Olá, estudante! Na lição passada, você estudou que, no contexto contemporâneo, caracterizado por avanços tecnológicos e mudanças socioculturais, as organizações enfrentam uma redefinição nas formas de trabalho e subordinação. O surgimento de novos modelos econômicos, como a Economia do Compartilhamento, e a influência da Indústria 4.0 têm transformado profundamente as relações laborais. A ascensão do trabalho autônomo, impulsionado por plataformas digitais, reflete o desafio de equilibrar a flexibilidade proporcionada pela descentralização dos processos produtivos com questões éticas e de qualidade. A introdução de algoritmos e monitoramento tecnológico redefine a supervisão do trabalho, enquanto a diluição das fronteiras entre vida pessoal e profissional gera novos desafios, impactando diretamente a experiência dos trabalhadores. Nesse cenário, a responsabilidade do técnico em administração emerge como crucial, demandando habilidades adaptativas e uma compreensão ética profunda para liderar equipes em meio a essa revolução laboral.
Nesta lição, entenderemos a importância, e também, como realizar o alinhamento das pessoas com a missão e visão organizacional. Afinal, compreender a importância desse alinhamento e identificar como essa prática contribui para o sucesso e a sustentabilidade das empresas é essencial. Para isso, definiremos o que são visão e missão organizacional, e relacionar esses conceitos com a identidade e propósito da empresa. Identificaremos como o alinhamento influencia o desempenho e a eficácia organizacional, e compreenderemos o papel do técnico em administração no processo de alinhamento organizacional.
Juntos, analisaremos como a atuação do técnico impacta a gestão de pessoas e o alcance dos objetivos organizacionais, e exploraremos práticas eficazes de comunicação interna para transmitir a visão, missão e valores da empresa. Por fim, identificaremos os desafios comuns no processo de alinhamento e buscaremos estratégias para superá-los. Você refletirá criticamente acerca da importância do alinhamento nas empresas.
Já parou para considerar como criar um ambiente que seja inspiração? O que pode ser feito para que os colaboradores olhem ao seu redor na empresa e sintam-se motivados a contribuir com suas melhores ideias? A verdadeira questão reside na transformação do espaço de trabalho em um solo fértil para o cultivo da criatividade. Quando os gestores conseguem esse feito, as pessoas não apenas executam suas tarefas, mas também se sentem incentivadas a desafiar os limites da imaginação. Isso impacta diretamente na inovação da empresa, na melhoria de processos e, claro, na satisfação dos funcionários.
Entretanto, inspirar somente os colaboradores não é suficiente. É necessário considerar toda a comunidade e o meio ambiente, bem como mostrar que a empresa não vive numa bolha. Ao se envolver com a comunidade e cuidar do ecossistema, a empresa gera um impacto social positivo. Isso não só melhora a sua imagem perante a sociedade, como também atrai consumidores conscientes e parceiros de negócios, que valorizam a responsabilidade social. Como fazer tudo isso?
Se você é um estudante antenado, certamente, sabe o poder das redes sociais. Usá-las, com responsabilidade, pode ser uma boa saída. Por meio das redes sociais conseguimos disseminar a imagem da empresa para consumidores e parceiros. Além disso, esse mesmo local pode ser uma ferramenta poderosa de comunicação interna. Portanto, observe o quanto as redes sociais podem fazer a diferença. Elas impactam a transparência, a construção de uma cultura organizacional forte e o fortalecimento dos laços entre os colaboradores.
Apresentar a visão, missão e valores de forma criativa é um desafio. Mas, quando se consegue comunicar isso de forma criativa, há um impacto direto na identidade da empresa. O desafio é mostrar que esses documentos (visão, missão e valores) não são somente papéis na gaveta, mas algo pulsante na vida da empresa. Isso influencia a motivação dos colaboradores, a atração de talentos alinhados com a cultura e, claro, a conquista de clientes que compartilham dos mesmos valores.
A ideia, então, é compreender que apresentar a visão, missão e valores para colaboradores e comunidade de forma criativa, de fato, pode ser um desafio, além de ser uma oportunidade de transformar a dinâmica das empresas. Cada passo que você der pode gerar um impacto real, tanto social quanto econômico. O mais interessante é que essas ideias podem ser aplicadas em qualquer empresa, seja em um pequeno escritório ou uma multinacional.
Há cerca de 15 anos, Geraldo Peto, apaixonado por marcenaria, decidiu transformar sua paixão em uma pequena empresa chamada Arte em Pinus. No início, era um negócio modesto, nascido da necessidade de uma renda extra para a família. Mas, à medida que os anos passavam, algo mágico acontecia nas mãos habilidosas de Geraldo e sua equipe. Nos últimos três anos, a Arte em Pinus floresceu como uma árvore frondosa. A clientela crescia, os projetos se multiplicavam, e era claro que algo especial estava acontecendo. Nesse momento, a marcenaria percebeu a necessidade de dar um passo maior: um planejamento estratégico.
