Nesta lição, você aprenderá um pouco mais a fundo sobre as organizações, pois, conforme visto no primeiro ano, você aprendeu que a administração só acontece dentro e pelas organizações.
Você aprenderá, ainda, que o conceito de organização vem evoluindo constantemente, e aqui serão abordados os mais recentes. Ao final desta aula, você será capaz de entender melhor o conceito de organização e ainda conseguir analisar os tipos de organizações praticados pelas empresas.
Você já se perguntou qual o motivo de estar estudando os tipos de organização na disciplina de Tecnologia e Ferramentas de Gestão? Se você não pensou sobre isso, pare por um tempo e tente encontrar a resposta para essa pergunta, mas adianto que, para respondê-la, você pode pensar sobre “onde serão aplicadas as tecnologias e ferramentas de gestão?”
Pensando um pouco sobre o assunto, você deve ter chegado à conclusão que as tecnologias e ferramentas de gestão serão aplicadas nas empresas, não é mesmo? É nas empresas que surge a necessidade de gestão, seja para resolver um problema ou então para atingir um objetivo.
Agora, sabendo que serão aplicadas nas empresas, você concorda que elas não vão apresentar sempre a mesma necessidade, certo? É neste ponto que tudo faz sentido, pois é dever do administrador conhecer os tipos de organização para que consiga extrair sempre o melhor de suas equipes. Por isso é tão importante conhecer os conceitos dos tipos de organização, e mais ainda, é este o motivo de iniciarmos o ano falando sobre estes conceitos.
No decorrer desta lição, você vai entender que não existe apenas um tipo de organização, mas que é um conceito que vem evoluindo, assim como as teorias administrativas. E cabe a você como futuro administrador entender melhor o tipo de organização que está sendo praticado na empresa que você atuará, para que, dependendo do caso, possa existir uma mudança ou ainda a adequação da aplicabilidade das ferramentas que veremos nas lições futuras em cada tipo de organização.
Afinal, sabemos que cada organização é única, então, não existe uma “receita de bolo” para que o administrador possa seguir em todas as organizações. Vamos entender um pouco mais sobre o conceito de organização e a evolução dos tipos de organização no decorrer da história da administração?
Em uma empresa de vendas de artigos de papelaria, há um modelo de organização tradicional sendo aplicado desde sua inauguração em meados dos anos 1990. A remuneração fixa e variável da equipe de vendas, segundo os funcionários, é excelente, haja visto que não é exigido grau superior nas contratações.
No entanto, como a empresa aplica o modelo tradicional de gestão, concentrando todas as decisões no dono e fundador, o ambiente de trabalho torna-se de difícil adaptação. Marcos, que está na empresa há cerca de cinco anos, percebeu, a partir do curso técnico em administração que está fazendo, que empresas que estão adaptando seus modelos de organização, estão tendo melhores resultados, e as pessoas trabalhando felizes e mais produtivas.
Marcos está todo empolgado para propor ao chefe uma mudança na abordagem da empresa para seus funcionários. E não poderia ter recebido uma surpresa pior naquele momento, o chefe esbravejou, gritou, chamou Marcos de preguiçoso, e ainda ameaçou impor uma advertência caso o assunto voltasse a ser falado dentro da empresa, pois segundo o chefe, o modelo de negócio que vinha trabalhando funcionava há mais de trinta anos.
À noite, no curso, Marcos comentou o ocorrido ao professor, que lhe orientou que normalmente, em empresas assim, a mudança não é bem-vista, que a melhor opção seria apresentar números para o chefe, não apenas uma teoria. Assim, Marcos durante aquele ano pesquisou sobre empresas tradicionais e do setor de papelaria que mudaram seu modelo organizacional e tiveram êxito. Ao final do ano, ele apresentou sua pesquisa para o chefe, que então aceitou começar a pensar em melhorias na empresa, pois segundo ele, “realmente, as empresas estão tendo um aumento no lucro se seus funcionários sentem que fazem parte do negócio”.
O entendimento das organizações serve como base para os estudos acerca da administração (SILVA, 2013). Pois, para a administração, a organização é sinônimo de empresa, ou seja, é o conjunto de indivíduos interagindo em prol de um objetivo em comum. Sendo assim, ao entender as organizações, um administrador torna-se mais eficiente e eficaz em suas tarefas.
Para Chiavenato (2010, p. 82), "afinal, vivemos em uma sociedade de organizações. Existem organizações de todos os tipos e tamanhos. Elas podem ser pequenas, médias, grandes, nacionais, internacionais, multinacionais ou mundiais. Podem ser lucrativas ou não, religiosas, filantrópicas, financeiras, hospitalares, escolares ou universitárias, comerciais etc."
Várias são as definições de organizações dada suas dinâmicas complexas, mas segundo Silva (2013, p. 40), a mais comum é que "Uma organização é definida como duas ou mais pessoas com desejo e disposição de cooperar para o alcance de um objetivo comum". Isso enfatiza a visão da administração em que as organizações são as empresas, afinal, as empresas também são o conjunto de indivíduos e ativos cooperando para o alcance de algum objetivo.
A organização, além de tudo, está inserida em um sistema. Segundo Genari (1966), organização é um conjunto de pessoas que combinam seus esforços individuais de forma consciente e sistemática em busca de um objetivo em comum. Cury (2007) complementa ao indicar que organizações são arranjos sistemáticos da interação entre partes independentes e dependentes almejando a conclusão de uma tarefa ou objetivo em comum. Sendo assim, Cury (2007, p. 116) ainda acrescenta que a “organização é um sistema planejado de esforço cooperativo no qual cada participante tem um papel definido a desempenhar e deveres e tarefas a executar”.
