Olá, estudante! A lição passada destacou a complexidade do desenvolvimento de novas lideranças em um ambiente empresarial dinâmico, ressaltando a necessidade de adaptação rápida às situações, com líderes engajados e seguidores mais ativos. Características essenciais, como visão sistêmica, paixão, integridade, curiosidade e audácia, foram apontadas como fundamentais para enfrentar desafios. Além disso, foi enfatizada a importância do desenvolvimento contínuo de líderes, abrangendo competências, como diagnóstico de situações, adaptação de estilos de liderança e comunicação eficaz. A responsabilidade do líder no processo de formação de futuros gestores ficou clara, envolvendo suprimento, aplicação, desenvolvimento e manutenção das pessoas.
Nesta lição, você conhecerá as mudanças recentes no mercado de trabalho, afinal, novas formas de trabalho surgiram – e ainda surgirão –, o que impacta diretamente nas relações de subordinação e, por consequência, impões aos líderes a necessidade de se atentarem e buscarem sempre adaptarem-se às novas dinâmicas para se manterem eficazes.
Exploraremos as transformações tecnológicas que impulsionam as novas formas de trabalho, destacando como o monitoramento e a automação estão remodelando os ambientes profissionais. Discutiremos o impacto dos algoritmos nas decisões de gestão e no controle do trabalho, compreendendo como essas mudanças afetam a segurança no emprego e as relações laborais. Além disso, investigaremos como a constante interconexão com dispositivos digitais afeta a vida pessoal dos trabalhadores, analisando os possíveis conflitos entre produtividade e privacidade. E, por fim, identificaremos os desafios enfrentados pelo técnico em administração diante dessas transformações, destacando a necessidade de compreensão e gestão eficaz das novas dinâmicas de trabalho.
Ao final da lição, você estará mais preparado para compreender, analisar criticamente e contribuir ativamente para a discussão e enfrentamento dos desafios associados às novas formas de trabalho e subordinação. Vamos lá?
Os empregadores, cada vez mais, usam a tecnologia para monitorar seus colaboradores, registrando localização, ritmo de trabalho e pausas. Essa prática é comum em empresas que buscam otimizar a eficiência, especialmente em setores como logística e entrega. Entretanto, é necessário estar atento, pois esse tipo de monitoramento pode invadir a privacidade dos trabalhadores, causar estresse e afetar a vida pessoal.
Bastante presente em empresas que adotam modelos mais flexíveis e tecnologicamente avançados, os algoritmos de plataformas direcionam trabalhadores para tarefas, monitoram sua velocidade e dedicação, e, em alguns casos, atribuem pontuações. Entretanto, a utilização desses algoritmos pode aumentar o risco de desligamento de trabalhadores baseados nesses critérios algorítmicos, impactando a estabilidade no emprego.
A constante interconexão com dispositivos digitais monitora as atividades on-line e off-line dos trabalhadores. Isso é uma realidade em empresas em que a flexibilidade e o trabalho remoto são comuns. Esse monitoramento constante pode afetar negativamente a vida pessoal dos trabalhadores, misturando atividades de lazer com métricas de produtividade.
Portanto, os desafios dessas novas formas de trabalho e subordinação envolvem uma complexa interação entre tecnologia, gestão, privacidade e impactos sociais e econômicos. Mas, como podemos garantir uma abordagem equilibrada para lidar com as mudanças, priorizando a eficiência sem comprometer o bem-estar e os direitos dos trabalhadores?
Se você ficou pensativo com essa pergunta, fique tranquilo! É exatamente disso que se trata esta lição!
Prepare-se para conhecer uma história de superação e inovação. Em meio aos desafios impostos pela crise de covid-19, a Resident+ não apenas sobrevive, mas floresce. Nesta lição, você conhecerá uma cativante jornada de uma empresa que, diante das adversidades, decidiu se reinventar completamente.
Após enfrentar desafios significativos durante a crise da pandemia de covid-19, a empresa Resident+ decidiu dar uma virada inovadora em seu modelo de negócios. Anteriormente, especializada na prestação de serviços residenciais com profissionais contratados diretamente, a empresa decidiu se reinventar, tornando-se um marketplace que conecta imobiliárias, indivíduos e prestadores de serviços.
No cenário prévio à transformação, a Resident+ mantinha uma equipe própria de profissionais, garantindo controle direto sobre a qualidade dos serviços. Contudo, a crise econômica pós-pandemia demandou uma reavaliação do modelo. Surgiu, então, o desafio de adaptar-se a um novo paradigma, terceirizando os serviços e passando a atuar como intermediário entre imobiliárias, usuários e prestadores.
