Wagner Mello (Porto Alegre, RS) investiga em sua poética o experimento gráfico como condutor de narrativas, e transita entre práticas e técnicas: do desenho, passando pela colagem, à gravura, e recentemente investiga as linguagens audiovisuais. sua pesquisa percorre poéticas negras e de gênero, a partir da memória e ressignificação das imagens e lugares de afeto. 

Nesta exposição, o artista faz uma busca em seus repertórios pessoais, e a partir de um livro de notas compartilha e expande memórias que assentam pensamentos e projetam futuros: Wagner tem se debruçado sobre uma produção de diários gráficos – trata-se de uma tentativa de elucidar o cotidiano de um homem urbano que procura estabelecer um diálogo entre a compreensão de si e o seu entorno com um olhar particular, intimista, mínimo, a partir de elementos que constroem sua identidade: periférica, mestiça, afetiva, e que tais condições, entre outras, são determinantes em sua posição de artista.  estes elementos conduzem a narrativas a partir de um mergulho íntimo e pessoal e propõe um diálogo que proporcione uma memória coletiva e sirva à construção de outros discursos, pois a memória não é feita apenas de imagens, ela é remontada em palavras que transformam quem por elas é afetada, seja pela escuta, escrita, ou leitura. nesse processo, a memória é fundamental, por trazer a história contada, e a vida, como a sabemos, não existe sem histórias: histórias são como fios de conta, que trazem as palavras necessárias consigo. e ao trazê-las, as histórias contadas sobre nós serão diferenciadas das histórias narradas por nós mesmos. 

A exposição conta ainda, com uma atividade paralela mediada pelo artista no dia 05 de fevereiro, sábado: a oficina presencial “A imagem como vizinhança: a construção de diário(s) gráfico(s)”, tem vagas limitadas e acontecerá na Galeria de Artes, às 16h.