ALTERAÇÃO À PROGRAMAÇÃO

Greve dos Trabalhadores Não Docentes

Devido ao encerramento da Escola Artística António Arroio, não será possível realizar a projecção de cinema programada para esta sexta-feira, dia 29 de Novembro, às 16h15, no Estúdio 213. A nossa Escola encontra-se encerrada desde o início da manhã devido à forte mobilização verificada no âmbito da Greve dos Trabalhadores Não Docentes dos Estabelecimentos de Educação e Ensino da Rede Pública.

A sessão do filme O SALTO (1967), de Christian Chalonge, fica reagendada para o dia 6 de dezembro, sexta-feira, às 16h10, no Estúdio 213.

Não deixando de registar o facto de o filme reagendado, O SALTO, incidir justamente sobre o retrato das condições em que vários homens e mulheres viveram no passado — factor que os forçou a partir como emigrantes e a passar a pé e em camionetas de carga a fronteira do nosso país —, o Cineclube Prof. Edgar Sardinha aproveita esta oportunidade para agradecer publicamente o apoio inestimável que os Trabalhadores Não Docentes da Escola Artística António Arroio prestam à sua atividade, designadamente face a tantas adversidades que enfrentam no presente.

Editorial

A encerrar o mês de Novembro, e no âmbito da parceria entre a Escola Artística António Arroio e o projeto #ECOS Arquivar o exílio contrariar o silêncio: memórias e narrativas de tempos incertos, o Cineclube Prof. Edgar Sardinha apresenta uma programação dedicada à temática «Migrações e Exílios #1». Interrogando estas mobilidades específicas, a primeira parte desta programação — que culminará em 2020 com um ciclo subordinado às representações da temática no contemporâneo — dedica-se ao caso português durante a ditadura do Estado Novo. Entre 1926 e 1974, milhares de homens e mulheres tomaram o caminho da emigração e do exílio. Este constituiu um importante fluxo de pessoas que fugiram à repressão, à prisão, à Guerra Colonial e à pobreza, percorrendo caminhos vários, entre eles os de muitos países europeus.

No dia 27 de Novembro, às 16h10, será projetado o filme Guerra ou Paz (2012), de Rui Simões, obra que questiona o papel que tiveram os que «fugiram à guerra» na construção do país que somos hoje, bem como os seus percursos e formas de resistência. Está confirmada a presença do realizador para uma conversa.

Entretanto, 28 de Novembro será dia de double bill.

— Na primeira sessão, às 16h10, serão projetados os filmes: Portugal 2 (1969), de Pierre Gerson e Alain Corbineau, curta-metragem com música de Luís Cília (um dos muitos exilados em Paris, só regressou a Portugal após o 25 de Abril), realizada em Franc-Moisin, bidonville com aproximadamente 3500 habitantes, na sua maioria portugueses; La Petite Portugaise (2012), de Carlos Eduardo Viana, «fotografia falada» com Conceição Tina, a célebre menina fotografada pela objetiva de Gérard Bloncourt, pintor, jornalista e fotógrafo haitiano, residente em Paris, que fotografou os emigrantes portugueses que, nos anos 50 e 60, viviam nos bairros dos arredores de Paris; Trilho do Poço Velho (2018), de Luís Godinho, documentário sobre a zona de passagem de fronteira, próxima de Vilar Formoso, que os exilados utilizavam durante a Ditadura para o célebre «salto»; e Emigração Portuguesa em França Capítulo II: Ontem (2007), que resulta de um projeto cinematográfico que Pierre Primetens e Irène dos Santos levaram a cabo com jovens luso-descendentes sobre o fenómeno da emigração dos portugueses para França, sendo esta segunda parte dedicada à localidade referência na história da emigração, Champigny-sur-Marne, e à perspetiva de sete jovens que partiram em busca do passado.

— Na segunda sessão, às 17h50, será exibido o filme Fotografia Rasgada (2012), de José Vieira, título que recorda o código de quem emigrava clandestinamente recorrendo a um passador — o passador guardava metade da fotografia de quem emigrava e a outra levava-a o emigrante que, uma vez chegado ao destino, a remetia à família, em sinal de que chegara bem e que poderia ser concluído o pagamento pela sua «passagem». Partindo da sua experiência como emigrante e das memórias de muitos portugueses que partiram para França «a salto», José Vieira traça um retrato da história recente de Portugal.

Finalmente, a encerrar este ciclo, no dia 29 de Novembro, às 16h10, numa oportunidade rara, será exibido o mítico O Salto (1967), de Christian de Chalonge, o primeiro filme a ter como tema a emigração portuguesa em França, novamente com música de Luís Cília. Trata-se de uma ficção, em que se misturam atores amadores e verdadeiros emigrantes, que mostra as condições em que era feito «o salto».

Convidamos toda a comunidade escolar e amigos a juntarem-se a esta programação sobre a memória e os vestígios materiais da emigração e do exílio. Resultado da parceria com o projeto #ECOS, esta programação não seria possível sem o apoio da AO NORTE. Associação de Produção e Animação Audiovisual, em particular do realizador Carlos Eduardo Viana, e da produtora Real Ficção, na pessoa do realizador Rui Simões. Agradecemos igualmente a generosidade de todos os realizadores dos filmes a exibir, bem como dos nossos parceiros de sempre: Bazar do Vídeo, na pessoa de Abel Ribeiro Chaves, Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, pela cedência dos textos para as respetivas folhas de sala, e Plano Nacional de Cinema, através da coordenadora Dr.ª Elsa Mendes. A todos o Cineclube da Escola Artística António Arroio – Prof. Edgar Sardinha presta pública homenagem.

Vem e traz outro amigo também!

Cineclube & #ECOS

Programação desenvolvida no âmbito da parceria entre a Escola Artística António Arroio e o o projeto #ECOS Arquivar o exílio contrariar o silêncio: memórias e narrativas de tempos incertos.

«É algo que todos os realizadores têm em comum, creio, este hábito de ter um olho aberto dentro deles e outro no exterior. (...) Eis uma ocupação que nunca me cansa: olhar.».

Michelangelo Antonioni



© Cineclube da Escola Artística António Arroio - Prof. Edgar Sardinha | 2019-2020