um desafio muito grande, que pensamos não conseguir ultrapassar por diversos momentos, mas que no final tomou forma. Realmente foi um processo de construção do pensamento, pois antes dela prevalecia a obscuridade, medo e a confusão. Os textos em sala de aula, a contribuição dos colegas, as reuniões do grupo e a sequência didática da própria professora Ermelinda e da Elisângela deram uma base para o fazer pedagógico. No fim, culminou numa experiência de live fantástica que, apesar de não ter alterado nossa Sequência Didática, serviu para expandirmos nossas reflexões sobre todo o processo. Foi uma ótima opção para tempos pandêmicos.

De fato, cada vez que o tempo passa, cada experiência nova trouxe para todos novas reflexões e isso não foi diferente com as disciplinas de metodologia, uma vez que a preocupação com o que será passado para os alunos, a visão de meio ambiente e da ciência em si ainda é uma preocupação e precisa de auto avaliação constante. A preparação da sequência didática permitiu que conseguíssemos delinear um pouco mais os professores que queremos ser, refletindo e questionando as práticas dos docentes que já conhecemos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bazzo, Linsingen e Pereira. 2003.

Barolli, Farias e Levi. 2006.

Vieira e Bazzo. 2007.

Schon. 1995.