A terminologia proposta por Morton et al. (1995) é reflexo dos estudos de ontogenia comparativa em diversos gêneros dentro do Filo Glomeromycota, considerando que a morfologia pode ser definida emipiricamente por padrões e processos durante o desenvolvimento. Estes estudos foram feitos para (1) determinar a estrutura fenotípicas discretas dos esporos baseado na sua origem espacial e temporal, (2) definir os estados de transformações dessas estruturas da sua origem até sua maturidade, e (3) relações com estruturas vizinhas.
Os estudos resultaram na proposta de um modelo de desenvolvimento dos esporos que demonstra que a diferenciação e transformação dos caracteres subcelulares segue uma sequencia ordenada hierarquicamente (caracteres primários, secundários e terciários). Os caracteres primários se referem a parede do esporo, paredes germinativas e estruturas de pré-germinação. Os caracteres secundários se referem as distintas camadas (que correspondem as paredes na terminologia de Walker 1983) diferenciadas na parede do esporo e nas paredes germinativas e as características presentes nas estruturas de germinação (cor, forma, margem). Finalmente, os caracteres terciários se referem as características de cada camada, tais como cor, plasticidade, espessura, reação ao Melzer, tipo e dimensão das ornamentações, etc.
As evidências dos estudos ontogenéticos até o momento (Franke & Morton 1994, Stürmer & Morton 1997, Stürmer & Morton 1998, Bentivenga & Morton 1995, entre outros) indicam que este modelo é universal dentro do Filo Glomermycota. O desenvolvimento hierárquico implica a presença de restrições na variação morfológica dos caracteres. O modelo também indica que as diferenças entre espécies residem principalmente nos características encontradas na parede do esporo. Por exemplo, as diferenças morfológicas entre as espécies de Gigaspora são devido a cor e ao tamanho do esporo, características estas associadas a parede do esporo. Outro exemplo é o gênero Racocetra, cujas espécies compartilham uma única parede germinativa com duas camadas e a diferença entre elas residem na presença ou ausência de ornamentação, tipo de ornamentação, cor e tamanho do esporo, etc.
Assim, podemos identificar nesta terminologia os seguintes caracteres formando os esporos de FMAs:
1) PAREDE DO ESPORO: estrutura que se origina da hifa fértil e se diferencia durante o crescimento do esporo. Formada por 2 a 4 camadas que diferenciam propriedades como cor, rigidez e espessura, reação ao Melzer, etc.
2) PAREDES GERMINATIVAS: estrutura discreta formada por camadas que surgem de novo depois que a parede do esporo se diferenciou e o esporo alcançou seu tamanho final. Formada por 2 ou 3 camadas que diferenciam propriedades como cor, rigidez, espessura, reação ao Melzer, etc.
3) ESTRUTURAS DE PRÉ-GERMINAÇÃO: estruturas formadas como requisito para formação do tubo germinativo. Difere em design e posição de acordo com os gêneros.
A terminologia apresentada por Morton et al (1995) é baseada num processo biológico relevante, qual seja, a ontogenia dos esporos e embasada através de estudos comparativos de diferentes gêneros dentro do Filo. Desta forma é adotada para a descrição das espécies nas páginas da CICG.
Referências
Bentivenga, S.P. & Morton, J.B. 1995. A monograph of the genus Gigaspora, incorporating developmental patterns of morphological characters. Mycologia 87: 720-732.
Franke, M. & Morton, J.B. 1994. Ontogenetic comparisons of the endomycorrhizal fungi Scutellospora heterogama and Scutellospora pelllucida: revision of taxonomic character concepts, species description, and phylogenetic hypothesis. Can. J. Bot. 72:122-134.
Morton, J.B., Bentivenga, S.P. & Bever, J.D. 1995. Discovery, measurement, and interpretation of diversity in arbuscular mycorrhizal fungi (Glomales, Zygomycetes). Can. J. Bot 73:
Stürmer, S. L. & Morton, J. B. 1997. Developmental patterns defining morphological characters in spores of four species in Glomus. Mycologia 89:72-8
Stürmer, S. L. & Morton, J. B. 1999. Taxonomic reinterpretation of morphological characters in Acaulosporaceae (Glomales) based on developmental patterns in two Acaulospora and one Entrophospora species.. Mycologia 91:849-857.