A empresa desenvolveu uma plataforma on-line inovadora que conecta imobiliárias e clientes a prestadores autônomos de serviços residenciais, como limpeza, manutenção e reparos. O novo modelo proporciona uma gama mais ampla de opções aos usuários, ao mesmo tempo em que abriu oportunidades de negócios para prestadores independentes.
A transição para o modelo de marketplace significou uma mudança fundamental nas relações entre a Resident+ e seus prestadores de serviços. Antes contratados, esses profissionais agora atuam como terceirizados, gerenciando sua própria agenda e estabelecendo preços competitivos na plataforma. Isso trouxe desafios, mas também possibilitou maior flexibilidade e autonomia aos prestadores.
No início, logicamente, a empresa enfrentou desafios, como equilibrar a qualidade do serviço com a diversidade de prestadores independentes. Além disso, a gestão da reputação e a criação de um ambiente de confiança foram essenciais. A transformação, por sua vez, impulsionou a expansão do mercado, aumentando a oferta de serviços e atraindo uma base mais ampla de usuários e imobiliárias parceiras.
A Resident+ conseguiu reinventar-se diante da crise, transformando desafios em oportunidades. Ao se tornar um marketplace, a empresa não apenas se adaptou às demandas pós-pandemia, mas também redefiniu as relações entre os prestadores e a empresa, proporcionando um novo ecossistema no setor de serviços residenciais. Essa transição não apenas revitalizou a empresa, mas também impulsionou a inovação no mercado, promovendo a flexibilidade e a colaboração entre imobiliárias, usuários e prestadores independentes.
Observe que o case da empresa Resident+ e sua transformação em um marketplace para serviços residenciais se relaciona diretamente à transformação recente do mercado de trabalho, especialmente na abordagem das mudanças nas relações de trabalho e subordinação em meio às transformações tecnológicas e sociais. Nesse cenário, enquanto técnico em administração, você estaria na linha de frente, liderando e facilitando a transição da Resident+ para um futuro de sucesso no mercado de serviços residenciais. Mas, se ficou com dúvida de como fazer isso, fique tranquilo. É exatamente isso que você aprenderá a seguir.
O século XXI marcou o início de uma nova era, não apenas no âmbito político e econômico, mas principalmente no cultural. Com a nova ordem mundial, testemunhamos mudanças nos hábitos e costumes que foram moldados ao longo do tempo, refletindo e fundamentando a natureza evolutiva e aditiva da cultura. A cada nova geração, a humanidade incorpora elementos à cultura anterior, transformando práticas antigas e introduzindo novos costumes (FERRER; OLIVEIRA, 2018).
Esse fenômeno de transformação econômica, política e social, que impacta a estrutura da sociedade, é resultado de uma série de fatores. Destaca-se a revolução tecnológica, que introduziu inovações nos sistemas de produção, efetivamente encerrando o antigo modelo fordista de produção, em que o Estado desempenhava um papel de corretivo de disfunções e falhas do sistema, enquanto também assumia a responsabilidade de ser o principal agente do desenvolvimento (FERRER; OLIVEIRA, 2018).
O desafio constante para as empresas sempre foi aumentar a produtividade e reduzir custos. A superação desses desafios tem sido impulsionada pelo avanço tecnológico, incentivado, entre outras razões, pelo regime concorrencial estabelecido globalmente (SOUZA, 2021). Enquanto as inovações tecnológicas trouxeram avanços notáveis para áreas, como a da saúde, também intensificaram a exclusão digital e social. Uma parte significativa da população permanece à margem dessas inovações, e em relação direta a elas, o desemprego estrutural se destacou nos primeiros anos do novo século, impulsionando o crescimento do mercado de trabalho informal no Brasil, com o trabalho autônomo e informal, superando a subordinação tradicional (FERRER; OLIVEIRA, 2018).
Outro aspecto crucial das inovações tecnológicas é a introdução de novas tecnologias nos processos produtivos, especialmente na metalurgia e indústria automobilística. Essa condição resultou no chamado desemprego estrutural, liberando um número expressivo de trabalhadores do mercado de trabalho (FERRER; OLIVEIRA, 2018).
A questão do desemprego estrutural contemporâneo difere do desemprego cíclico observado em períodos de recessão econômica, quando a mão de obra liberada poderia ser absorvida novamente durante períodos de alta produtividade. Ao contrário, o desemprego causado pela crescente automação do processo produtivo, como a robótica e a cibernética, dificilmente absorveria a mão de obra dispensada, resultando em altas taxas de desemprego (FERRER; OLIVEIRA, 2018).
