Arte Afro-brasileira

As Artes Cênicas podem colaborar para abordar o tema da Negritude no ensino de PCLE?


É fundamental poder abordar a negritude como um tema transversal durante os processos de ensino-aprendizagem do Português como Cultura e Língua Estrangeira. Poder refletir sobre a formação cultural do Brasil com suas raízes africanas; perceber a presença sonora e simbólica dessas raízes nas transformações cotidianas do português brasileiro; dar espaço para se trabalhar em sala de aula no sentido de se produzir a compreensão do racismo estrutural que atravessa o Brasil; procurar colaborar com a reflexão e produção de ações concretas, cotidianas, para que possamos produzir num futuro, ainda que longínquo, a erradicação do racismo - podem se constituir como eixos organizadores para programar propostas pedagógicas de suma importância.

Mas como podemos abordar esses temas que a experiência em sala de aula vem nos mostrando o quantum de tato e cuidado para tratá-los?

Os jogos dramáticos podem funcionar como um recurso valioso nesse sentido. Propor exercícios de improvisação criando personagens, quando há condições de desenvolver tais dinâmicas, podem colaborar para tratar, refletir e buscar colocar estereótipos em movimento. Quando não há condições de se trabalhar com improvisações, o trabalho com a palavra é um grande recurso. Ler em voz alta é uma prática que vem sendo tomada como algo menor e é de fundamental importância no ensino-aprendizagem de uma língua estrangeira. Trabalhar detidamente na produção fonológica de cada estudante, poder trabalhar entonação, projeção de voz, matizes interpretativos a partir de contos, poemas, trechos de obras teatrais são exercícios que não são mais esquecidos pelos estudantes, porque entra em cena a aprendizagem corporal.

Preparar e ampliar a escuta, propiciar vivências com textos específicos a partir das possibilidades das Artes Cênicas e refletir sobre estas vivências posteriormente vem se confirmando como um tripé que sustenta práticas pedagógicas com um impacto positivo sobre os estudantes e a prática docente. Esta é a breve experiência que quero compartilhar com vocês.

Prof. Ana Terra Leme

Sugestões para o site, a partir de reflexões realizadas na disciplina “Taller de Teatro” com a Professora Ana Terra Leme.

"Foi somente na atualidade (a partir do séc. XX que se criou o termo “arte afro-brasileira”). Mas isso não quer dizer que antes não houvessem artistas ou manifestações artísticas que fizessem referências aos negros e à sua cultura. (...) Dito em outras palavras, a questão do surgimento de uma arte dita “negra” ou “afro-brasileira” pode ser avaliada desde que se estude a África, sua arte e sua história relacionada à exportação de artífices que desenvolveram novos modelos influenciados em algum nível com sua própria base materna e seus subsídios miscigenados aos ibéricos e indígenas, grupo com os quais estes artífices reformularam o design, a arte e a tecnologia do Brasil em construção".

Leia em: Arte Afro Brasileira (uma “pré”-história do conceito)

Indicações de filmes

Kiriku e a Feiticeira (francês: Kirikou et la Sorcière) é um filme de animação tradicional escrito e dirigido por Michel Ocelot em 1998.

Sinopse: Kiriku é um menininho nascido na África Ocidental. Tão pequeno, ele não chega aos joelhos de um adulto. O desafio que impõe seu destino, no entanto, é imenso: enfrentar uma poderosa e malvada feiticeira, que secou a fonte de água da aldeia, engoliu todos os homens que foram enfrentá-la e ainda roubou todo o ouro ali guardado. Para recuperá-lo, Kiriku enfrenta muitos perigos e se aventura por lugares onde somente pessoas pequeninas poderiam entrar.

Español - https://youtu.be/8Jod0ESmQg4 / Português - https://youtu.be/Q4IuNCxQ-gs

Sugestões de Atividades sobre o filme :

Projeto kiriku e a feiticeira de Beatriz Paulistana (Professora na Pré Escolar Municipal Cantinho do Saber)

Plano de aula: Cinema e Educação: Kiriku e a Feiticeira

Projeto kiricu e a feiticeira.pdf

Òrun Àiyé: A criação do mundo (2015)

O filme narra a história do vovô Bira (Carlos Betão), um griô que divide seus saberes com sua neta Luna (Fernanda Crescencio), que conta o mito iorubá da criação do mundo: como os deuses africanos Olodumaré (João Miguel), Orunmilá (Jorge Washington), Oduduwa (Fábio de Santana), Oxalá (Carlinhos Brown), Nanã e Exú interagem para criar a Terra e os seres humanos. Dirigido por Cintia Maria Jamile Coelho tem a duração de 12 minutos.


Saiba mais sobre o assunto:

Personalidade da cultura

2021: Centenário de Mercedes Baptista (1921 — 2014)

Mercedes foi uma bailarina e coreógrafa brasileira, a primeira negra a integrar o corpo de baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Responsável pela criação do balé afro-brasileiro, inspirado nos terreiros de candomblé, foi responsável pela consolidação da dança moderna do Brasil. Segundo a pesquisadora Mariana Monteiro, da UNESP: “Mercedes estruturou uma aula de dança afro, com barra, centro e diagonal. Criou uma gramática corporal específica, a partir da observação das danças do candomblé e do folclore e acabou sendo de enorme importância para o aperfeiçoamento dos bailarinos". Fonte.

Mercedes Baptista no seu balé folclórico, anos 1950. Arquivo Nacional

Escultura de Mercedes Baptista no Largo de São Francisco da Prainha (cidade do Rio de Janeiro) por rio Pitanguy

Ballet Folclórico Mercedes Baptista

“Mãos femininas que tocam tambor para Xangô”

Heitor dos Prazeres (Rio de Janeiro, 23 de setembro de 1898 — Rio de Janeiro, 4 de outubro de 1966) foi um compositor, cantor e pintor brasileiro.

Pintura sem título de Heitor dos Prazeres, 1962. Foto: Sérgio Guerini/Cortesia Almeida e Dale Galeria de Arte

Foto da capa: Enciclopédia Itaú cultural