Olá, estudante!
Na lição passada, foram destacadas a inevitabilidade da mudança nas organizações e a resistência que a acompanha, muitas vezes. Essa resistência, por vezes sutil e protelada, é apresentada como desafio significativo para a adaptação e o progresso organizacional. Você aprendeu que os profissionais técnicos em administração são como agentes de mudança, desempenham papel crucial na aplicação prática das teorias, enfrentando a resistência e promovendo os diálogos construtivos. Além disso, foram abordados os impactos sociais e econômicos das mudanças, ressaltando a necessidade de equilíbrio e ética nesse processo dinâmico. Na lição de hoje, você aprenderá sobre a relação entre a mudança organizacional e o clima organizacional.
Nesta lição, você terá uma compreensão aprofundada dos conceitos de mudança organizacional e clima organizacional, destacando suas interconexões e seus impactos mútuos. Além disso, você identificará e analisará os diversos fatores que desencadeiam mudanças nas organizações, tanto internos quanto externos, e compreenderá como esses fatores influenciam o ambiente de trabalho.
Vamos juntos explorar o papel específico do profissional técnico em administração no gerenciamento de mudanças organizacionais, destacando suas responsabilidades na comunicação, implementação e manutenção de um clima organizacional saudável. Também, investigaremos as causas da resistência à mudança, fornecendo insights sobre as emoções e preocupações que os colaboradores podem ter durante os períodos de transição, e discutiremos estratégias eficazes para lidar com essa resistência.
Por fim, analisaremos como a cultura organizacional impacta a capacidade de implementar mudanças bem-sucedidas, explorando estratégias para alinhar a cultura existente com os objetivos da mudança. Esses objetivos visam criar uma experiência de aprendizado abrangente, para que você entenda, aplique e reflita sobre os conceitos relacionados à mudança e ao clima organizacional!
Os desafios que estão relacionados à mudança organizacional e ao clima organizacional são verdadeiros obstáculos que as empresas enfrentam na busca por inovação e adaptação constantes. Vamos olhar mais de perto esses desafios e entender como eles se conectam aos aspectos sociais e econômicos?
A resistência à mudança é um fenômeno natural, pois as pessoas, muitas vezes, preferem a estabilidade ao invés do desconhecido. Isso pode se manifestar como oposição às transformações propostas nas organizações. Pode afetar diretamente a eficácia da mudança, resultando em falhas nos processos e na implementação de novas práticas. No entanto, se gerenciada adequadamente, a resistência pode ser transformada em um motor construtivo de melhorias.
Culturas organizacionais enraizadas e resistentes à mudança podem dificultar a implementação de novas práticas e valores. Principalmente em organizações com uma história longa e uma cultura sólida, mudar a forma como as coisas sempre foram feitas é desafiador. A resistência cultural pode prolongar significativamente o tempo necessário para a implementação de mudanças, impactando tanto a eficácia quanto a aceitação.
Portanto, enfrentar esses desafios requer uma abordagem equilibrada que envolva a gestão de mudanças, a comunicação eficaz, o entendimento da cultura organizacional e a consideração dos impactos sociais e econômicos. Essas questões não apenas moldam a dinâmica das empresas, mas também representam oportunidades para a inovação e o crescimento sustentável.
A empresa fictícia de telecomunicações InstaTok era uma organização com uma longa história de comunicações analógicas que enfrentava um novo capítulo. A crescente demanda do mercado e a evolução tecnológica impulsionaram a decisão estratégica de migrar para uma operação totalmente digital. Na InstaTok, o desafio estava claro: deixar para trás os sistemas analógicos e abraçar as tecnologias emergentes, incluindo serviços de streaming e redes sociais. A mudança era mais do que uma simples transição tecnológica; era uma jornada que impactaria todos os cantos da empresa. A liderança reconheceu, desde o início, que o sucesso dessa transição não dependia apenas da tecnologia, mas, sim, da adesão e aceitação de todos os colaboradores, independentemente da idade ou experiência. Assim, começou a jornada da InstaTok em direção ao digital.
