Relato de estágio

Entre diálogos e memórias

O local escolhido foi visitado por todos os integrantes em contextos diferentes e, a princípio, foi entendido como um local ideal para a elaboração do trabalho devido a sua riqueza geológica e evidências potencialmente didáticas dependendo da abordagem. As categorias didáticas de COMPIANI e CARNEIRO (1993) foram reveladoras sobre a natureza das experiências pretéritas de cada um no Parque e para a elaboração de uma excursão e de uma SD mais estruturadas e feitas “sob medida” para o nosso público. O trabalho de campo foi posicionado na SD como um eixo encadeador, de forma a considerar os conhecimentos prévios dos alunos, autonomia e reflexão, de modo a proporcionar conhecimento significativo, o que configura a autonomia didática e docente (PATACA, 2015, Cap. 5, P. 82 ). No intuito de realizar um trabalho completo, foi levado em consideração o que consta na BNCC/2017 (Base Nacional Comum Curricular) a respeito dos conteúdos geocientíficos, que envolve a capacidade de compreender e interpretar o mundo de forma contextualizada como mais importante do que os conteúdos científicos.

O caráter integrador e sistêmico da bagagem geocientífica do grupo foi fundamental para a elaboração de uma SD interessante e estimulante de forma a proporcionar o desejado conhecimento significativo. Dessa forma, acreditamos que esse trabalho possui grande potencial de desenvolver uma visão geocientífica e ao mesmo tempo capaz de ajudar na contextualização do papel do ser humano na Terra.

O trabalho em grupo teve uma importância fundamental na estruturação de toda a SD devido ao fato de termos muitas "cabeças" para dividir o trabalho e para revisá-lo sempre. As dificuldades e facilidades de cada integrante foram diferentes, então, com uma boa divisão de trabalho aliada a constante revisão de todos, o trabalho ficou muito mais consistente. As reuniões e o esforço feito concomitantemente de modo remoto foram fundamentais para que todos pudessem convergir melhor as ideias e, consequentemente, dar mais coesão ao trabalho.

Como pensamos a apresentação?

O grupo elencou alguns pontos a se pensar antes de apresentar para o público em geral, são eles:

  • Qual o formato da apresentação?

  • O que caracterizou cada etapa do trabalho?

  • Como analisamos os produtos gerados?

  • Como foi a nossa experiência/vivência de produção?

  • Como foi a nossa discussão durante as etapas?

  • Como analisamos o processo durante o semestre?

  • Como revisitamos a experiência de ida ao campo? Como aproveitamos isso?

  • Como construímos todos esses novos conhecimentos a partir de um campo, mesmo em meio às dificuldades que passamos?

  • Como trabalhar a autonomia dos alunos em meio aos objetivos?

Preparação e apresentação para professores

O grupo realizou uma apresentação aos docentes e colaboradores da disciplina de Dinâmica do Sistema Terra II, oferecida aos alunos do LiGEA no primeiro ano de curso. Essa primeira exposição deste trabalho foi organizada para demonstrar como o processo estruturado do pré-campo, campo e pós campo, aplicado com objetivos de somar o aprendizado e correlacionar os conceitos em práticas interdisciplinares, determinou que a sequência didática proposta tivesse uma ênfase a partir do olhar do docente as práticas dos conteúdos referenciados ao campo mas aplicados nas etapas que antecedem e sucedem o campo.

Assim, a preparação desta primeira apresentação mostrou, de forma sucinta nos slides, o processo de confecção e aprendizagem deste trabalho colaborativo na disciplina de Metodologia em Geociências e Educação Ambiental II, no entanto o enfoque expositivo do grupo foi de relatar amplamente a construção aula a aula da sequência didática, sendo esse planejamento melhor explorado em uma demonstração prévia deste site. Neste sentido, era importante apresentar a esse público alvo as diferentes práticas didáticas para a informação e construção nos alunos dos conteúdos temáticos inseridos nas aulas desenvolvidas para o pré-campo.

Esta apresentação foi direcionada aos docentes da disciplina de Dinâmica do Sistema Terra devido o Parque Geológico do Varvito integrar as atividades práticas de campo, mas, considerando o contexto atual de pandemia, a atividade não foi realizada com os alunos do LiGEA inscritos na disciplina no segundo semestre de 2020. Uma vez que o grupo também é constituído por alunos do mesmo curso e que vivenciaram o campo presencial com os mesmos docentes, tal experiência de apresentar para os mesmos uma proposta pedagógica sob um olhar ressignificado enquanto educadores críticos em formação, foi de suma importância para tornar perceptível o amadurecimento pedagógico dos discentes do grupo e apoiá-los, devido a qualidade didática do trabalhos exposto, para a próxima apresentação que seria a live no Youtube.

