Exposição "(IN) TRANSITÓRIO" de Angela Pimentel

Quando: de 05 a 28 de fevereiro de 2021

Onde: Sala de Exposições do Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho

Como: segunda, das 9h às 16h; terça a sexta, das 9h às 22h; finais de semana, das 16h às 22h.

A exposição (In) transitório, apresenta uma série de 16 obras fotográficas e audiovisuais que tem como tema alguns dos efeitos gerados pelo isolamento social, durante a pandemia do Covid- 19. Todas as obras foram criadas entre os meses de julho e outubro de 2020, inspiradas nos relatos de pessoas que gentilmente descreveram seus anseios através de um questionário disponibilizado nas mídias sociais.

As obras abordam através de elementos simbólicos e subjetivos, questões como falta do contato e presença física do outro, medo da morte, desejo de transformação, restrição do livre trânsito no espaço público, sentimento de descaso e ansiedade, partindo da perspectiva do espaço interno de nossas casas.


“Ninguém pode escapar: trancados em casa, é de casa e principalmente em casa que teremos que reconstruir a sociedade. A mudança terá que ocorrer nos confusos retângulos de concreto que nos separam dos outros e do mundo. Será necessário desenterrar desse espaço uma série de corredores invisíveis que nos permitam transformar o espaço doméstico em um novo espaço político. Se houver uma revolução, será uma revolução doméstica: será necessário livrar-se da definição patriarcal, patrimonial e arquitetônica de nossas casas e transformá-las em algo diferente.” Emanuele Coccia


Em março de 2020 a Organização Mundial da Saúde caracteriza a Covid-19 como pandemia, desde esse momento até o dia em que escrevo este texto, quase 35 milhões de pessoas foram infectadas e mais de 1 milhão perderam suas vidas em todo o mundo. Assistimos, enclausurados em nossas casas, atônitos e com uma sensação de impotência, os números desta funesta pandemia se ampliarem de forma exponencial. Encontramo-nos, em um curto espaço de tempo, às voltas com uma crise sanitária e política-econômica que coloca à prova tanto a nossa integridade física quanto emocional. Não sairemos desta crise incólumes, mesmo aqueles que almejam uma normalidade, há muito fora de alcance, como quem persegue miragens.

Em seu texto Revertendo o novo monasticismo global, Emanuele Coccia nos fala sobre a necessária e inevitável transformação que nossas sociedades precisam vivenciar a fim de, ao sairmos desta clausura, que estamos física e psiquicamente enfrentando, instituir uma outra maneira de praticar o espaço compartilhado, do doméstico ao público, do humano ao não humano. Para aqueles que podem e optaram pelo isolamento social como medida de contingenciamento da infecção causada pelo coronavírus, ficar em casa acabou se revelando um longo período de desassossego.

A partir deste horizonte de inquietude, Angela Pimentel desenvolve a série de trabalhos que compõem a exposição (In)Transitório. São fotografias e peças audiovisuais que convocam a refletir sobre o peso imposto pelos tempos atuais, para que tentemos, assim, transmutá-los. A gravidade vivenciada é figurada em tijolos que se empilham sobre os ombros da artista. Nossos corpos, solidários à cena, cedem igualmente perante a matéria densa e árida que o tijolo evoca, trazendo à consciência a evidência de nossa fragilidade e, também, a necessária resistência para comportar essa carga.

Submergimos sob a força destes tempos sombrios. Enquanto o país arde, desolado entre a inércia e a inconsequência do estado, o invisível nos espreita, constrange-nos ao menor toque. Procuramos nos proteger pela distância. Por contatos mediados através de acessórios, reaprendemos o sentido do comum, daquilo que nos iguala, mas que não nos atinge igualmente. É no gesto, envelopado por luvas de borracha, de pendurar sacolas higienizadas, que a artista. molda o absurdo de um cotidiano alterado em rotinas de medo, cuidado e preservação.

As imagens elaboradas por Angela falam do ar que se rarefaz dentro e fora de nosso corpo na iminência da escassez, em que o direito de respirar se apresenta, ao mesmo tempo, como metáfora e desoladora concretude. Porém, se por um lado a falta do ar, aqui evocada, pesa em nossos corpos, por outro, a experiência do lúdico, sutilmente presente nas imagens, convoca-nos a restituir coletivamente o sopro fundamental que contrapõe ao sufocamento, a resistência. Pequena e delicada resistência de um vaga-lume pois, “para conhecer os vaga-lumes, é preciso observá-los no presente de sua sobrevivência: é preciso vê-los dançar vivos no meio da noite, ainda que essa noite seja varrida por alguns ferozes projetores. Ainda que por pouco tempo. Ainda que por pouca coisa a ser vista: é preciso cerca de cinco mil vaga-lumes para produzir uma luz equivalente à de uma única vela”. Como lampejos de luz na escuridão, o trabalho da artista é a tentativa de depuração de uma realidade, por vezes, asfixiante.

Glaucis de Morais Artista e professora no curso de Artes Visuais – UCS – Curadora da Exposição

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