Os colaboradores mais antigos, com décadas de experiência em sistemas analógicos, foram os primeiros a sentir o impacto da mudança. A resistência inicial surgiu alimentada pela incerteza sobre o novo e pela saudade do familiar. Porém a InstaTok não os deixou para trás! Em vez disso, lançou programas de capacitação específicos, oferecendo mentoria entre colegas para ajudá-los a se adaptar ao universo digital. Enquanto isso, os colaboradores mais jovens, embora familiarizados com as tecnologias digitais, enfrentaram seus próprios desafios. A transição não era apenas sobre tecnologia, mas sobre a criação de uma cultura organizacional mais ágil e inovadora. Para isso, a InstaTok incentivou a participação ativa desses jovens talentos em iniciativas, como hackathons e programas de sugestões, reconhecendo a importância de suas habilidades digitais.
A alta administração desempenhou papel crucial na condução da mudança. Com uma comunicação transparente, eles compartilharam os motivos da transição, os benefícios esperados e as oportunidades que a nova era digital traria. Além disso, criaram grupos de trabalho multigeracionais formados para garantir que todas as vozes fossem ouvidas, unindo experiência e entusiasmo em uma colaboração única. À medida que a transição avançava, algo mágico começou a acontecer na InstaTok. Os colaboradores, independentemente da idade, começaram a se unir em torno da visão compartilhada de um futuro digital. Os desafios se transformaram em oportunidades, e a empresa experimentou uma melhoria significativa na eficiência operacional e na prestação de serviços aos clientes.
Ao final da jornada, a InstaTok não apenas abraçou o digital, mas também cultivou um clima organizacional renovado. A resistência inicial deu lugar à colaboração, e a nostalgia do analógico foi substituída pela empolgação do digital. A empresa não apenas sobreviveu à mudança, mas floresceu, tornando-se um exemplo de como a gestão cuidadosa da transição pode resultar em um clima organizacional vibrante e inovador. Assim, a InstaTok continuou sua jornada, agora mais conectada do que nunca.
A história da InstaTok, mesmo sendo fictícia, destaca lições valiosas sobre a transição de uma empresa analógica para uma operação digital. A liderança consciente reconheceu a necessidade de envolver colaboradores de todas as gerações, adaptando-se aos desafios da mudança tecnológica. A empresa priorizou a comunicação transparente e incentivou a participação ativa dos funcionários em iniciativas inovadoras. A formação de grupos multigeracionais promoveu colaboração única, impulsionando eficiência e serviços ao cliente. Ao superar a resistência inicial, a InstaTok transformou desafios em oportunidades, evidenciando que uma gestão cuidadosa durante a transição pode resultar em prosperidade e inovação.
A organização é como um sistema humano e complexo, possuindo características próprias que refletem sua cultura, ou seja, sua personalidade e o clima organizacional, que é basicamente o “humor” do ambiente de trabalho. Essas variáveis devem ser constantemente observadas, analisadas e aprimoradas para impulsionar a motivação e a produtividade. Tanto o clima quanto a cultura organizacional desempenham papel crucial nas mudanças que ocorrem nas organizações (CHIAVENATO, 2014).
A mudança é fundamental para a criatividade e inovação nas organizações contemporâneas, permeando diversos aspectos, como nas próprias organizações, nas pessoas, nos clientes, nos produtos e serviços, na tecnologia, no tempo e no ambiente. De acordo com Chiavenato (2014), a mudança é a principal característica dos tempos modernos, representando uma constante na dinâmica organizacional. No entanto, no que diz respeito às mudanças organizacionais, principalmente as relacionadas ao Desenvolvimento Organizacional (DO), para que elas ocorram é necessário que a organização possua capacidade inovadora atendendo a alguns critérios, como os destacados no Quadro 1:
A mudança implica a transição de um estado para outro distinto, representando a passagem de uma situação para outra. O processo de mudança se desenrola em um campo de forças que atuam, dinamicamente, em diversas direções. Por um lado, há forças positivas que apoiam e favorecem a mudança, enquanto, por outro lado, existem forças negativas que se opõem e resistem a ela. Em toda organização, ocorre um equilíbrio dinâmico entre as forças positivas que impulsionam a mudança e as forças negativas que a limitam e impedem (CHIAVENATO, 2014).
