Editorial

Neste mês de novembro, o Cineclube da Escola Artística António Arroio – Prof. Edgar Sardinha retoma a sua programação no ano letivo 2020/21.

Em mês de rentrée e perante a impossibilidade de assegurar projeção em estúdio na nossa Escola, inauguramos a rubrica «Cineclube Fora de Portas» que pretende promover a visita regular a diferentes salas de cinema que, pela sua história e missão, merecem o nosso destaque. Simultaneamente, e em ano justamente do 125.º Aniversário da Primeira Projeção Pública de Cinema realizada pelos irmãos Lumière (28 de dezembro de 1895), continuamos a privilegiar a projeção coletiva em sala.

«Comunidade das pequenas salas de cinema, não muita gente, e a que houver tocada em cheio como o coração tocado por um dedo vibrante, tocada, a pequena assembleia humana, por um sopro nocturno, uma acção estelar.» Herberto Helder, «Cinemas», Relâmpago

«Na Rua do Loreto, junto ao Largo do Camões, na zona de confluência da Baixa/Chiado com o Bairro Alto e a Bica, existe ainda hoje em dia uma sala de cinema, que é o mais antigo cinema de Lisboa. Aberto desde 1904, ele conheceu ao longo dos anos diversas designações — Salão Ideal, Cinema Ideal, Cine Camões e Cine Paraíso. É uma sala de cinema cuja última grande remodelação teve lugar nos anos 50, mas que conserva ainda todo o charme de um “cinema de bairro”, com o seu foyer, balcão e plateia.» Em 2013, esse cinema passou «por um profundo trabalho de renovação e recuperação, de arquitectura e de equipamento de projecção de imagem e som» que deu origem a um novo cinema e a um novo espaço de animação cultural e urbana: o CINEMA IDEAL.

No próximo dia 22 de novembro, às 10h30, os alunos da Escola Artística António Arroio terão oportunidade de visitar esta sala de cinema e participar, em condições especiais*, na Sessão Especial do filme AMOR FATI, com apresentação de Cláudia Varejão, realizadora que em outubro de 2018 apresentou no nosso Cineclube o filme Ama-San, numa conversa absolutamente memorável.

«AMOR FATI vai ao encontro de partes que se completam. São retratos de casais, amigos, famílias e animais com os seus donos. Partilham a intimidade dos dias, os hábitos, as crenças, os gostos e alguns traços físicos. A partir dos seus rostos e da coreografia dos gestos, descobrimos a história que os enlaça. Assente na vida quotidiana, o filme desenha diante dos nossos olhos um coro de afectos e da memória colectiva de um país, convocado o discurso de Aristófanes no Banquete de Platão: Não será a isto que vocês aspiram — a identificarem-se o mais possível um ao outro, de forma a não mais se separarem noite e dia? Se é essa a vossa aspiração, estou disposto a fundir-vos e soldar-vos numa só peça, de tal modo que, em vez de dois, passem a ser um só.»

A presente programação só é possível graças à colaboração e generosidade do Cinema IDEAL, em especial do produtor Pedro Borges, e da realizadora Cláudia Varejão / Terratreme Filmes.

* Bilhetes — 2,5€ para alunos EA António Arroio. Condições limitadas aos lugares disponíveis e à inscrição prévia, até sexta-feira, dia 20/11/2020, através do e-mail cineclube@antonioarroio.edu.pt

AMOR FATI.pdf

Nove alunas da Escola Artística António Arroio — Aischa Valk, Ana Davies, Aurora Nunes, Beatriz Silva, Júlia Lavezzo, Leonor Silva, Matilde Cardoso, Miriam Pedroso e Theresa Rodrigues —, participantes do ciclo «Cineclube Fora de Portas», escreveram sobre o filme AMOR FATI (2020), de Cláudia Varejão, que tiveram oportunidade de assistir na passada manhã de domingo, dia 14 de novembro, no Cinema Ideal.

Alunos e professores, familiares e amigos da Escola Artística António Arroio participaram na Sessão Especial do filme «Amor Fati», com apresentação da realizadora Cláudia Varejão e do produtor João Matos.

Agradecemos publicamente a generosidade do Cinema IDEAL, em particular de Pedro Borges, bem como da realizadora Cláudia Varejão e da produtora Terratreme Filmes. Num momento tão especial como o que vivemos, é profundamente comovente regressar a «casa», mesmo «fora de portas», e presenciar um filme que é um hino ao amor e à vida

«É algo que todos os realizadores têm em comum, creio, este hábito de ter um olho aberto dentro deles e outro no exterior. (...) Eis uma ocupação que nunca me cansa: olhar.».

Michelangelo Antonioni



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