Sequência Didática

Elaboração da Sequência Didática

Introdução

O presente trabalho consiste em uma sequência didática, que segundo Zabala (1998), trata-se de:

“um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio e um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos (...)”(ZABALA,1998 P.18)

A sequência didática foi construída a partir de uma excursão didática, pensada a fim de induzir os alunos a refletirem e investigarem de forma contextualizada os processos naturais ocorridos ao longo do tempo geológico, no caso, no contexto das rochas sedimentares do Parque do Varvito em Itu, contextualizando e problematizando também os impactos antrópicos sobre o local, de modo a trazer a tona o conhecimento acerca da influência que exercemos nesse planeta e das responsabilidades que precisamos tomar frente ao nosso desenvolvimento como sociedade. A essência desse trabalho é justamente conseguir prover conhecimento significativo em relação a processos de difícil compreensão pela sua escala de tempo: os processos geológicos. Isso só é possível quando levamos em consideração os conhecimentos prévios, a autonomia e a reflexão dos alunos, tendo o trabalho de campo como eixo encadeador durante a proposição da sequência de aulas (PATACA, 2015, Cap. 5, P. 82 ).

É importante salientar o potencial crítico, criativo e investigativo das excursões didáticas ligadas às Geociências, propiciando uma participação ativa do aluno durante a aprendizagem. (COMPIANI e CARNEIRO, 1993).

Visando enriquecer a formação dos alunos, foram adotadas ainda, técnicas de registro em caderneta de campo e caderno de atividades, a serem utilizadas em interpretações pós-campo, para posterior análise e discussão coletiva em sala de aula (PATACA, 2015, Cap. 5).

Para o desenvolvimento dos objetivos das aulas propostas, foi utilizada a Taxonomia de Bloom, que consiste em um instrumento para auxiliar na identificação e definição dos objetivos durante o processo de ensino e aprendizagem (FERRAZ e BELHOT, 2010).

De acordo com LIMA (2017, P.424), a metodologia de ensino ativa, adotada para esse trabalho, tem como foco o educando, dentro de um contexto em que ele é protagonista em seu processo de aprendizagem. A principal categoria didática adotada para o trabalho de campo foi a investigativa de COMPIANI e CARNEIRO (1993), que trabalha uma visão de ensino formativa, em que os modelos científicos são aceitos, porém sempre questionados, enquanto o educando é colocado como centro de um processo de ensino-aprendizagem semi-dirigido.

Portanto, a sequência e a excursão didáticas visam executar, junto aos alunos, um processo dinâmico de observação, descrição (através de registro), comparação, reflexão, formulação de hipóteses, raciocínio, generalização, aplicação de novas hipóteses, problematização e constante reciclagem dessas etapas durante o processo.

Intenção pedagógica

Objetivo geral

Investigar temas relacionados às geociências, visando a reflexão e a familiarização aliada à busca de conhecimento sobre a influência humana na natureza.

Objetivos específicos

Investigar os registros de uma glaciação passada, existentes no afloramento do parque. A partir desse objetivo, outros tópicos poderão ser trabalhados, como por exemplo sedimentação, formação de icnofósseis, tipos de ambientes e condicionantes climáticos.

Sequência didática

A sequência didática foi pensada para ser aplicada em aulas de Ciências do 6º ano do Ensino Fundamental. A ser desenvolvida em 8 aulas. De maneira resumida, as 3 primeiras aulas (pré-campo) tem um caráter mais introdutório, que busca trazer repertório para que os alunos consigam acompanhar o campo, busca a construção de um conhecimento imagético sobre os fenômenos e temas abordados. Após o campo, serão tratados temas mais específicos a serem aprofundados a partir das reflexões sobre os dados coletados em campo.

Tipos de ambientes. Imagem do Google.
Parque Geológico do Varvito, em Itu - Foto: Christine L. M. Bourotte
Experimento de sedimentação - Foto: Felipe de Godoy Nigro
Exemplo de Flipbook - Fonte: Andy Bailey — Kickstarter

Avaliação

As avaliações precisam ser completas, ou seja, devem avaliar o rendimento dos alunos, seu feedback acerca das aulas e também se as estratégias utilizadas foram efetivas Foram definidas três formatos e possibilidades de avaliação.

  • Alunos sobre as aulas - cartões do “humor” - como estou me sentindo após a aula?

Para avaliar o que os alunos sentem em relação às aulas, foram pensados os “cartões do humor”, em que através de desenhos/imagens, os estudantes exprimem seus sentimentos ao fim de cada aula, ao longo da SD

  • Professores sobre os alunos - Avaliações de aprendizagem. Contínuas e uma final.

  • Professores sobre as aulas - Reflexão diária sobre a própria prática, aula a aula, a partir dos materiais produzidos (comentários em aula, reflexões, atividades escritas… etc) e dos feedbacks dos alunos (cartões do humor). A partir das reflexões aula a aula ele pode adequar às próximas aulas, realizar ajustes com base em seus registros. Os registros podem ser feitos em um diário pedagógico de classe.

Referências bibliográficas

COMPIANI, M.; CARNEIRO, C.D.R. Os papéis didáticos das excursões geológicas. Enseñanza de las ciencias de la Tierra, 1(2): 90-98, 1993.

PATACA, E. M. História, Geociências e Meio Ambiente. Os trabalhos de campo como agentes articuladores de sequências didáticas na Região Metropolitana de São Paulo. In: Bacci, D. L. (Org.). Geociências e Educação Ambiental. Curitiba: Ponto Vital, 2015, Capítulo 5.

FERRAZ, A.P.C.M.; BELHOT, R.V. Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das adequações do instrumento para definição de objetivos instrucionais. Gest. e Prod., São Carlos, v. 17, n. 2, p. 421-431, 2010.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

LIMA, V. V. Espiral construtivista: uma metodologia ativa de ensino-aprendizagem. Interface (Botucatu). 2017; 21(61): 421-34. DOI: 10.1590/1807-57622016.0316. Acesso em: 09/12/2020.

PATACA, E. M. História, Geociências e Meio Ambiente. Os trabalhos de campo como agentes articuladores de sequências didáticas na Região Metropolitana de São Paulo. In: Bacci, D. L. (Org.). Geociências e Educação Ambiental. Curitiba: Ponto Vital, 2015, Capítulo 5.

PIMENTA, S. G.; GHEDIN, E. (Orgs.). Professor reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito. São Paulo: Cortez, 2002.

SCHÖN, D. A. Formar professores como profissionais reflexivos. In: Nóvoa (org.) Os professores e a sua formação, Lisboa, Dom Quixote 1992. 39.

ZABALA, Antoni., A prática educativa: como ensinar. Trad. Ernani F. da Rosa – Porto Alegre: ArtMed, 1998.