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O concelho da Lourinhã é extremamente rico em Recursos Hídricos, mas são raros os que estão conservados e valorizados. A região Oeste, em especial o nosso concelho, é caracterizado por rios de pequena dimensão e várias ribeiras afluentes onde as características naturais dependem bastante das condições climatéricas e nascentes.
O Rio Grande é o principal curso fluvial que atravessa e desagua no concelho da Lourinhã, neste caso, na Foz da Praia da Areia Branca. Com uma bacia hidrográfica com cerca de 90 km² e uma extensão máxima de 18km², da nascente à foz, este recurso hídrico influenciou durante muitos tempos a vila e atividades do concelho da Lourinhã, onde chegou a ser navegável. Considera-se um Rio Perene, com escorrência durante o ano inteiro porém com uma elevada redução do caudal nos meses quentes (junho a setembro), algo que pode vir a ser agravado com as alterações climáticas, e com um transporte de sedimentos extremamente acentuado resultando na elevada turbidez das águas, graças à intensa atividade agrícola, galeria ripícola gravemente degradada e encostas de bacia desflorestadas.
O Rio Grande nasce no Outeiro da Cabeça, Concelho de Torres Vedras, mais especificamente no Monte Agulhas e Vale da Corva, e durante alguns quilómetros separa os concelhos de Torres Vedras e Lourinhã. Passa por quase todas as freguesias do concelho da Lourinhã: Lourinhã e Atalaia, Santa Bárbara, Miragaia e Marteleira, Moita dos Ferreiros e São Bartolomeu dos Galegos e Moledo; e pelas freguesias do concelho de Torres Vedras: Outeiro da Cabeça e Campelos. Em toda a Bacia Hidrográfica do Rio Grande estão implícitos a Ribeira da Várzea (Moita dos Ferreiros), Ribeira do Nadrupe (Miragaia e Marteleira), Ribeira do Lourim (Miragaia e Marteleia), Ribeira das Águas dos Mouros (Lourinhã e Atalaia e Santa Bárbara), Ribeira das Fontes Velhas (Miragaia e Marteleira).
O Rio do Toxofal (Lourinhã e Atalaia, São Bartolomeu dos Galegos e Moledo e Moita dos Ferreiros) onde se insere a Ribeira da Serra do Calvo (Lourinhã e Atalaia), nasce no Casal Vale Largo e Casal do Cabeço do Rei, na freguesia da Moita dos Ferreiros, e tem uma extensão máxima de 11km. As 2 características mais notáveis deste curso de água são a fantástica e classificada Galeria Ripícola de Loureiros da Quinta da Moita Longa, contando ainda com várias espécies de Quercus, em especial, Carvalho-de-Monchique e a elevada densidade hidrográfica deste rio, especialmente na Ribeira da Serra do Calvo. O caudal do rio decresce bastante nos meses quentes porém não é costume secar.
Ainda se encontram algumas espécies animais e florais características dos bosques ribeirinhos que conseguem subsistir mesmo com a diminuição dos habitats fluviais e com o desequilíbrio na qualidade água, das mais icónicas, o Guarda-Rios, Pato-Real, Frango D'Água e Galinha-D'Água. Hoje em dia as únicas galerias ripícolas existentes no Rio Grande e Rio do Toxofal encontram-se na zonas de nascente no Outeiro da Cabeça (Rio Grande) e na Moita dos Ferreiros (Rio do Toxofal) e ainda na Quinta da Moita Longa, onde se encontra um dos mais importantes Loureirais (Loureiros) Ribeirinhos do mundo.
Especificações e Observações resumidas de cada ribeira/rio:
Significado Resumido: Área: Área da bacia hidrográfica do curso de água calculada a partir das linhas de cumeada das várias encostas integrantes;Perímetro: Perímetro da bacia hidrográfica;Extensão Máxima: Maior extensão possível desde a nascente mais a montante e a foz/local de desaguamento; Nº Total de Canais: Número total de de troços de rio - curso que se une a outro;Ordem: Magnitude do curso de água (ex: 2 canais de nascente que se ligam (ordem 1 cada um) originam um canal de ordem 2)Relação de Bifurcação: Relação entre o número de bifurcações nas várias ordens de canais, quando maior mais bifurcada a bacia hidrográfica;Relação de Circularidade: Relação entre a área real da bacia e a área hipotética de um circulo com a mesma área, de forma a compreender a forma da bacia. Quanto mais circular, mais provável de causar cheias.Relação Alongamento: Relação entre o diâmetro de um círculo com a área da bacia e a extensão máxima da bacia, para compreender de que forma a circularidade se relaciona com a extensão do curso de água;Amplitude Altimétrica: Diferença do ponto mais alto e o ponto mais baixo, quanto maior a Amplitude Altimétrica maior o declive, a velocidade e erosão do curso de água;Coeficiente de Compacidade: Muito semelhante à Relação de Circularidade, mas incidente nos perímetros, dando, com outros critérios, o quão propícia a cheias uma bacia se encontra;Fator de Forma: Quando maior, maior a probabilidade de ocorrer cheias. Este fator relaciona a forma retangular da bacia (menos propícia a cheias);Índice de Circularidade: Relação entre a área e o perímetro da bacia, compreendendo a circularidade da bacia;Densidade Hidrográfica: Relação entre o número de canais e a área da bacia.
Probabilidade de Cheias:BaixaMédiaAltaMuito Alta*Estes dados foram recolhidos a partir das Cartas Militares mais recentes possíveis, porém, com as alterações climatéricas que se têm a vindo a notar nas últimas décadas é plausível que muitos dos indicadores não estejam 100% corretos, principalmente o Número Total de Canais, e consequentemente a Densidade Hidrográfica, pois com a menor pluviosidade, menos canais se enquadram como reconhecíveis e importantes.
Em suma, é observado que o curso de água mais vulnerável a cheias será a Ribeira da Serra do Calvo porém, pela sua elevada Amplitude Altimétrica, estes efeitos sentir-se-ão principalmente no troço do Rio do Toxofal onde esta desagua. O mesmo acontece no Rio Grande, os locais com mais probabilidade de inundação devem ser os locais onde as várias ribeiras desaguam, excetuando outras situações também importantes que não são reconhecidas por análise de parâmetros hidrográficos.
Probabilidade de Cheias:BaixaMédiaAltaMuito Alta*Estes dados foram recolhidos a partir das Cartas Militares mais recentes possíveis, porém, com as alterações climatéricas que se têm a vindo a notar nas últimas décadas é plausível que muitos dos indicadores não estejam 100% corretos, principalmente o Número Total de Canais, e consequentemente a Densidade Hidrográfica, pois com a menor pluviosidade, menos canais se enquadram como reconhecíveis e importantes.
Em suma, é observado que o curso de água mais vulnerável a cheias será a Ribeira da Serra do Calvo porém, pela sua elevada Amplitude Altimétrica, estes efeitos sentir-se-ão principalmente no troço do Rio do Toxofal onde esta desagua. O mesmo acontece no Rio Grande, os locais com mais probabilidade de inundação devem ser os locais onde as várias ribeiras desaguam, excetuando outras situações também importantes que não são reconhecidas por análise de parâmetros hidrográficos.
Hoje em dia é cada vez mais importante a proteção dos sistemas fluviais, especialmente do Rio Grande. A grande exploração agrícola-aviária Lourinhanense poderá cada vez mais ter um efeito stressante sobre ecossistema levando ao aumentod da degradação das suas funções ecológicas fundamentais para a nossa qualidade de vida.
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