O que é uma Galeria Ripícola e por que é assim tão importante para ser estudada?
Uma Galeria Ripícola, ou bosque ribeirinho, é a vegetação que se encontra nas zonas limiares às margens de cursos de águas. Esta pode ser mesmo dentro do curso, estando frequentemente inundada; estando nas proximidades e beneficiando pelo encharcamento subterrâneo dos solos ou até mesmo existir em sítios que apenas de certo em certo tempo inundam (ex: charcas). A diversidade desta galeria permite diminuir a velocidade de caudal de rio e aumentando a infiltração de água para o solo - ajudando na mitigação de cheias; permite a regulação da matéria orgânica alóctone (folhas e restos vegetais que naturalmente entram em decomposição no rio e que são essenciais para muitos seres-vivos) e para a regularização dos parâmetros físico-químicos e, muitas vezes, compostos orgânicos poluentes (ex: mais galeira, mais sombra, menos temperatura e evaporação).
Quais são os problemas dos Rios Grandes e do Toxofal?
A Lourinhã e seus arredores é uma zona de precipitação minimamente regular nos meses frios mas com 4 meses de seca acentuada onde a pluviosidade é muito baixa. Isto aliado a haverem poucos locais altos o suficientes para criar micro-climas diferenciados, nos meses quentes há uma grande redução na disponibilidade de água que seca, e/ou eutrofiza vários cursos de água.
Ao nível da orografia da zona e pelas características das bacias hidrográficas, os cursos de água relativamente pouco extensos, mas muito densos, e com caudal baixo durante maior parte do ano. Devido à pouca arborização, tanto dos cursos como das encostas da bacia, e à ocupação de solo em baixios, existe muito pouca infiltração de águas (entre outros fatores) e zonas naturais de inundação (charcas, lagoas, sapais etc...) que pioram as situações de cheia em certos períodos de tempo onde ocorre pluviosidade intensa, levando a caudais excessivamente altos.
As bacias hidrográficas do Rio Grande e do Rio do Toxofal têm ainda 3 problemas principais de poluição conhecidos (não excluindo outros): intensa agricultura, atividade pecuária e falhas na rede de saneamento (esgotos a céu aberto). As principais descargas que ainda ocorrem podem se classificar principalmente como orgânicas/biológicas, sendo o produto transformado ou direto destas descargas de matéria orgânica que origina o aparecimento de agentes patogénicos e outras demonstrações de eutrofização (cheiro, cor, limos, algas, espuma). As contaminações químicas, excluindo episódios esporádicos, podem se reduzir ao comércio local, especialmente na vila da lourinhã, mas também em contexto habitacional um pouco por todo o concelho, aquando da lavagem de superfícias, ou outras, com produtos de limpeza e posterior libertação das águas para sarjetas (que, como sistema de recolha de águas pluviais que é, desagua diretamente no rio sem tratamento). É importante relembrar também que certas necessidades e medidas de gestão ambiental relacionadas com o rio, ajudam a aumentar as ocorrências de eutrofização ou degradação da qualidade de água (ex: fechar a foz da praia da areia branca, estagnado as águas que se acumulam).
O que são Macroinvertebrados Bentónicos e por que razão são estudados no projeto?
Os Macroinvertebrados Bentónicos são organismos que habitam os fundos (bento) dos nossos rios e que têm várias magnitudes de resistência à poluição (depende de grupos taxonómicos para grupos taxonómicos), ou seja, consoante a diversidade de macroinvertebrados que encontramos no fundo dum rio, podemos interpelar o quão poluídas as águas estão, ou foram, (levando à morte/inexistência, ou não, destes organismos). Ainda que o seu prefixo seja "Macro", são seres-vivos não superiores a 0,5 milímetros que se alimentam de detritos e materiais orgânicos diversificados, sendo muito importantes no fluxo de matéria orgânica do rio. A título de exemplo, os microinvertebrados são os organismos tipo zooplancton, muito mais pequenos que os Macroinvertebrados.
Por serem excelentes bioindicadores de poluição e pela sua identificação não ser extremamente complexa, serão utilizados para medir o quão poluídos os troços analisados estão, ou foram.
Qual a duração do projeto?
O projeto é constituído por 5 fases principais:
1) Formação Guarda-Rios
2) Monitorizações - Outono, Inverno, Primavera e Verão
3) Organização e Divulgação dos Dados Recolhidos
4) Reflexão e Planeamento das Ações de Melhoramento de Troço
5) Execução das Ações de Melhoramento de Troço
As fases 4 e 5 são relativamente complexas para serem datadas de término, mas a previsão da Direção da Lourambi é que no final de 2024 já estejam a ser executadas todas as ações de melhoramento de troço.