Diante do desenvolvimento tecnológico e da descentralização dos processos produtivos nas empresas, como o trabalho remoto, o teletrabalho e a especialização do conhecimento, os trabalhadores têm mais liberdade na prestação de serviços, revelando a relativização da subordinação jurídica do empregado ou a necessidade de redefinição e ampliação desse conceito (ALVARENGA, 2014).
O setor de serviços, especialmente aquele vinculado às novas tecnologias, destaca-se no cenário atual brasileiro, envolvendo prestadores com relativa instrução profissional. Esse ramo é intensivo em trabalho, sendo o custo da mão de obra sua principal preocupação, resultando na necessidade de evitar o reconhecimento do típico trabalho subordinado. Em resumo, temos um mercado de trabalho caracterizado pela prestação de serviços, empreitadas e subcontratações, criando um ambiente repleto de relações atípicas e diferenciadas (SOUZA, 2021).
Nas redes sociais, diversas pessoas com interesses variados estão presentes. A programação televisiva predefinida não consegue acompanhar o ritmo das novidades trazidas pela internet. Além de disseminar interesses comuns, a internet oferece a opção de os telespectadores influenciarem as ideias do transmissor por meio de seus comentários. Os usuários também podem enviar currículos para as redes sociais, construindo suas redes de contatos profissionais (LEITE, 2020).
Além disso, as empresas precisam de profissionais que atraiam a atenção para seus sites. Assim, surgiu o marketing digital, que busca especialistas que desenvolvam técnicas de divulgação de produtos on-line. Por exemplo, o Facebook sobrevive dos anúncios publicitários que vende, os famosos merchandisings (LEITE, 2020).
As novas formas de trabalho na quarta revolução industrial: a economia do compartilhamento e o trabalho em plataformas digitais.
Como mencionado anteriormente, o uso mais amplo da tecnologia tem resultado na dispensa, em larga escala, da mão de obra humana, gerando um aumento do desemprego e colocando milhares de pessoas em situação de instabilidade econômica. Isso cria uma maior disponibilidade de pessoas no mercado de trabalho em busca de alguma forma de subsistência e prontas para aderir às novas formas de trabalho mais flexíveis e transitórias (BARRETO, 2022).
Nesse cenário da Indústria 4.0, com a produção baseada na tecnologia da informação e comunicação, as relações de trabalho passam por transformações profundas. Devido à flexibilidade dos meios informacionais, à ampliação do uso da inteligência artificial e ao acesso massivo às diversas atividades por meio de dispositivos conectados à internet, torna-se cada vez mais raro encontrar trabalho com jornadas e locais fixos, nos moldes do taylorismo-fordismo (BARRETO, 2022).
Uma inovação trazida pela Quarta Revolução Industrial é a Economia do Compartilhamento, que remodela a vida em sociedade, definida como “uma onda de novos negócios, que usam a internet para conectar consumidores e provedores de serviço para trocas no mundo físico, como aluguéis imobiliários de curta duração, viagens de carro ou tarefas domésticas” (SLEE, 2019, p. 33). A grande promessa da economia do compartilhamento é auxiliar de forma prioritária aqueles indivíduos mais vulneráveis a ter mais controle de sua própria vida, e isso é possível, tornando-os microempresários e estabelecendo um modelo de trabalho flexível por meio da internet. Contudo, essa abordagem está se disseminando em um mercado livre, inóspito e desregulado em áreas da vida que antes estavam protegidas (BARRETO, 2022).
O trabalho intermediado por plataformas on-line apresenta-se como uma relação triangular entre a empresa da plataforma, os prestadores de trabalho e os compradores de serviços ou produtos, assemelhando-se ao trabalho temporário ou terceirizado, porém com nuances mais difusas. Nessa nova forma de organização do trabalho, pessoas conectadas pela internet oferecem produtos e serviços que são disponibilizados a uma multidão, com finalidade econômica, mediados por plataformas tecnológicas que viabilizam encontros virtuais ou reais para sua concretização, recebendo uma porcentagem por isso. Isso dilui as noções de tempo e espaço, pessoalidade e vínculos profissionais (BARRETO, 2022).
Observa-se que, enquanto no taylorismo os supervisores controlavam todo o processo, assegurando o cumprimento de prazos e a qualidade dos serviços, no neotaylorismo digital, a figura do supervisor foi eliminada, e o controle é exercido pelos algoritmos das plataformas digitais. Eles atribuem tarefas, determinam e fiscalizam o tempo de cumprimento, monitoram a qualidade do produto e classificam os trabalhadores com base nas avaliações dos usuários, tudo de forma invisível para o trabalhador (BARRETO, 2022).