O sistema opera em um estado de relativo equilíbrio, que é quebrado toda vez que uma tentativa de mudança é introduzida. A Figura 1 ilustra que, quando as forças positivas superam as forças negativas, a tentativa de mudança é bem-sucedida, resultando em uma efetiva transformação. No entanto, se as forças negativas predominam sobre as positivas, a tentativa de mudança fracassa, e a situação prevalece. O agente de mudança deve esforçar-se para maximizar o impacto das forças positivas e minimizar o efeito das forças negativas, a fim de conduzir o processo de mudança com eficácia. Cada mudança quebra a rotina e impõe uma ruptura em relação ao passado (CHIAVENATO, 2014).
Atualmente, vivemos em um contexto em que as mudanças são uma constante, inclusive, em empresas que são consideradas bem-sucedidas no mercado. Em um mundo globalizado e altamente competitivo, as organizações precisam estar constantemente preparadas para se adaptar. Embora a mudança traga consigo novas práticas e soluções, é crucial compreender que, para que essas mudanças sejam eficazes, é necessário, também, promover mudanças nas pessoas. Isso ocorre porque, muitas vezes, as mudanças são acompanhadas por resistência e estresse. Muitos programas de mudança organizacional falham, porque se concentram apenas em alterações nas tarefas de trabalho, negligenciando a necessidade de modificar atitudes e comportamentos das pessoas (MOREIRA, 2012; CINTRA; DALBEM, 2016).
O ponto inicial para efetivar a mudança organizacional é modificar o comportamento individual, para, depois, abordar as mudanças no âmbito organizacional. Para alcançar esse objetivo, é essencial que as pessoas compreendam claramente o que precisa ser alterado e concordem com essas mudanças. Posteriormente, é possível direcionar essas mudanças para a estrutura organizacional, envolvendo aspectos, como sistemas de reconhecimento e recompensas, arquitetura e modelagem do trabalho, e para cultura organizacional, todos alinhados ao novo comportamento desejado (MOREIRA, 2012; CINTRA; DALBEM, 2016).
O indivíduo tende a resistir às mudanças, devido à preferência pelo conhecido em detrimento do novo, impulsionado pelo medo do desconhecido. A mudança é frequentemente percebida como ameaça, gerando sentimentos negativos. Essa resistência pode se manifestar de diversas maneiras, como a persistência em hábitos antigos de trabalho. Por isso, é fundamental compreender a resistência à mudança como algo natural, sem encarar os colaboradores resistentes como opositores da organização. Muitas vezes, a resistência surge da desinformação e do receio em relação às consequências das mudanças, resultando em um conflito construtivo que pode aprimorar o processo de tomada de decisão e a aprendizagem das novas estratégias organizacionais (CINTRA; DALBEM, 2016).
Como já discutido em lições anteriores, a cultura organizacional é moldada pela filosofia dos fundadores, pelo processo seletivo e pelos programas de socialização. Essa cultura, que demanda tempo para se formar, exerce influência direta sobre o clima de trabalho. Alterações na cultura organizacional frequentemente demandam anos para serem implementadas, especialmente em empresas com uma cultura mais rígida, cujos colaboradores tendem a ser mais resistentes à mudança (MOREIRA, 2012).
Empresas são unidades sociais cuja cultura é formada pelos valores que elas mesmas criam. Uma cultura mais rígida pode enfrentar maiores desafios ao lidar com mudanças, uma vez que seus colaboradores tendem a resistir mais. A necessidade de uma mudança cultural torna-se evidente quando as mudanças externas começam a impactar negativamente a empresa (MOREIRA, 2012).
As mudanças, motivadas por fatores internos ou externos, afetam diretamente o comportamento dos trabalhadores. Portanto, as empresas precisam estar atentas às mudanças tanto internas quanto externas. As atualizações internas, como máquinas, processos, colaboradores e instalações, são influenciadas pelas mudanças externas. A resistência é considerada a principal dificuldade na implementação de mudanças, e os esforços devem ser direcionados para superá-la. As mudanças podem ser encaradas como ameaças pelos funcionários, impactando seu comportamento e desestabilizando o clima organizacional. Para contornar isso, é fundamental modificar hábitos e desenvolver comportamentos, levando em consideração as percepções dos funcionários e os envolvendo no processo de mudança. Em qualquer processo de transformação, é essencial avaliar o aspecto emocional e comportamental das pessoas, reconhecendo que esse é um processo gradual no qual os supervisores planejam programas de mudança que afetarão positivamente o clima organizacional (SOARES, 2013).