Preparação e apresentação para Live no Youtube

Após a apresentação na disciplina de Sistema Terra, o grupo sentiu-se mais preparado para a apresentação em live, fizemos alguns ajustes, pequenas mudanças necessárias para buscar a objetividade e o enfoque que desejávamos abordar. Tais alterações resultaram em uma nova estrutura que não se preocupava mais em detalhar as etapas de pré-campo, campo e pós-campo, mas sim em destrinchar a aprendizagem, análise e reflexão do grupo acerca da própria prática. Afinal o site já se encarrega de apresentar as etapas do trabalho proposto, além também do enfoque que os outros grupos abordaram em suas apresentações. Buscou-se a complementaridade, para que as apresentações conversassem entre si, de maneira dinâmica e dialógica entre as etapas e processos de cada local.

A partir dos pontos e questionamentos pensados e aqui ilustrados na figura XX, foi apresentada nossa discussão para público de estudantes, professores e demais profissionais da educação e interessados pelo assunto, em evento organizado pelos discentes e docentes da disciplina e realizado com apoio da FEUSP.

O evento se deu em formato de live e ocorreu na plataforma Youtube, iniciou-se às 14h com abertura da professora responsável e foi finalizado às 17h. A apresentação do presente grupo durou cerca de 20 minutos e contou com a participação em tempo real do público que assistia e enviava comentários, além disso, ao final de todas as apresentações, um representante por grupo, voltou para responder perguntas e interagir com o público que prestigiava a live.

Vídeo da live completa!
Em 6:22 min. palavras da Coordenadora do curso LiGEA, Veriadiana Martins.
Em 10 min. palavras do representante da comissão de graduação da FEUSP, Rosenilton Oliveira.
Em 13:59 min. abertura e apresentação da professora orientadora do projeto, Ermelinda Pataca.
Em 1:54:59 hr. começa a apresentação do presente grupo!

Considerações finais

O nosso enfoque foi justamente trabalhar mais no âmbito das percepções e habilidades necessárias para produção científica do que os conteúdos científicos em si. Isso porque, apesar da importância dos conteúdos científicos, essa é uma maneira lógica de aproximar os alunos da ciência, que é no ‘fazer ciência', além dessa prática ajudar a desmistificar a ciência como algo certeiro ou infalível por meio das discussões, levantamento de hipóteses etc.

O trabalho foi desenvolvido em um processo reflexivo e crítico sobre a própria prática, levando os integrantes do grupo a fazerem constantes modificações e acréscimos em prol de estruturar uma SD com as características aqui referidas e adequadas para o alunos do 6º ano do ensino fundamental II, levando em consideração a bibliografia.

O processo reflexivo do grupo possibilitou que cada integrante identificasse aspectos de suas experiências pretéritas como ensino dirigido, semidirigido ou não dirigido e até mesmo identificar nessas experiências o tipo de categoria de acordo com o trabalho de COMPIANI e CARNEIRO (categorias: investigativa, ilustrativa, indutiva, motivadora e treinadora). Isso permitiu que entendêssemos melhor as estratégias dos docentes quando estávamos na posição de educandos. Essas revelações foram impactantes para a nossa compreensão de como elaborar o nosso trabalho.

Há um consenso no grupo de que esse tipo de material é muito importante dada necessidade de o público geral entender melhor a ciência, como ela funciona, podendo influenciar na formação de novos cientistas e, não menos importante, contribuir no resgate da compreensão das geociências, como a humanidade está inserida nesse planeta e como se dá essa relação.

Referências Bibliográficas

COMPIANI, M.; CARNEIRO, C.D.R. Os papéis didáticos das excursões geológicas. Enseñanza de las ciencias de la Tierra, 1(2): 90-98, 1993.

PATACA, E. M. História, Geociências e Meio Ambiente. Os trabalhos de campo como agentes articuladores de sequências didáticas na Região Metropolitana de São Paulo. In: Bacci, D. L. (Org.). Geociências e Educação Ambiental. Curitiba: Ponto Vital, 2015, Capítulo 5.