Além disso, as empresas de plataformas não contam com um quadro próprio de empregados, mantendo uma extensa lista de profissionais autônomos cadastrados e disponíveis para realizar o trabalho. As empresas podem ajustar a oferta de trabalho de acordo com a demanda em tempo real, sem a necessidade de planejamento na contratação ou pagamento de horas à disposição, elevando ao máximo a flexibilização das relações de trabalho (BARRETO, 2022).
Os crowd workers são trabalhadores localizados em qualquer país, que se inscrevem em plataformas, como a Amazon Mechanical Turk, a Clickworker, a CrowdFlower e a Microworkers, para realizar microtrabalhos imateriais fragmentados, como busca de metadados específicos, classificação de informações, moderação de conteúdo, verificação de dados, transcrições, entre outros (BERG et al., 2019). Esses trabalhos estão vinculados à alimentação da inteligência artificial de várias empresas.
As mais recentes organizações empresariais, como Uber, iFood, Airbnb, entre outras, atuam no ciberespaço, exigindo interação virtual por parte dos trabalhadores. Conforme Schwab (2016), essas interações são conhecidas como efeito plataforma, que emparelha compradores e vendedores de uma variedade de produtos e serviços, permitindo que a plataforma desfrute de crescentes rendimentos gerados pelos negócios efetivados por esses primeiros.
Os anúncios das empresas-plataformas de trabalho destacam a autonomia e a flexibilidade como principais atrativos para os trabalhadores e a sociedade. Elas promovem a ideia de parceria, fácil obtenção de renda, remuneração substancial, liberdade de horários, ausência de supervisão e independência no trabalho. Segundo essas organizações, as vantagens dessa nova forma de trabalho são ilimitadas e dependem exclusivamente do esforço individual. Expressões como “crie sua própria agenda” e “ganhe dinheiro a qualquer momento, em qualquer lugar” são comuns nessa propaganda (CARDOSO; ARTUR; OLIVEIRA, 2020).
Por sua vez, o trabalho digital sob demanda abrange tanto trabalhos intangíveis quanto tangíveis. No segmento intangível, envolve a oferta de serviços especializados como tradução, consultoria jurídica, contabilidade, entre outros. Já no segmento tangível, é intermediado por várias plataformas de serviços, como transporte, entregas, hospedagem, cuidados com crianças, idosos e enfermos, serviços de reparo, serviços de cozinha em domicílio ou limpeza (CARDOSO; ARTUR; OLIVEIRA, 2020).
Se pensamos no exemplo do YouTube, ele proporciona uma abordagem distinta aos usuários, permitindo que criem canais semelhantes aos da televisão e compartilhem vídeos em uma variedade de temas, como comédia, religião, moda, culinária, jogos, entre outros. Para se tornar um youtuber, é necessário concordar com cláusulas específicas que funcionam como diretrizes para o comportamento dos criadores (LEITE, 2020).
Essas cláusulas são rigorosas e devem ser seguidas pelos proprietários dos canais. Por exemplo, o YouTube é uma plataforma destinada a todas as idades e muitas crianças a utilizam. Dessa forma, a credibilidade do site estaria comprometida se os criadores compartilhassem conteúdo inadequado. Portanto, é estritamente proibido publicar material pornográfico e infringir direitos autorais (LEITE, 2020).
Verifica-se que as modificações pelos vários termos – como economia de demanda, peer-to-peer, crowd work, crowdsourcing, crowdlearning, economia de bico, gig-economy etc. – suscitam especulações acerca de como serão os novos meios utilizados para classificar os novos empregados, de maneira semelhante ao que ocorreu na década de 1970 com a difusão do taylorismo (LEITE, 2020).
O maior desafio para o novo modelo é que o sistema de gestão e mão de obra foi pautado pelo antigo regime de emprego, em que a prestação de serviços ocorria apenas sob as ordens diretas do empregador, gerando um conjunto de trabalho prefixado mediante um determinado tempo. Nesse contexto, surgiu o conceito de subordinação jurídica (LEITE, 2020). Percebe-se que, no neotaylorismo digital, o controle da atividade continua presente, mas invisibilizado por meio dos algoritmos das plataformas, sem a proteção dada ao trabalhador no antigo modelo taylorista/fordista (BARRETO, 2022).
