conhecimento (cognition), juízo e objetividade

Conhecer é, grosso modo, ter consciência de como as coisas estão.

Ao utilizarmos a palavra "conhecimento (cognition)" estamos nos referindo a conhecimento real, i.e. conhecimento de uma realidade independente (do mero perceber), i.e. um conhecimento de um mundo independente objetivo.

Juízo é o ato mental (ou o resultado desse ato mental) de conectar representação para julgar (i.e. 'pensar ou dizer') "as coisas são assim".

Em contraste com a ideia que poderíamos ter consciência de um conteúdo sem um julgar (e.g. consciência do conteúdo de nossas “ideias cartesianas”, sem emitir um juízo); para Kant, o mínimo conhecer (cognition) possível não ocorre até “pensarmos ou dizermos” certo predicado de um objeto – i.e. não há conhecer (cognition) até julgarmos. (p. 132-3) Ou seja, não há cognição mais básica que o julgar.

Ou seja, para Kant, um mente cognoscente discursiva é, essencialmente, uma mente que julga. Logo, conhecer é julgar. Podemos entender que: conhecer (cognition) é ter consciência de, e fazer asserções (juízos) de como, as coisas estão e ser capaz de tirar inferências disso.

OBS. O holismo kantiano é exemplificado por sua defesa de que os juízos são logicamente anteriores aos conceitos. Kant defende que os conceitos são essencialmente predicados, então a noção de conceito só se torna inteligível se antes tivermos a noção de juízo (p.132).

OBS. Na interpretação de Dickerson, a apercepção de uma intuição é uma síntese espontânea pela qual o sujeito compreende a intuição como representando um determinado objeto. Logo, não há conteúdo disponível a nossa consciência até que ocorra a síntese da apercepção. E como a apercepção é holística, juízos são as unidades mínimas (basic units) do conhecimento (cognition). Isso significando que a síntese da apercepção resulta em um juízo (i.e. em um conhecimento [cognition] sobre o mundo como estando de determinada maneira) (p. 132-3).

OBS. Para Dickerson, o menor ‘pedacinho’ de consciência possível é o conhecimento de um objeto (e, portanto, um juízo). Não existe consciência de nenhuma representação que seja logicamente anterior a isso da onde, supostamente, derivaríamos o conhecimento de um objeto por combinação (p. 137).

OBS. Nosso conhecimento envolve tanto receptividade (ao receber impressões, o sujeito é determinado de certas maneiras), quanto espontaneidade (o sujeito, de alguma forma, determina sua experiência). (p. 35)