Editorial






O Cineclube da Escola Artística António Arroio – Prof. Edgar Sardinha retoma a sua programação regular. Em mês de rentrée e para assinalar o regresso às aulas, convidamos toda a comunidade escolar e amigos para uma viagem que se constrói na aproximação entre dois fenómenos culturais: o rock e o cinema.

A música rock, muito provavelmente a par da invenção do cinema, foi a maior revolução cultural e social do século XX, tendo influenciado a vida de diversas gerações. Neste ciclo não veremos especificamente filmes sobre bandas ou concertos, mas procuraremos questionar como a estética, o modo de vida e a atitude de contestação social que a música rock adotou, nas suas mais variadas formas e estilos, se constituiu matéria-prima de narrativas cinematográficas.

A viagem inicia-se nos subúrbios da industrial e cinzenta Manchester, cidade mítica para a música moderna desde os finais dos anos 70 até ao final dos anos 80, com a projeção, no dia 16 de Outubro, de Control (2007), de Anton Corbijn. Acompanhando a vida de Ian Curtis, o cantor da banda Joy Division, Control é também um filme sobre os constrangimentos da vida da «working class» inglesa, a doença, as contradições existenciais e os demónios interiores que se transformaram em música intemporal.

Raccord. Desta vez, no dia 23 de Outubro, veremos Stroszek (1977), filme de culto do cineasta alemão Werner Herzog, o último filme que Ian Curtis viu horas antes de morrer. Filme sobre uma vida que poderia ser uma letra de uma música punk, Stroszek é a história de um músico de rua, alcoólico, ex-presidiário, desenraizado da sociedade e do mundo. Na companhia de uma prostituta e de um velho pianista, Stroszek decide ir para os Estados Unidos da América, a terra de todos os mundos, mas também de mundo nenhum.

Na História do Cinema é habitual muitas canções se celebrizarem por terem sido escolhidas para filmes ou porque foram compostas originalmente com esse objetivo. No dia 30 de Outubro, assistiremos ao contrário com Out Of The Blue (1980). Continuando em território norte-americano, este filme de Dennis Hopper foi inspirado e escrito a partir de uma canção, My, My, Hey, Hey (Out of the Blue), de Neil Young. Esta é a história de uma adolescente, revoltada com o mundo e com a sua família disfuncional, que se refugia no punk rock e num culto fanático por Elvis Presley.

Fade out, fade in. A partir do culto de Elvis Presley, e em jeito de double bill, projetaremos no mesmo dia Mistery Train (1989), de Jim Jarmusch, realizador que sempre trabalhou cinematograficamente a música e o seu universo. Esta obra acompanha um casal de jovens japoneses fãs de Elvis Presley em peregrinação à cidade do Rei do Rock. Trata-se de três histórias entrelaçadas, em Memphis, cidade onde Elvis Presley viveu, desde os 13 anos, e morreu, capital do rockabilly onde continua a omnipresença fantasmagórica do Rei.

Convidamos toda a comunidade escolar a participar nestas sessões.

A programação deste mês não seria possível sem a dedicação e a generosidade da distribuidora Alambique, em particular de Hugo Lopes, e da Cinemateca Portuguesa –Museu do Cinema, pela cedência dos textos para as respetivas folhas de sala, bem como dos nossos parceiros de sempre, Bazar do Vídeo, na pessoa de Abel Ribeiro Chaves, e Plano Nacional de Cinema, através da sua coordenadora Elsa Mendes. A todos o Cineclube da Escola Artística António Arroio – Prof. Edgar Sardinha presta pública homenagem.

Vem e traz outro amigo também!

Rock! Roll! Action!

De Manchester a Memphis | De Ian Curtis a Elvis

16 de Outubro | 16h10

23 de Outubro | 16h10

30 de Outubro | 14h30

30 de Outubro | 16h10

«É algo que todos os realizadores têm em comum, creio, este hábito de ter um olho aberto dentro deles e outro no exterior. (...) Eis uma ocupação que nunca me cansa: olhar.».

Michelangelo Antonioni



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