A decisão não foi fácil, pois implicava mudanças significativas. O desafio era grande, especialmente quando se tratava de comunicar essas transformações para a equipe mais antiga, acostumada ao jeito informal e prático dos primeiros anos. Foi, então, que Geraldo, como um sábio contador de histórias, reuniu todos os membros da Arte em Pinus numa grande sala repleta de madeira e compartilhou a saga da empresa, desde os dias iniciais até os desafios e triunfos recentes. Ele falou acerca da nova visão que era tornar-se uma referência em móveis artesanais personalizados, investir em tecnologias sustentáveis e criar um ambiente de trabalho inclusivo e inovador.
Para comunicar isso, no entanto, para uma equipe que estava acostumada a um ritmo mais informal, Geraldo decidiu envolvê-los na construção dessa nova história. Todos foram convidados a contribuir com ideias, como artesãos criativos, esculpindo sua própria versão da narrativa da Arte em Pinus. Foi um momento mágico de cocriação. Além disso, workshops foram realizados e os funcionários aprenderam a respeito da importância do artesanato de qualidade, adotaram práticas sustentáveis e entenderam melhor o papel único de cada um nessa jornada.
A equipe mais antiga, que inicialmente pode ter estranhado as mudanças, começou a perceber que suas experiências passadas eram como os valiosos veios da madeira que moldavam as peças únicas da Arte em Pinus. Eles entenderam que seus conhecimentos contribuíram para o sucesso presente e futuro. Os resultados foram encantadores. A Arte em Pinus manteve uma cultura que valorizava a tradição, enquanto abraçava a inovação como uma nova ferramenta de esculpir o futuro.
Observe, agora, que esse relato envolvendo a Arte em Pinus, mesmo sendo fictício, está intrinsecamente alinhado aos temas que serão abordados nesta lição. O relato destaca a importância do alinhamento das pessoas com a visão e missão organizacional, mostrando que, por meio do planejamento estratégico, é possível envolver todos os membros da equipe.
As estratégias adotadas, como as sessões de diálogo aberto, o envolvimento participativo, a capacitação, o reconhecimento das contribuições passadas, a comunicação eficaz, a inclusão ativa dos funcionários no processo de mudança e o reconhecimento de sua importância são elementos-chave para garantir o alinhamento organizacional.
Esse relato não apenas ilustra os desafios e soluções em um contexto real, mas também serve como uma inspiração de como as empresas podem trilhar o caminho do crescimento sustentável mantendo suas raízes e valores. Trata-se de uma lição valiosa acerca da importância de todos estarem na mesma sintonia para esculpir um futuro de sucesso e você, futuro técnico em administração, tem papel essencial nesse cenário.
Vamos entender melhor esse assunto?
Quando uma organização dá seus primeiros passos, ela estabelece suas estratégias com base na missão e visão. No momento em que essas estratégias são delineadas, é crucial considerar a situação real da empresa para alcançar um ponto ideal. Esse ponto ideal deve ter uma base intrinsecamente ligada à missão e visão da organização (PORTUGAL, 2017).
A expressão “gestão estratégica de pessoas” diz respeito a uma visão contemporânea do papel da área de gestão de pessoas nas atividades organizacionais. Em outras palavras, ela trata do alinhamento do conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes das pessoas com a missão, visão, objetivos estratégicos, estratégias e planos da organização. Essa orientação é crucial para impulsionar a vantagem competitiva organizacional, integrando as políticas e práticas de pessoas às estratégias organizacionais (CHIAVENATO, 2014).
Para atuar estrategicamente, o planejamento é essencial. O conceito de planejamento estratégico de gestão de pessoas envolve decisões a respeito dos recursos humanos essenciais para atingir os objetivos da empresa dentro de um intervalo específico. Esse planejamento antecipado lida com a definição da força de trabalho e dos talentos humanos necessários para realizar as ações futuras da organização (CHIAVENATO, 2014).
A função da gestão de pessoas é um componente vital da organização contemporânea, diferentemente do passado em que o foco era na eficiência por meio de métodos e regras. Atualmente, a ênfase está em atingir metas, objetivos e resultados para promover a eficácia. A gestão de pessoas deve estar alinhada com o negócio da organização, contribuindo para que ela alcance suas metas, objetivos e realize sua missão (CHIAVENATO, 2014).
