1.3. Apresentação do argumento

Para explicarmos mais rapidamente a interpretação de Dickerson a alguém, primeiro, precisamos apresentar certos conceito chaves. Os três conceitos principais são: (i) mente discursiva, (ii) ato de apercepção e (iii) conhecimento [cogniton].

Explicar o conceito de mente discursiva é fundamental, pois, na interpretação de Dickerson, a Dedução transcendental é basicamente uma argumento que analisa o conceito de mente discursiva.

A maneira como Dickerson entende apercepção é, talvez, a parte mais original e, por isso, precisa ser cuidadosamente distinguida de outras interpretações correntes.

Quanto ao conceito de conhecimento [cognition] é a maneira como um ser com mente discursiva conhece o mundo. Nesse ponto podemos elucidar o conceito chave de objetividade, ou seja, de conhecimento [cognition] com validade necessariamente universal (que é distinto de validade universal). Aqui também já podemos adiantar a tese kantiana de que uma mente discursiva é essencialmente uma mente que julga.

E, relacionando os três conceitos: conhecimento discursivo é a forma que um ser de mente discursiva conhece um mundo. Isto é, conhecimento mais simples possível é (através do) juízo, i.e. juízo com validade objetiva. E trazer uma representação inconsciente a consciência, pelo ato de apercepção, é (no mínimo) julgar, i.e. o ato de apercepção é usar uma modificação da sensibilidade para pensar um objeto. E isso mostra como as duas faculdades (sensibilidade e entendimento) da mente discursiva se relacionam no processo do conhecimento.

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