COMO DRIBLAR O NERVOSISMO NO TRÂNSITO

COMO DRIBLAR O NERVOSISMO NO TRÂNSITO

Como driblar o nervosismo no trânsito — um mal que atormenta milhões de brasileiros.

Por Carolina Valadares:

Diariamente, milhões de indivíduos enfrentam uma verdadeira guerra de nervos nas ruas das maiores capitais do país. Engarrafamentos gigantescos, buzinas ensurdecedoras, discussões acaloradas conduzem os motoristas a um único destino: o da crise nervosa. Esse cenário conturbado preocupa boa parte da população. Segundo uma pesquisa da Universidade de São Paulo, a violência no trânsito ocupa o quarto lugar entre as agressões que mais incomodam os habitantes das grandes cidades. É difícil escapar da agitação urbana, mas com atitudes simples é possível acender o sinal vermelho e brecar o estresse. 

Às vezes, o estresse dobra a esquina da violência: 

Os especialistas são unânimes: enfrentar o trânsito todo dia por horas a fio é um atalho para o aparecimento do estresse. Ao dirigir, a pessoa entra em contato com inúmeros estímulos. Precisa lidar com as condições da pista, do clima, com os veículos e com os pedestres — sem contar o risco de assalto em cruzamentos. 

O panorama se torna ainda mais dramático em cidades como São Paulo, onde a angústia nas ruas e avenidas virou rotina. De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego da capital paulista, os engarrafamentos chegam a 117 quilômetros entre 17 e 20 horas. 

O carro como armadura:

Nesse quadro atordoante entram em ação a personalidade e a situação de cada motorista. Se ele estiver cheio de preocupações, será possível que se exalte no primeiro obstáculo — uma fechada brusca, por exemplo. Além de prejudicar a própria saúde, irá descarregar a raiva nos outros. Que ficarão mais estressados... Esse desastre em cadeia é comparável a um engavetamento. 

Para a psicóloga Cecília Bellina, de São Paulo, especializada no tratamento de traumas e inseguranças no trânsito, o comportamento agressivo de certos motoristas se deve ao fato de que eles se sentem protegidos pelo veículo que dirigem e perdem, assim, a identidade. Resultado: sinal verde para a violência. “Daí que, no trânsito, estamos mais vulneráveis, expostos a humilhações” , diz ela. 

A falta de paciência das pessoas e o medo de discussões nas ruas foram os motivos que fizeram a analista contábil paulistana Olga Bernardo parar de dirigir em 1998. Hoje, aos 36 anos, ela voltou a pegar no volante graças à terapia. “Eu tinha pavor de guiar. Só retomei o hábito por causa do meu filho, que está com 1 ano”, conta. 

Para não bater de frente na sua saúde:

Há quem reaja bem à loucura. É o caso do engenheiro eletricista Oswaldo Boccia, de 45 anos, que anda em média 200 quilômetros por dia visitando obras em São Paulo. “Como faço parte de um coral, aproveito as horas em que estou parado para cantarolar”, conta ele. Para fugir dos congestionamentos, Oswaldo planeja seu trajeto com antecedência e tem sempre em mente um caminho alternativo.

Na opinião do psicólogo Paulo Gaudêncio, de São Paulo, ficar parado ao volante pode ser tão bom quanto estar numa praia. “Tudo depende da forma como a pessoa encara a situação”, diz. “Temos que aprender a conviver com o trânsito como ele é. O que estressa é a gente não poder se comunicar com quem marcou um compromisso. Para isso basta pegar um celular e avisar do atraso.” A sugestão é válida. Lembre-se, porém, de usar o viva-voz. Se não fizer isso, você ganha uma nova fonte de estresse: uma merecida multa. 

fonte: revista Saúde

Pesquisa: Dra. Elaine Marini