explicando melhor: unidade complexa

O que (A) diz é bastante fácil de entender.

Se um objeto dado pelos sentidos fosse absolutamente simples, ele não teria partes. Entretanto, nós sempre apreendemos um ente sensível (i.e. físico) como tendo partes, como tendo uma multiplicidade de partes. Pois qualquer objeto no espaço e tempo pode ser dividido em, potencialmente, um número infinito de partes. Logo, qualquer objeto no espaço-tempo é não simples, i.e. é complexo.

Por exemplo, um lápis. Suponha que ele tenha sido olhado de vários ângulos (de frente, de lado, de longe, de perto, em diversas iluminações etc.) e, portanto, produziu representações diversas (ele pareceu pequeno, grande, largo, escuro, mais claro etc.). E, como ele foi manuseado por um intervalo de tempo, ele pode ser entendido como um composto de lápis-no-tempo-1, lápis-no-tempo-2, lápis-no-tempo-3 etc. (Ele tem, também, uma cor, um marca particular escrita em um dos lados, ele produz um sensação de "peso", uma textura, um cheiro etc.) Ou seja, ao observamos uma lápis por cinco segundos, notamos que esse objeto possui, claramente, uma diversidade de partes. Isto é, esse objeto é uma representação complexa composta de um múltiplo de representações componentes.

Em outras palavras: a apercepção de uma intuição (i.e de um objeto sensível) é a apercepção de um múltiplo unificado (i.e. de uma unidade complexa) de representações.

Agora, explicando (B).

É claro que nós apreendemos um objeto sensível não apenas como complexo. Ele não é só como uma multiplicidade separada, como várias partes sem relações entre si; mas, sim, como sendo um objeto, como formando uma unidade. Além de ser complexo, o objeto é compreendido como uma unidade. Em outras palavras, nós apreendemos um objeto como sendo uma unidade complexa.

Logo, para que o sujeito possa aperceber uma representação complexa unificada, ele precisa ser capaz de aperceber todas as representações componentes como formando uma unidade.

(B) é uma proposição analítica (chamado 'princípio da unidade da apercepção') e afirma o seguinte :

Todas as representações compondo uma intuição minha precisam ser aperceptíveis por mim como formando uma unidade.

Repetindo. (B) Todas as representações compondo uma intuição minha precisam ser aperceptíveis por mim como formando uma unidade representacional complexa (= uma representação complexa unificada).