Amor Patológico: O Amor no Banco dos Réus

Amor Patológico: O Amor no Banco dos Réus

14/01/2013

Escrito por: Claudia Valéria Martins Jorge

Resumo: O presente artigo, que está inserido dentro do referencial teórico do tipo pesquisa histórica ou conceitual proposto por Mezan visa, através de revisão literária, realizar um estudo sobre o amor patológico, primeiramente fazendo um breve resgate histórico sobre o amor, o amor romântico, bem como sua posição sob a ótica da psicanálise. Partindo, então, para tentar elucidar os principais elementos que configuram as questões sobre o porquê o amor perde seu caráter generoso para atuar a serviço do narcisismo e da baixa autoestima de quem ama, assim também, como este deixa de ser prazeroso e passa a restringir a possibilidade de viver sem amarras. Avaliando os conceitos de como este nobre sentimento tornou-se patológico ingressando, assim, num turbilhão de emoções devastadoras, que se transforma num misto de rejeição e insegurança, posse e castigo, carência e ciúme, vingança e desespero.

Palavras-chave: amor; história; psicanálise; amor patológico.

1. Introdução

Existe, e sempre existirão, pessoas que sofrem por não ter reciprocidade no amor. Mas, neste caso não cabe uma abordagem psicopatológica. Trata-se de uma das muitas frustrações da vida humana normal. Entretanto, quando nos deparamos com formas de sofrimento advindo desse mesmo amor, que é versado em prosa e poesia, que inspira grandes pensadores em suas obras, como nas grandes óperas que, aliás, são consideradas estupendas por seus finais trágicos, está qualificado o amor patológico como ferida que dói e que se sente.

O verbete que corresponde à definição de amor no dicionário talvez seja um dos mais extensos da obra. Do latim amore é definido como a emoção que predispõe alguém a desejar o Bem a outra pessoa ou coisa; como sentimento que impulsiona o indivíduo para o belo, digno ou grandioso; grande afeição de uma pessoa a outra do sexo oposto; ligação espiritual, amizade; desejo sexual, e tem sido descrito há séculos por estudiosos de várias áreas do conhecimento (MICHAELIS, 1996).

A pluralidade de entendimentos sobre o termo amor está relacionada aos diferentes objetos de amor e às diferentes finalidades que o amor pode vir a apresentar. Relacionando aos objetos de amor, que podem ser alvo do amor humano, temos: Amor a Deus; Amor à ciência; Amor à sabedoria (filosofia); Amor platônico; Amor à pátria; Amor à si mesmo (autoestima); Amor materno; Amor fraterno; Amor romântico. As intenções do amor também podem ser distintas, desde a satisfação do desejo sexual até o chamado “amor puro” dos teólogos, que é totalmente abnegativo e visa o próprio Deus como o objeto de amor.

Dentre os objetos e intenções possíveis ao amor, podemos encontrar um ponto em comum nessa intenção a se unir ao outro: é o desejo de possuir o outro de maneira contínua e mesmo de constituir um todo com ele. Todos os tipos de amor também são análogos pelo fato de levarem o sujeito para um objeto considerado como bom. Nesse artigo o foco será o amor romântico, cujo objeto de amor é o parceiro e a intenção é a sustentação do vínculo afetivo.

Dentro do tema amor romântico, será dada ênfase especialmente ao aspecto psicopatológico do amor, que ocorre quando existe falta de controle sobre essa conduta, chegando ao ponto de se tornar excessivo e obsessivo. Deste modo, o objetivo aqui é focalizar alguns aspectos sobre pessoas que sofrem com e por amor através de atitudes e mecanismos emocionais patológicos, como por exemplo, os sofrimentos causados pela paranóia do ciúme patológico; pelos delírios passionais; crimes passionais; a co-dependência mantida pelo amor doentio; o comportamento obsessivo, e assim por diante. Pessoas com autoestima empobrecida podem estar constantemente insatisfeitas com o amor, normalmente por não se sentirem tão correspondidas como desejavam, por não sentirem a reciprocidade esperada, por sentirem a ameaça do abandono, ou outros sentimentos de perda. Existem ainda relações amorosas claudicantes, onde a pessoa que ama não deseja apenas o outro, mas deseja também o desejo do outro, o sentimento do outro e tudo o que possa estar ocorrendo na intimidade psíquica do outro.

Diante da impossibilidade de apossar-se do sentimento alheio, a pessoa que ama sofre, pois o outro pode não estar sentindo aquilo que se deseja que sinta, pode não estar pensando justamente aquilo que se deseja que pense. Na medida em que as pretensões de controle sobre os sentimentos da pessoa amada não são contidas, não são ponderadamente refreadas, surge uma imperiosa inclinação para a posse, para o domínio da pessoa amada. Vemos assim, que são atitudes desse porte, que fogem ao controle e escapam da razão, tendo como veículo de inspiração o amor, que estão colocando esse nobre sentimento no banco dos réus.

Fonte: http://artigos.psicologado.com/abordagens/psicanalise/amor-patologico-o-amor-no-banco-dos-reus#ixzz2HzcfKO00

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