No âmbito da gestão estratégica de pessoas, é essencial educar, treinar, motivar e liderar os colaboradores, promovendo um espírito empreendedor e uma cultura participativa. As organizações bem-sucedidas proporcionam um ambiente de trabalho acolhedor, com autonomia e liberdade para os colaboradores escolherem como realizar suas tarefas. Colaboradores são vistos como parceiros, não apenas funcionários cumpridores de horário. É essa abordagem que, paradoxalmente, gera os melhores resultados para os acionistas (CHIAVENATO, 2014).
O conceito de missão faz com que os colaboradores trabalhem para uma causa da organização, não apenas para a organização em si. Apesar de ser relativamente estável, a missão organizacional deve ser constantemente atualizada e redimensionada para se adaptar às mudanças nos negócios ao longo do tempo. Além disso, deve ser cultivada pelos líderes e difundida entre todos os colaboradores para criar conscientização e comprometimento. Esse caráter missionário transforma as organizações em prestadoras de serviços ao cliente, buscando não apenas atender, mas superar as expectativas. Nas organizações bem-sucedidas, a missão é definida em colaboração entre os níveis institucional, intermediário e operacional, unindo todos os membros na busca pela sustentação da missão. Isso facilita a identificação dos valores que a organização deve cultivar e orienta todos os membros sobre seu papel e contribuição eficaz para o sucesso do negócio (CHIAVENATO, 2014).
A Figura 1, a seguir, mostra o relacionamento da missão e visão organizacional com o planejamento estratégico.
A falta de uma visão dos negócios é extremamente prejudicial, pois leva a organização e os seus membros a perderem o foco em meio a um cenário competitivo e em constante mudança. A visão somente é atingida quando todos na organização – e não apenas alguns membros – trabalham em conjunto e alinhados para garantir sua efetiva realização.
Sendo assim, a missão e a visão são elementos básicos para definir os objetivos globais da organização, e também, para formular uma estratégia organizacional, a qual funciona como o meio para realizar a missão e alcançar os objetivos organizacionais decorrentes da visão da empresa. Nesse sentido, para o sucesso das equipes e organizações, faz-se necessária a harmonia dos setores, departamentos, funções e tarefas, de modo a cumprir os objetivos organizacionais também definidos na missão, visão e valores do conjunto (CHIAVENATO, 2014).
No momento em que a empresa considera seus colaboradores como parceiros no seu progresso, os indivíduos pensam o mesmo em relação à empresa, resultando em uma mudança de ênfase de controle para o desenvolvimento. Portanto, é indispensável a identificação dos interesses pessoais do empregado para assegurar que eles estão alinhados com a missão da empresa. Isso promove um reconhecimento do compromisso pessoal dos colaboradores, e confere uma nova importância ao papel do elemento humano nas organizações. Mas, para isso, a estratégia precisa estar em conformidade com as normas/regras definidas pela cultura organizacional existente ou pela nova cultura em formação para explicar e suportar o processo de mudança organizacional (CALVOSA, 2010).
Muitas organizações realizam um trabalho integrado e consistente para divulgar, tanto internamente quanto externamente, a sua visão organizacional (CHIAVENATO, 2014). Portugal (2017) aponta alguns passos que as empresas podem seguir para que as pessoas estejam alinhadas com os objetivos estratégicos organizacionais, quais sejam:
Crie um ambiente físico agradável: o ambiente ou espaço também se comunica, criar um ambiente adequado para o surgimento de ideias é essencial.
Promova o compromisso social: a aproximação com a comunidade e o meio ambiente permite que as pessoas se conheçam melhor e também possam entender a visão da organização em questões como a responsabilidade social corporativa.
Permita que as pessoas verifiquem as redes sociais da empresa: o uso da tecnologia nos faz relacionar constantemente com outros usuários, a empresa deve transmitir uma mensagem de segurança e responsabilidade sem proibições rígidas, isolar as pessoas em um mundo hiperconectado não é aconselhável na empresa, já que as redes podem ser uma ferramenta de comunicação formidável para as próprias organizações.
Atualize ferramentas tecnológicas: é muito chato lidar com problemas, técnicos ou atrasados com a tecnologia, as pessoas se sentem valorizadas quando lhes é permitido trabalhar acompanhando as últimas tendências.
Transmita a visão, missão e valores da organização de forma adequada e permanente: tudo deve estar integrado na organização e isso só pode ser alcançado se todos conhecerem a sua filosofia e assumirem como sua a missão que a guia.
Assim, podemos dizer que é fundamental comunicar-se de forma consistente, seguindo um plano bem estruturado e utilizando diversas plataformas de comunicação. Ao fazer isso, é possível quebrar a sensação de isolamento e transformar o clima organizacional, como destacado por Portugal (2017). Além disso, é importante reconhecer que a comunicação interna não se resume apenas à transmissão de informações. Ela também desempenha um papel importante na construção de um senso de pertencimento e coesão entre os membros da equipe. Ao criar um ambiente no qual todos se sintam ouvidos e valorizados, a comunicação interna contribui para fortalecer os laços dentro da empresa, promovendo um senso de comunidade e colaboração. Dessa forma, investir em uma comunicação interna eficaz não apenas facilita a disseminação de informações importantes, mas também promove um ambiente de trabalho mais saudável, produtivo e engajado.