Cury (2007) indica, ainda, que essa cooperação é caracterizada nas organizações pois, dentro destas, o número de envolvidos dificulta o contato pessoal. Ou seja, para o autor, há um número mínimo de pessoas envolvidas na busca de um objetivo comum para ser considerada uma organização, e o tamanho tem influência direta na necessidade de cooperação entre os indivíduos. Segundo ele, uma organização deve ser analisada a partir de quatro variáveis: Tamanho; Complexidade; Consciente racionalidade (envolvida com a adaptação aos objetivos organizacionais) e Presença de objetivo.
Por isso, conforme Vieira (2012), um dos maiores desafios dos gestores atuais está em entender que a organização é um sistema aberto e que é composta de pessoas. Para o autor, os administradores precisam entender que a forma que os indivíduos se relacionam com os outros componentes da organização e entre si podem determinar o sucesso da empresa. E como nem sempre essas interações geram frutos positivos, cabe então ao gestor adequar essas interações para que sejam alcançados os resultados desejados pela organização.
As pessoas podem fazer isso conscientemente ou não, de forma que tais ações podem atrapalhar os objetivos e metas organizacionais. Sendo assim, cabe aos gestores o alinhamento para que todos os indivíduos tenham um esforço justo em prol dos resultados da organização (VIEIRA, 2012; SILVA, 2013; CHIAVENATO 2014). Para um melhor entendimento, a Figura 1, a seguir, mostra como é o processo de interação entre os componentes das organizações na administração.
Quanto aos objetivos das organizações, estes podem ser afetados pelas ações dos indivíduos. Alguns autores afirmam que o objetivo principal de toda empresa é obter lucro. Mesmo não havendo uma comprovação científica acerca desta afirmação, é possível identificar que uma empresa que não gera lucros, é ineficaz. Além disso, a função social de uma empresa com a geração de emprego e renda e seus impactos na sociedade tem significativa importância. Dessa forma, as organizações devem prezar por estratégias de sobrevivência, crescimento, produtividade, lucratividade, qualidade, competitividade e, claro, sua imagem no mercado. E são esses os desafios enfrentados diariamente pela administração, que sempre estará em busca da melhoria contínua dos processos organizacionais (CHIAVENATO, 2014; VIEIRA, 2012; SILVA, 2013).
Em relação aos tipos de organizações, conforme visto na disciplina de Teoria Geral da Administração, existem as formais e as informais. Cury (2007) indica que a organização formal é um sistema de forças ou atividades, de duas ou mais pessoas coordenadas a um objetivo em comum, enquanto a organização informal é um resultado das interações sociais entre os indivíduos. Entende-se, então, que nas organizações formais as regras e normas regem as organizações, são normalmente bem declaradas e escritas, enquanto nas organizações informais os indivíduos poderão aceitar ou não os objetivos formais da organização. Para Cury (2007), as atribuições que as organizações informais têm são:
Comunicação;
Manutenção da vontade dos indivíduos em seguir os objetivos organizacionais por meio de autoridade objetiva e estabilidade;
Manutenção dos sentimentos de livre escolha, integridade individual e respeito do indivíduo.
As organizações, por sua vez, assim como os sistemas e os indivíduos, estão em constante evolução, sempre buscando a elevação do padrão de efetividade ou sobrevivência. Assim, Cury (2007) enfatiza que ao longo do século XX destacam-se três principais modelagens organizacionais destacadas no Quadro 1 a seguir:
Além dos modelos Tradicional, Moderno e Contemporâneo, as organizações, principalmente as ocidentais, vêm adaptando vários modelos e teorias a partir das organizações asiáticas, principalmente as pautadas no modelo japonês de organização, além do advento da tecnologia, que acelerou os processos de troca de informações e aquisição de conhecimento.
Com isso, os administradores atuais começaram a identificar ainda mais a distância entre a teoria e a prática, pois ao contrário do passado, que os administradores escolhiam uma doutrina ou teoria que melhor se adaptasse à sua organização, hoje estão disponíveis diversas técnicas e modelos para que o administrador possa adaptá-los em conjunto de acordo com os objetivos organizacionais. Cury (2007) conclui que o novo enfoque da administração deve incorporar as noções de equilíbrio entre teoria e prática, que leve em consideração as nuances de cada organização de maneira equilibrada e holística, que não desconsidera a existência dos paradoxos.
Como você viu no decorrer desta lição, as organizações foram sendo caracterizadas por diferentes tipos a partir de sua conceitualização. No entanto, como é possível perceber, não necessariamente todas as organizações atuais estarão classificadas como Contemporâneas ou pós-contemporâneas.
Como visto no case, e acontece em muitas empresas ainda, o modelo tradicional é presente nas organizações, ou há aquelas que sejam caracterizadas por uma mescla de diferentes conceitos de organização.
Sendo assim, uma coisa é certa para você futuro(a) técnico(a) em administração: existe a necessidade de estar preparado(a) para colocar em prática a teoria e ir adaptando-as conforme as necessidades de cada empresa que você atuará.
CHIAVENATO, I. Iniciação a sistemas, organização e métodos – SO & M. São Paulo: Manole, 2010.
CHIAVENATO, I. Teoria geral da administração. Barueri: Manole, 2014.
CURY, A. Organização e Métodos – Uma Visão Holística. 8. ed. São Paulo. Atlas. 2007.
GENARI, B. Uma análise de sistemas administrativos. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1966.
SILVA, R. O. Teorias da administração. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2013.
VIEIRA, P. R. C. Gestão Agroindustrial. Recife: EDUFRPE, 2012.