Fotos: Ricardo Martins
Com cerca de 350 ninhos a colónia de andorinhas-dos-beirais (Delichon urbicum) do edifício do Tribunal Judicial da Lourinhã presta à nossa Vila um valioso serviço de controlo de insectos e outros invertebrados
DE FACTO ......
Abril 2024
A andorinha-dos-beirais ou andorinho-dos-beirais (Delichon urbicum) é uma pequena ave migratória pertencente à família das andorinhas (Hirundinidae).
As andorinhas desta colónia regressam todos os anos à LOURINHÃ para nidificar na primavera, entre Março e Maio, vindas de uma viagem de milhares de quilómetros desde a África subsariana e Ásia tropical.
Alimentam-se exclusivamente de insetos, que capturam em pleno voo, pelo que migram para climas com abundância de insetos voadores. Ambos os sexos possuem a cabeça e a parte superior do corpo preto-azuladas, contrastando com o branco do uropígio e da parte inferior do corpo.
Um casal de andorinhas consome entre 600 a 750 moscas por dia e uma cria cerca de 1500 moscas.
Uma família de andorinhas destrói mais de sete mil insetos por dia ou duzentos e dez mil por mês.
Nesta colónia supondo-se que se instalam no mínimo 300 andorinhas, no decorrer do verão terão consumido cerca de 171 milhões de moscas.
Durante a época de reprodução esta espécie caça a uma altura média de 21 m, tipicamente a menos de 450 m de distância do ninho.
A velocidade média de batimento das asas da andorinha-dos-beirais em voo é de 5,3–6,0 batimentos por segundo.
Os seus ninhos com a forma de uma taça fechada com uma abertura estreita no topo que é feito com pedaços de lama colados com saliva, e forrado com palha, ervas, penas ou outros materiais macios. A lama, adicionada em camadas sucessivas, é recolhida de lagoas, riachos ou poças.
A construção dos ninhos demora cerca de 8 a 10 dias.
Após um curta parada nupcial, o par acasala no ninho.
Cada postura possui habitualmente quatro ou cinco ovos brancos, com um tamanho médio de 1,9 x 1,33 cm e um peso médio de 1,7 g.
A incubação dura geralmente de 14 a 16 dias, e é feita essencialmente pela fêmea.
As crias recém-eclodidas são altriciais e necessitam de 22 a 32 dias, dependendo das condições atmosféricas, para abandonar o ninho.
Os progenitores continuam a alimentar os juvenis durante cerca de uma semana após estes saírem o ninho. Ocasionalmente, aves da primeira ninhada ajudam os progenitores a alimentar a segunda ninhada.
Existem normalmente duas ninhadas por ano. O mesmo ninho é utilizado para a segunda ninhada, e será reparado e usado novamente nos anos seguintes. Terceiras ninhadas não são incomuns.
Os casais desta espécie ficam juntos para toda a vida, mas as cópulas extra-par são comuns, tornando esta espécie geneticamente poligâmica apesar de socialmente monogâmica.
Infelizmente, pelo menos nos últimos três anos (2023,2022 e 2021), entre novembro e dezembro, os ninhos desta colónia de aves protegidas, têm sido sistematicamente e totalmente removidos/destruídos, o que contribui para que as mesmas não só, tenham que fazer um esforço suplementar a cada primavera, como coloca em causa o sucesso do processo reprodutivo e consequentemente da própria colónia.
Fotos: Ricardo Martins
Abril 2024
Fotos: Eduardo Magalhães
Abril 2024
“uma andorinha não faz a primavera”
mas destruir-lhe o ninho ou perturbá-la durante o período de reprodução pode sair caro
TOME NOTA ...
Nos termos do disposto no artigo 11º do Decreto-Lei nº 140/99 de 24 de Abril
É PROIBIDO
a) Capturar, abater ou deter as aves, qualquer que seja o método utilizado;
b) Perturbar de forma significativa as aves durante o período de reprodução, de dependência, de hibernação e de migração;
c) Destruir, danificar, recolher ou deter os seus ninhos e ovos, mesmo vazios;
d) Deteriorar ou destruir os seus locais ou áreas de repouso;
As referidas condutas são puníveis com coima: 25€ a 3.740€ para pessoas singulares e 3.990€ a 44.890€ para pessoas colectivas
Ter andorinhas a nidificar nas nossas casas dizem que dá sorte e é mesmo uma benção, pois não só usufruímos de um fabuloso serviço de controlo de insectos e outros invertebrados, que podem até ser perigosos por transmitirem doenças, como temos o prazer de as observar bem de perto.
As andorinhas-dos-beirais constroem os seus ninhos no interior ou na fachada de edifícios, podendo tornar-se um incómodo quando os seus excrementos se começam a acumular ou quando é necessário executar alguma obra de requalificação ou pintura.
As andorinhas são muito leais aos seus locais de reprodução e se os ninhos forem removidos é muito provável que os reconstruam nos anos seguintes, portanto destruir os ninhos só terá servido para que as aves tenham de fazer um esforço extra ao tornar a construí-los no ano seguinte.
Existem medidas alternativas à remoção de ninhos e o incómodo da sujidade pode passar pela limpeza periódica da fachada ou piso ou pela colocação de uma prateleira sob os ninhos da colónia.
CONTACTE A LOURAMBI - Estamos disponíveis para ajudar!!
No caso de não ser possível chegar a um compromisso e houver mesmo a necessidade de remover os ninhos só é possível fazê-lo desde que devidamente autorizado pelo ICNF. (licença legal) no período entre 1 de setembro e 31 de dezembro.