Segundo Santos et al. (2013), a percepção de mudança decorrente de uma pesquisa de clima organizacional é a percepção de qualquer alteração planejada na organização, identificada a partir do diagnóstico da pesquisa. Essa alteração pode ter consequências positivas ou negativas para os resultados organizacionais ou para a sobrevivência da organização. Já a percepção de mudança na unidade e na organização é a percepção de qualquer alteração na organização como um todo, independentemente de ter sido motivada pelos resultados da pesquisa de clima organizacional.
Por fim, é importante salientar que a mudança organizacional só ocorre efetivamente quando o comportamento das pessoas também é modificado. O desenvolvimento organizacional é crucial nesse contexto, visto que funciona como um processo planejado e negociado de mudança organizacional (CHIAVENATO, 2014; MOREIRA, 2012).
Imagine que você faz parte de uma empresa que decide dar um upgrade nos processos. Foi decidido que seria adotada uma tecnologia de ponta, a implementação de novas estratégias e, até mesmo, uma mudança no layout do escritório. Isso é uma mudança organizacional em ação! Agora, o segredo é entender como essa mudança influenciará o clima organizacional. O clima, como você já sabe, não é sobre a temperatura do ar condicionado do local, e, sim, sobre como as pessoas se sentem na empresa, ou seja, se estão gostando do ambiente de trabalho ou o ambiente apresenta tensão. Sendo assim, se a mudança é bem recebida, ou seja, se todo mundo está na mesma sintonia, o clima organizacional tende a ficar mais leve. Agora, se tiver resistência, ou seja, se as pessoas estiverem meio perdidas no meio das mudanças, o clima pode ficar mais denso.
Para ilustrar, pense que uma empresa decidiu adotar o home office, mas, ao invés de impor essa novidade, sem mais nem menos, fizeram uma transição suave, oferecendo treinamento e criando canais de comunicação eficientes. Todas essas ações contribuem para um clima organizacional mais descontraído, ou seja, podemos entender a mudança organizacional como uma mudança de visual, é preciso estilo e adaptabilidade. O clima organizacional, por sua vez, é como se fosse o termômetro da satisfação dos colaboradores mediante as mudanças. E você, futuro técnico em administração, tem uma função importante nisso.
Imagine que você precisa garantir que a comunicação sobre a mudança seja clara, que o pessoal esteja na mesma sintonia e que os sistemas de recompensas e reconhecimento estejam alinhados com o novo jeito de fazer as coisas. Como você pode fazer isso? É normal o pessoal resistir à mudança, porque é mais fácil ficar na zona de conforto. Mas é aí que o técnico em administração entra, dando aquele suporte, explicando os benefícios da mudança e acalmando os ânimos. A cultura da empresa é como ela faz as coisas, os valores dela, e mudar isso é como fazer uma manobra num navio gigante.
Para finalizar a lição de hoje, quero que você pense em uma mudança que você gostaria de fazer na escola, algo que melhore o dia a dia de todo mundo. Pode ser desde uma organização melhor do espaço até uma nova atividade. Depois, crie um plano para apresentar essa ideia para a turma e veja como ela reage. Reserve alguns minutos para essa discussão e verifique quais resistências suas ideias gerarão na sua turma.
CHIAVENATO, I. Teoria geral da administração. Barueri: Manole, 2014.
CINTRA, J.; DALBEM, E. Comportamento organizacional. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional, 2016.
MOREIRA, E. G. Clima organizacional. Curitiba: IESDE Brasil, 2012.
SANTOS, J. N.; NEIVA, E. R.; ANDRADE-MELO, E. A. Relação entre clima organizacional, percepção de mudança organizacional e satisfação do cliente. Psicologia: teoria e pesquisa, v. 29, p. 31-39, 2013.