A exposição “ESPAÇO[S]-TEMPO[S]” com curadoria de Mara Galvani e Gelson Soares permanecerá até o dia 07 de novembro na Sala de Exposições do Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho, integrando a comemoração dos 20 anos do Centro de Cultura.

As 25 gravuras em metal, xilografia, litografia, serigrafia e água forte – que compõem o Acervo Municipal de Artes Plásticas (AMARP) e o Acervo de Gravura do Campus 8 da Universidade de Caxias do Sul (UCS) – estarão fora dos espaços em que estão guardadas para serem vistas na Sala de Exposições do Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho. Com curadoria da professora e coordenadora do Clube de Gravura do Campus 8, Mara Galvani e do acadêmico em Artes Visuais da UCS, impressor e responsável técnico do atelier de gravura da mesma instituição de ensino, Gelson Soares, a coletiva reúne obras em que imagens de múltiplos espaço[s] em diferentes contextos foram gravadas e impressas sobre papel em tempos diversos por artistas de gerações distintas.

Etimologicamente, a palavra Espaço designa do latim (spatium.II), 'extensão, distância, intervalo'. Extensão, portanto, que envolve corpos, seres, objetos. Distância entre um ponto e outro. Intervalo de tempo. Tempo, palavra derivada do latim (tempus e temporis), termos que significam a divisão da duração em instante, segundo minuto, hora, dia, mês, ano... Assim, em “ESPAÇO[S]-TEMPO[S]” há espaços ora ocupados, ora vazios, espaços que parecem libertar ou aprisionar, acolher ou condenar. São espaços domésticos, espaços urbanos, espaços de rotinas, espaços de encontros, espaços que convidam à permanência e espaços que incitam a fuga. Espaços habitados, compartilhados e espaços solitários, que excluem. Os espaços sonhados e os espaços dos sonhos dividem espaço na sala expositiva com os espaços vividos, concretos e os espaços internos e externos. Dividem espaço com espaços de gente, todas a[s] gente[s] e com muita[s] gente[s], espaços de todos e espaços de ninguém e sem ninguém. Os espaços das cidades, casas, paredes, bares, ruas, calçadas, praças acumulam vozes, silêncios, vazios e medos. São espaços difusos, dúbios, diurnos, noturnos, sombrios, cotidianos, abertos e fechados. Espaços de lutas, espaços de laços, espaços de esperas, espaços de grades, espaços de pedras e de perdas. Dos iguais, dos diversos, das desigualdades, da alegoria, do riso, da repressão e das dores. Espaços de alguns, de uma multidão, de poucos... À margem. Espaços negados. Espaços e corpos. Espaço e objetos. Espaços vazios. Espaços e Tempos, gravuras de artistas nascidos em diferentes momentos. Obras de artistas guardadas e preservadas em dois espaços de arte da cidade de Caxias do Sul. Dos espaços de dois acervos, gravuras oriundas de épocas mais longínquas e de um passado muito próximo suscitam, na exposição, espaços de diálogo acerca de questões que parece tratar-se de um período contínuo no qual os eventos se sucedem. A obra mais antiga é a xilogravura sem título, da série Retirantes do artista Francisco Stockinger (1919-2009), produzida entre 1956-1960 e reeditada nos anos de 2008-2009. Já, a mais recente, é a xilogravura Operário II, criada em 2014 pela artista participante do Clube de Gravura do Campus 8, Clara Koppe (1956). Mais de meio século de espaço de tempo entre uma gravura e a outra parece inexistente se pensarmos na série e no título, atribuídos às obras pelos dois artistas. Ausentes ou presentes nas gravuras parece-nos propício, urgente e atual, estabelecermos alguns diálogos entre essas e as demais obras expostas e nos perguntarmos, além dos retirantes e dos operários, quem são as demais personagens, de onde vem, para onde vão, quais espaço[s] ocupam, como ocupam e em que tempo[s]?

Participam da exposição 25 gravuras selecionadas pelos curadores, dos seguintes artistas: