Assim como o autor e sua língua materna, o espanhol, “Puntos Supensivos” é simplesmente a tradução de: reticências, que deixa em aberto possibilidades, que podem insinuar algo que não está dito.

Esta exposição que já foi apresentada originalmente em Montevidéu, Uruguay, terra natal do autor, traz nas obras da exposição a motivação inspiradora que é a retirada de referenciais dos elementos fotografados. Recortados dos seus ambientes, os elementos soltos ganham como complemento grafismos circulares, triplicados, em alusão a sequência de três pontos, que são nada mais, nada menos que o sinal gráfico da representação de reticências.

Aliados as imagens, textos de memórias vividas complementam o sentido da imagem ao autor, mas claro que cabe a cada um buscar e complementar o cenário de cada peça, se assim este entender.

A busca da cor como fundo plano, trazendo a bidimensionalidade plana da obra, traz a cada um a vibração que esta cor representa não só de maneira semiótica e científica, mas sim, de como aquela cor impacta o sentimento e identidade que cada um carrega na percepção enquanto leitor da imagem.

Inicialmente o autor buscava apenas recortes de viagem, uma colagem, mosaico de elementos vistos e visitados, como se fossem uma espécie de resumo e diário de lugares percorridos que lembrassem e narrassem a passagem por entre eles, foi nesse momento que o autor percebeu a força de cada um quando individualmente dispostos, assim... foi de maneira divertida, brincando que surgiram imagens que integram a exposição.

Motivado pela curadora da mostra em Montevidéu, Sandra Petit, que provocou o autor a ir adiante e agregar as imagens textos que extrapolassem o real sentido da imagem, buscando o inconsciente dele nas experiências vividas, como exemplo disto, a obra com o peixe, que traz a lembrança da sua viagem imigrante ao Brasil; a imagem da bicicleta que lembra sua avô materna quando do sua partida da França rumo a América, e assim cada uma tem sua história no autor, porém cada um pode ter sua história identificada, revisitada, digamos, na história do outro.

É como Sandra Petit escreveu: “...é assim que Paquito nos convida a mergulhar na mostra, nas suas alegorias; com múltiplos significados y significantes. A mostra autobiográfica narra a mágica viagem do artista onde encontra um ponto de enraizamento universal enquanto imigrante deixando aberto o sentido a cada observador de sua obra.”

Puntos Suspensivos, contemplada pela Lei Aldir Blanc, traz ainda um vídeo gravado da conversa do autor junto ao filósofo Gilmar Marcílio, onde a provocação sobre as imagens e possibilidades de leituras ganham um debate que provoca o pensar de cada um nisto envolvido, sejam protagonistas ou espectadores de realidades que cabe a cada um se colocar, inclusive os próprios debatedores.