AS PSICOLOGIAS COMO MODELOS

AS PSICOLOGIAS COMO MODELOS

Para o psicanalista, as forças intrapsíquicas são os determinantes de importância, enquanto os comportamentalistas enfatizam o papel do reforço ambiental.

Assim quem busca uma modificação particular provavelmente vai encontra-la. Pôr exemplo, o analista freudiano em busca da libido sexual como principal motivador, o analista adleriano que procura anseios de superioridade e comportamentalista que examina à cata de reforços ambientais tem grandes possibilidades de sucesso em sua atividade.

As experiências místicas tem sido entendidas como “regressões neuróticas `a união com o seio”, os estados de êxtase vistos como “neuroses narcisista”, e a iluminação descartada como regressão a estágios intra-uterinos.

Em conseqüência, não se espera que o modelo transpessoal substitua ou conteste forçosamente a validade de modelos precedentes, esperando-se antes que ele os situe num contexto ampliado da natureza humana. Pôr exemplo, como a psicologia transpessoal reconhece uma abrangente organização hierárquica de motivos, incluindo os de reconhecimento comum, como o sexo e os anseios de superioridade, os modelos freudianos e adlerianos podem ser considerados adequados a níveis particulares da hierarquia de motivos.

A Evolução da Psicologia Ocidental e o Surgimento da Perspectiva Transpessoal:

A psicologia transpessoal surgiu pôr volta dos anos 60, e as três primeiras forças da psicologia ocidental – o comportamentalismo, a psicanálise e a psicologia humanista, fossem limitados em seu reconhecimento dos níveis superiores de desenvolvimento psicológico.

Gordon Allport, “nada temos em matéria de psicologia da libertação”. De fato, as obras completas de Freud contêm mais de quatrocentas referências à neurose e nenhuma saúde. Pôr essas razões, alegava-se que os modelos comportamentalista e psicanalítico, embora tivessem dado grandes contribuições, também produziram certas limitações para a psicologia e para os nossos conceitos de natureza humana.

A medida que se tornaram disponíveis dados acerca dos limites mais amplos do bem estar, foi se tornando ainda mais evidente a ausência de diretrizes relevantes na psicologia ocidental tradicional. Na verdade, o próprio modelo humanista começou a mostrar falhas E até o conceito de auto-realização mostrou-se incapaz de abarcar os limites mais amplos, recém-reconhecidos, da experiência.

Abraham Maslow, considera a psicologia humanista, a psicologia da terceira força, transitória, uma preparação para a Quarta psicologia ainda mais forte; transpessoal, transumana, centrada no cosmos e não em necessidades e no interesse humanos, que vai além da condição humana, da identidade, da auto-realização, etc.

Fatores que facilitaram o surgimento da Psicologia Transpessoal:

O reconhecimento inicial da inadequação do sonho materialista levou algumas pessoas a começarem a procurar em seu próprio interior a fonte de satisfação negadas pelos esforços exteriores. Essa mudança resultou no movimento do potencial humano, que levou os praticantes da saúde mental a uma reavaliação dos seus conceitos de saúde e de motivação.

Um grande numero de pessoas, passaram a ter experiências extraordinariamente poderosas de uma gama de estados de consciência que iam além do domínio da vida cotidiana; mudanças graduais de percepção entre indivíduos que dedicaram a maior parte de sua vida a disciplinas contemplativas, meditativas ou religiosas. De repente, o que durante séculos parecia aos ocidentais serem coisas místicas, arcanas, sem sentido e até não existentes, tornou-se esmagadoramente real e, pôr vezes, central na vida de uma significativa minoria.

Muitos desses indivíduos desenvolveram intuições dignas de consideração quanto à possível validade e importância de certas psicologias e religiões não ocidentais. Com a evolução da compreensão teórica dos estados alterados de consciência, houve um gradual reconhecimento de que essas tradições representavam tecnologias destinadas à indução de estados de consciência mais elevadas. Evidenciou-se pouco a pouco que a capacidade para estados transcendentes, que poderia ser interpretada tanto religiosa como psicologicamente, e as profundas intuições quanto ao eu e ao relacionamento com o mundo, que acompanhavam esses estados, estavam latentes dentro de todos nós.

Falar de estados alterados de consciência, unidade mística, intuição profunda da natureza do ser, expansão da identidade para além do ego e da personalidade pode fazer pouco sentido para quem não teve experiência semelhante.

Vista de uma perspectiva contemporânea, a “psicologia é primariamente a ciência da consciência”. Seus estudiosos lidam com a consciência de modo direto quando possível e de modo indireto, pôr meio do estudo da fisiologia e do comportamento, quando necessário”. Nos últimos anos, parece estar ocorrendo uma passagem gradual para uma posição mais equilibrada que reconhece tanto a importância da consciência como as dificuldades que a ciência ocidental enfrenta para investiga-la indiretamente.

Perspectivas em Psicologia, Realidade e o Estudo da Consciência:

Segundo Daniel Goleman, os ensinamentos religiosos do oriente contêm teorias psicológicas, do mesmo modo como as nossas psicologias refletem cosmologias. No contexto de suas respectivas cosmologias, essas psicologias tradicionais do Oriente são iguais às nossas, não em termos de uma adequação “empírica” determinada pelos cânones dos procedimentos da ciência empírica, mas como esquemas interpretativos aplicáveis aos fenômenos da experiência cotidiana.

Berger e Luckmann em 1967, observam que na medida em que as teorias psicológicas são elementos da definição social da realidade, sua capacidade de geração da realidade é uma característica que compartilham com outras teorias legitimas. Se, se torna socialmente estabelecida, uma psicologia tende a impor-se aos fenômenos que pretende interpretar. As psicologias produzem uma realidade que vem a servir de base para a verificação das próprias psicologias.

O domínio de muitas psicologias tradicionais abrange o território familiar da consciência desperta normal, mas também abarca estados de consciência de que o Ocidente só nos últimos tempos veio saber; cuja a existência pode ainda permanecer um mistério para a maioria dos psicólogos e leigos ocidentais que deles não ouviram falar nem os vivenciaram.

Chamada de várias maneiras “iluminação”, “ estado de Buda”, “libertação”, “estado desperto”, etc., essa experiência simplesmente não tem nenhuma categoria plenamente equivalente na psicologia contemporânea.

Dra. Elaine Marini