O envolvimento das pessoas com a visão e a missão da organização é como o match perfeito entre o propósito da empresa e o coração dos funcionários. Imagine que esses princípios são como a bússola que guia um navio. Se a tripulação (os colaboradores) não estiver sintonizada com esse instrumento, a jornada pode se tornar caótica, concorda? Nesse contexto, é essencial tomar medidas para garantir esse alinhamento. É como ajustar as antenas para que todos estejam sintonizados na mesma frequência.
Que tal um exemplo real para clarear as ideias? Pense em uma empresa que tem a visão de criar produtos inovadores que inspiram paixão. Imagine, agora, um funcionário chegando nesse local, batendo seu ponto e não se importando com a inovação. A harmonia virará um problema nos setores em que aquela pessoa estiver atuando, certo?
Diante disso, como devemos nos alinhar ou como ajudamos os colaboradores de uma empresa a se alinharem à sua visão e à sua missão?
Em primeiro lugar, é importante que todos conheçam a visão e a missão da empresa, e participem ativamente de reuniões, treinamentos, e-mails, enfim, qualquer coisa que os mantenham sintonizados com o que acontece dentro da organização. Depois, é necessário entender como o trabalho desempenhado dentro daquele local se conecta com tais princípios.
Para enxergar isso na prática de forma mais clara, vamos continuar com o exemplo daquela empresa em que a visão é criar produtos inovadores que inspiram paixão. O atendente desse local pode não estar projetando produtos inovadores, mas ele fará parte da experiência que inspira paixão. Se ele entende isso, sua atitude no atendimento será como um acorde bem afinado na sinfonia da empresa.
Assim, o alinhamento dos colaboradores com a visão e missão da empresa não é apenas uma questão de comunicação, mas também de envolvimento, reconhecimento e criação de um ambiente propício para que todos se sintam parte do propósito maior da organização. Quando isso acontece, cada indivíduo se torna um embaixador dos valores da companhia, contribuindo não apenas para o sucesso dela, mas também para o seu próprio desenvolvimento e satisfação no trabalho.
Não esqueça do feedback. Se algo não estiver andando corretamente, fazemos os ajustes, afinal, o alinhamento é um processo contínuo. Se todo mundo está na mesma sintonia, está garantida a harmonia na empresa. O maestro que rege essa sinfonia, por sua vez, é o técnico em administração, uma vez que ele ajuda a coordenar as equipes, garantindo que todos estejam no mesmo tom e, principalmente, no mesmo ritmo.
Que tal uma abordagem mais envolvente para preparar-lhe para quando todas essas ideias se tornarem parte do seu cotidiano? A seguir, estão elencadas algumas propostas práticas para começar:
Primeiro desafio: reúnam-se em grupos de até cinco colegas e embarquem na jornada de criar um ambiente de trabalho que inspire a criatividade. Deixem a imaginação fluir livremente e pensem em maneiras de tornar o espaço de trabalho um verdadeiro berço para ideias inovadoras.
Segundo desafio: partam para o engajamento com a comunidade e o meio ambiente. Isso pode incluir a concepção de um projeto voluntário, uma iniciativa sustentável na escola ou qualquer ação que conecte o grupo com o mundo exterior, demonstrando a importância do impacto positivo além dos limites da empresa.
Terceiro desafio: explorem o potencial das redes sociais de forma responsável. Imaginem como essas plataformas podem se tornar ferramentas poderosas para fortalecer a comunicação interna na empresa, ou seja, busquem responder como vocês poderiam utilizá-las de maneira criativa e eficaz.
Quarto desafio: estimulem-se a criar uma apresentação que transmita de forma vibrante e autêntica a visão, a missão e os valores da empresa. Isso pode se manifestar em um vídeo, uma peça teatral ou qualquer outra forma de expressão artística que demonstre como a cultura organizacional é dinâmica e essencialmente parte da identidade da empresa.
Ao realizar esses desafios, você complementará o aprendizado teórico, mas também oferecerá uma preparação abrangente e relevante, que lhe capacitará para enfrentar os desafios do mundo empresarial com confiança e competência.
CALVOSA, M. Tecnologia e organização do trabalho. Rio de Janeiro: Cecierj – Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro, 2010.
CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 4. ed. Barueri: Manole, 2014.
PORTUGAL, V. Diagnóstico empresarial. Bogotá: Fundación Universitaria del Área Andina, 2017.