Meu nome é Mateus Kobiyama, estou no último ano da engenharia mecânica na UFPR e a minha vida profissional está apenas começando. Não estou nem formado, porém o UFPR Formula já me ajudou muito na construção da minha carreira e da minha vida pessoal.
Em 2014, comecei o curso de engenharia mecânica e logo no primeiro semestre entrei na COEM (empresa júnior de engenharia mecânica). Por um ano assumi o cargo de gerente na empresa. Nesse período, tive um aprendizado muito rico na área de gestão de projetos e liderança de equipe. Tive o prazer em ter uma equipe muito forte, podendo contar por quase um ano com Gustavo Novak, Eduardo Baggio, José Neto e Matheus Akihiro. Foi também nessa época que senti como a adminstração de uma empresa influencia diretamenta na qualidade do seu produto final, no caso da COEM, os projetos de consultoria. E o que isso tem a ver com o Fórmula? Tudo.
Quando acabou meu período de gerente, senti que queria fazer algo novo, grande e que me tirasse da zona de conforto. Por coincidência ou não, o Eduardo Baggio estava juntando outros colegas do nosso curso para começar um projeto do zero, o Fórmula. Conversando com pessoas de outros projetos e alguns professores, descobrimos que era quase impossível fazer esse projeto. Basicamente porque era muito caro e não tínhamos apoio nenhum da universidade, além do projeto do carro ser muito complexo para alunos dos primeiros anos da faculdade. Pareceu-me perfeito. Por sorte (não acredito muito nela) tivemos outros membros que decidiram abraçar esse desafio, como o Eduardo Sasaki, um apaixonado por carros e por metas, e o Gustavo Novak, o mestre dos projetos.
No início do projeto começamos a estruturar a equipe e um dos cargos que definimos foi o de diretor administrativo, que iria cuidar das gerências de recursos humanos, marketing e financeiro. De prontidão quis abraçar a diretoria, pois lá eu teria como aplicar tudo o que eu tinha aprendido na empresa júnior e poderia implementar um turbilhão de ideias que estavam na minha cabeça. Graças aos gerentes Henrique Rolo (recursos humanos), Eduardo de La Vega (financeiro), Igor Esteves e Carlos Eduardo (ambos do marketing) tivemos resultados incríveis em todas as áreas. De certa forma foi engraçado para mim, porque eu sempre acabava caindo em uma área administrativa e nunca em uma área mais técnica. Aos poucos fui descobrindo em qual vertente da engenharia eu gostaria de seguir carreira.
Mas como foi o começo do projeto? Uma zona. Tivemos que definir estrutura da equipe, tivemos que definir responsabilidades de cada membro, tínhamos que descobrir o que cada função tinha que efetivamente fazer. O que fizemos? Decidimos que teríamos uma empresa e não uma equipe. Entendemos que só assim seríamos organizados o suficiente para bater todas as metas e dar continuidade ao projeto após a saída dos fundadores. Esse projeto não era e não é nosso. Esse projeto é dos alunos da UFPR que querem se desenvolver. Então, posso dizer que foi extraordinário poder definir Missão, Visão e Valores. Colocar na cabeça de cada membro que tínhamos um sonho em comum e que sonhar juntos nos levaria mais longe. Mas como motivar 50 membros sem ter nem uma roda de carro?
Fizemos nossa primeira rifa e com muito esforço compramos nosso primeiro motor. Foi a nossa primeira conquista! Um motor antigo da Honda. Foi bizarramente motivador aquilo. Todos queriam ver o motor ligar (no Facebook tem um vídeo ridículo que fizemos do motor ligando pela primeira vez, e nos orgulhamos muito desse momento). Aos poucos fomos tendo mais e mais conquistas e fomos provando que o carro não era impossível. Provamos que era possível sim ser patrocinado por uma pizzaria (3 pizzas por semana foi uma dádiva da Dom Augustinho). Provamos que éramos organizados suficientemente para convencer a Renault a apoiar um grupo de estudantes sem experiência e sem nenhuma garantia de que teríamos um carro. Provamos, junto a Novak Consultoria, que ter um CNPJ era possível para uma equipe iniciante.
Tivemos inúmeras derrotas, viramos muitas noites trabalhando, passamos vários feriados e fins de semana (namoradas e familiares não ficavam tão felizes) para conseguir projetar, ter dinheiro e construir um carro estilo Fórmula. No final de 2016 tivamos o roll-out do RM-01, nosso primeiro carro. Conquistamos a melhor colocação entre os iniciantes e ficamos em 20° colocado das 40 equipes participantes. Terminamos o ano exaustos. Tínhamos suado, chorado, sangrado e elevado o nosso estresse juntos, mas terminamos o ano com um sentimento de vitória e de dever cumprido. E esse resultado conquistado foi pelo trabalho dos mais de 50 membros, pelo apoio de mais de 30 patrocinadores e muito do nosso professor orientador, o Prof. Erthal.
Entre 2017 e 2018 estagiei no exterior, trabalhei no Institudo Fraunhofer na Alemanha e tenho plena ciência de que um dos meus grandes diferenciais para ser aprovado foi ter participado desse projeto. Quando voltei ao Brasil, decidi que seria importante fazer mais um estágio antes de me formar. Em todas as entrevistas, senti que eu ainda me diferenciava pela experiência no projeto. Não posso dizer que é melhor trabalhar no Fórmula do que em uma empresa no exterior ou na empresa júnior ou nos outros projetos da faculdade, mas posso dizer que ter caído de cabeça no Fórmula, me proporcionou uma bagagem que vou continuar usando por muito tempo. Hoje, estagiando na Ambev, sinto como foi importante para o meu trabalho a dedicação que eu tive. Planejar e executar projetos, trabalhar em equipe, solucionar problemas é o que preciso fazer no meu dia a dia e nisso o UFPR Fórmula me treinou.
Mas mais do que estar feliz com o meu currículo, sou extremamente grato pelos amigos que o projeto me proporcionou. Além de ser extremamente gratificante ver ano após ano o projeto evoluindo (estamos no nosso 4° carro a combustão e no 2° carro elétrico), impactando positivamente a vida de centenas de alunos da engenharia e de outros cursos da UFPR.