“Preâmbulo das coisas”, é a primeira exposição individual do Coletivo UN, integrado pelos artistas Marina Rombaldi, Nicole Martinato e Nilton Dondé.

O Coletivo UN (Um Nada) surgiu no ano de 2018, e busca, em suas produções, dialogar com contextos artísticos locais e nacionais, atuais e anteriores, atuando de forma experimental, buscando subverter as fronteiras e torcer os limites do sistema e espaços de arte, e estreitar a distância entre o eu e o outro. Envolvendo, também, o campo da memória, em suas proposições artísticas dedicam-se a pensar a arte enquanto vivência e potência questionadora, estabelecendo laços afetivos entre o público e suas proposições, e também com os espaços - sejam eles públicos ou privados.

Em seus projetos, deslizam entre diferentes plataformas, sendo experimentais em sua essência, se utilizando de fotografia, desenho, pintura, colagem, performance, vídeo arte, arte sonora e ações no espaço urbano. Pelo viés da intervenção, transgressão e apropriação, mesclam conceitos e técnicas, propondo projetos artísticos que questionam, também, o estado e posição do artista e da arte no campo comum.

Nessa mostra, os artistas convidam o público a colocar-se dentro da galeria de uma outra forma. Sair do eixo, livrar-se de ideias anteriores e fruir a arte de forma espontânea. A começar pelo conceito preâmbulo, através da instalação buscam pensar naquilo que precede as transformações da percepção, compreensão e das formas como nos relacionamos com o mundo e com a arte. A partir do entendimento daquilo que vivenciam enquanto artistas no processo criativo dentro e fora do ateliê e outras práticas cotidianas, os artistas se atém à ideia de que compartilhando experiências é possível estabelecer uma rede criativa, ampliando e descobrindo os afetos do corpo com o externo.

Nas imagens que transcorrem o vídeo, processos criativos percorrem o tempo de uma forma não linear e se mesclam às vivências individuais e em grupo. Sugestões e questionamentos tecem – através da metáfora do fio vermelho que dá início tanto à obras anteriores do coletivo, quanto à esta vídeo arte - uma trama de ideias que se desenrolam em novelos que por vezes estão cheios de amarras. Os artistas escrevem, em outro momento, que pensar em três é mais fácil do que pensar em um. Três cabeças e três corpos que se propõe a conviver, a dividir, a experienciar, a se assemelhar por suas diferenças e diferir por suas semelhanças.

O Coletivo UN convida o público à percorrer distâncias, horas e tempos, mesmo sem deslocar-se. Horas faladas, horas em silêncio. Sons que correm com o vento, músicas, vozes. Caminhadas que também traçam ideias.

É no discutir sobre a divergência que também se faz arte. E não se é só artista quando se produz. Ser artista também é construir preâmbulos. Ser artista é mais fácil quando é nós e não só eu, e os preâmbulos se cruzam em uma trama que constrói.