Me chamo Henrique Trivisan Rolo, tenho 23 anos e no momento que escrevo este texto estou a 1 mês para me formar! As emoções são as mais diversas, muita alegria por estar completando essa etapa, uma certa ansiedade para começar a minha vida profissional, uma vontade de buscar novos desafios, e também uma parte de tristeza por essa fase da minha vida estar acabando. O UFPR Fórmula me proporcionou diversas dessas emoções, com certeza as mais intensas e que deixarão mais saudade.
Entrei na faculdade no primeiro semestre de 2013. Sim, já faz 6 anos e meio! Mas entrei com meus dias “contados”. Passaria um semestre e iria fazer um intercâmbio cultural na Alemanha morando em casas de família. Por isso os primeiros seis meses foram curtos e intensos. Quando percebi, já estava no avião indo para Alemanha. Foi um ano espetacular, múltiplas memórias maravilhosas, aprendi alemão e melhorei meu inglês, conheci pessoas do mundo inteiro e suas culturas, e tive um desenvolvimento pessoal enorme.
Quando retornei ao Brasil, estava certo de continuar meu curso de engenharia mecânica e procurar um lugar para fazer estágio. Não pensava em entrar em um projeto universitário ou fazer uma iniciação científica, mas sim em começar minha experiência em empresas. Embora, na época, eu tenha ficado triste por não conseguir um estágio, hoje sou muito feliz, pois isso me proporcionou ser parte dessa equipe. Era início de setembro de 2015, as aulas tinham acabado de recomeçar, e um grupo de amigos tinha oficializado a fundação do projeto UFPR Fórmula. Eram alunos e pessoas que eu admirava, e no intervalo das aulas sempre iam ao nosso box para montar um chassi de PVC. Nas primeiras vezes, fui até a porta do laboratório e fui embora, depois fui conhecer esse tal chassi de PVC, em seguida me pegava já dentro do laboratório passando ferramentas e segurando os tubos. Até o momento que percebi que estava extremamente interessado em participar desse desafio de construir pela primeira vez esse carro na UFPR. Conversei com meus amigos e eles me falaram que nas próximas semanas seria realizado o processo seletivo para a entrada de novos membros. Me inscrevi para a vaga de RH e logística.
Realizei o processo seletivo e fui aprovado! Fiquei muito animado. Marquei a minha primeira reunião para o dia seguinte com o meu diretor, que era e é um grande amigo meu. No dia seguinte, nos encontramos para a aula, ele me parabenizou e após a aula fomos conversando para a sala da reunião. Estava muito tranquilo, até o momento de entrar na sala. Foi quando me bateu um nervosismo que nunca havia tido. Era meu amigo na minha frente! Mas ele me passava minhas tarefas, perguntava minhas ideias, e o que eu queria realizar no projeto. Parecia que havíamos virado a chave de dois amigos conversando para dois futuros profissionais conversando sobre o futuro de uma empresa. Foi então que percebi o porque do meu nervosismo: essa foi a minha primeira reunião profissional! E por mais que ele jure que não percebeu meu nervosismo, nunca vou esquecer o quanto estava nervoso aquele dia.
Passadas algumas semanas no projeto, algumas ideias começando a ser implementadas, chega o meu primeiro grande desafio: dar o feedback para um diretor fundador do projeto de que ele não estava atingindo as expectativas. Logo pensei “quem sou eu para dar um feedback desses?” Só tinha algumas semanas de projeto e este diretor era um dos fundadores. Mas então entendi a importância do feedback, tanto para a equipe, quanto para esse membro. Procurei estudar como passar o que estava acontecendo e o que ele podia fazer para melhorar. A conversa foi bem mais fácil e prazerosa do que eu imaginava. Nesse dia também recebi um feedback sobre o meu trabalho e saímos da reunião mais motivados e com diversas ideias.
Chegou o final de ano e decidimos restruturar a nossa equipe para podermos dividir melhor as responsabilidades de cada membro e as tarefas de cada gerência. Recebi a informação que seria gerente de RH e logística, e fiquei extremamente feliz! Sempre foi meu sonho poder trabalhar com gestão de pessoas e ser líder de uma equipe. Aceitei esse desafio e comecei a me dedicar para saber como ser um bom líder, como passar e cobrar tarefas.
Este novo ano foi extremamente gratificante. Fui responsável, junto a minha equipe, a implementar um sistema de gerenciamento e planejamento, fazer o acompanhamento dos membros, organizar diversos eventos, treinamentos e processos seletivos. E com o passar do tempo, me sentia cada vez mais confortável em planejar, executar e avaliar projetos com a minha equipe.
Após o ano de trabalho, enfim chega dezembro de 2016 e a nossa primeira competição Fórmula SAE BRASIL. A euforia era enorme. Estávamos fazendo história dentro da UFPR. Competimos, cometemos alguns erros e vários acertos. Entretanto, voltamos a Curitiba com a nossa missão cumprida. Fomos a melhor equipe iniciante e, mais importante, aprendemos muito sobre a competição, expandimos o nosso networking e sabíamos o que fazer para melhorar no ano seguinte.
Nessa volta, eu também estava decidido a me tornar o capitão do projeto. Me candidatei ao cargo e fui eleito. E aí veio o ano de 2017, o mais desafiador e gratificante da minha vida. Nesse ano, pude participar do início do planejamento do carro elétrico, reforcei e criei laços do projeto com diversos parceiros, representei o projeto em apresentações e eu dei meu melhor para ser o líder de uma equipe de mais de 80 membros. Foi espetacular. A equipe conseguiu melhorar muito o seu nível de qualidade e desempenho. Chegamos na competição com um carro lindo, sabendo que tínhamos muito potencial. Dessa maneira, melhoramos todas as nossas notas de relatórios, completamos pela primeira vez uma prova dinâmica e melhoramos nossa posição em relação ao ano anterior.
Retornamos para Curitiba e tive uma semana para pensar antes da minha última reunião como capitão do UFPR Fórmula. Cheguei a conclusão de que em dois anos e meio de projeto pude trabalhar com muitas pessoas que cresceram profissional e pessoalmente, enfrentaram seus medos, buscaram novos desafios e correram atrás de seus sonhos. Então percebi que o projeto estava cumprido a sua missão. O objetivo principal do projeto não é participar da competição, mas sim de criar profissionais diferenciados para o mercado de trabalho. Duas semanas após me despedir da equipe, voltei para Alemanha onde fiz um estágio de um ano e minha pesquisa de TCC. Algo que consegui em grande parte devido a minha experiência no UFPR Fórmula. Em fevereiro de 2019, retornei ao Brasil para fazer meu último semestre de faculdade e enfim me formar.
A equipe UFPR Fórmula foi um marco na minha vida. Foi meu primeiro trabalho, onde percebi a importância do profissionalismo, onde eu aprendi a diferenciar a minha vida pessoal da profissional, onde eu compreendi o poder e a importância da comunicação, onde eu aprendi a desenvolver projetos em equipe e onde fiz muitos amigos para a vida. Sei que o projeto UFPR Fórmula ajudou a formar a pessoa que sou hoje e o profissional que serei, portanto sou extremamente grato pelos meus aprendizados e memórias no UFPR Fórmula.