Conforme discutido anteriormente, os empregadores estão, cada vez mais, utilizando a tecnologia para monitorar e controlar o ambiente de trabalho em um grau anteriormente inimaginável, muitas vezes, substituindo o controle humano pelo chefe algorítmico (BARRETO, 2022). Como resultado disso, o uso de instrumentos portáteis pelos trabalhadores torna-se cada vez mais comum, permitindo o registro de todos os seus movimentos, localização, ritmo de trabalho e pausas, enquanto avalia a produtividade em tarefas específicas. A incorporação de sistemas de GPS possibilita o monitoramento da localização e velocidade de motoristas de caminhão e entregadores de plataformas. Os algoritmos das plataformas direcionam os trabalhadores para as próximas tarefas, medem velocidade, dedicação, calculam pontuações e avaliações, podendo resultar no desligamento do trabalhador se o desempenho não atender aos padrões do algoritmo (BARRETO, 2022).
Dessa forma, ocorre uma diluição das fronteiras entre trabalho e vida, com a constante interconexão aos dispositivos de inteligência artificial e serviços digitais que monitoram as condutas on-line e off-line dos indivíduos. Tais práticas podem ter impactos negativos na vida privada dos trabalhadores, expondo dados relacionados a problemas de saúde. Assim, as atividades de fim de semana de um indivíduo podem ser combinadas com métricas de produtividade de segunda-feira. Como resultado, os empregados são submetidos a uma vigilância constante, o que pode levar ao estresse e a quedas na produtividade (BARRETO, 2022).
Agora que tal entender como essa teoria se aplica no dia a dia das empresas? Imagine-se trabalhando sob a supervisão de um chefe algorítmico. Isso mesmo, sem um chefe físico, pois ele estará na tela do seu computador, mais especificamente nos algoritmos da sua plataforma de trabalho. A tecnologia está transformando a forma como o trabalho é gerenciado, e esse tipo de liderança se baseia exclusivamente em resultados mensuráveis, sem a presença física de um superior para fornecer feedback direto.
Na prática, essa teoria se materializa quando os empregadores usam a tecnologia para monitorar e guiar o trabalho, substituindo aquele chefe tradicional pelo “chefe algorítmico”. Os trabalhadores, por sua vez, estão usando instrumentos portáteis que rastreiam todos os seus movimentos, localização e até pausas, enquanto algoritmos calculam sua produtividade. É basicamente ter um GPS no seu rendimento no trabalho.
Agora que tudo está mais claro, é natural que você se questione: como um técnico em administração lidará com a implementação de programas que monitoram e orientam o trabalho dos subordinados? Se você imaginou que sua função poderia estar ameaçada, não se preocupe. Ainda há um papel crucial a desempenhar nesse contexto. Você precisará entender como essas novas formas de trabalho afetam o ambiente empresarial. Por exemplo, será que o pessoal que trabalha na logística, como motoristas de caminhão, podem sentir essa mudança mais de perto? Como lidar com a pressão dos algoritmos? Você precisará ter atenção a esse novo jeito de trabalhar.
Entretanto, há mais aspectos a se considerar. A constante interação com dispositivos de inteligência artificial também apresenta desafios pessoais. A privacidade dos trabalhadores se torna mais vulnerável, o que pode gerar estresse e impactar a produtividade. Portanto, para garantir uma abordagem equilibrada diante das mudanças, o técnico em administração também é essencial, pois ele pode ajudar a implementar políticas que promovam um ambiente de trabalho saudável, atuando como mediador entre empresa e trabalhadores para garantir que ambos sejam considerados. Além disso, pode educar os colaboradores a respeito das mudanças no ambiente de trabalho e das novas tecnologias, preparando-os para os desafios futuros. Isto é, de forma bem mais simplificada, o técnico em administração facilita a harmonia entre eficiência e bem-estar dos trabalhadores, promovendo um equilíbrio necessário para o sucesso organizacional.
Sabendo, agora, o quão importante será sua atuação, que tal um desafio interessante para explorar a integração da tecnologia no ambiente de trabalho de forma eficiente e respeitosa? Vamos criar um projeto que melhore a eficiência do trabalho em um pequeno estabelecimento, como um carrinho de cachorro-quente ou uma loja local. A ideia é propor ideias para um sistema de gerenciamento ou aplicativo que simplifique as operações diárias, mas sem invadir a privacidade dos trabalhadores. Escolha um estabelecimento e pense em como a tecnologia pode ser uma aliada. Tenha como foco algo que proporciona mais eficiência e conforto, sem substituir a interação pessoal e a expertise dos trabalhadores. Depois disso, cada estudante da sua sala pode apresentar suas ideias para promover uma discussão enriquecedora a respeito de como a tecnologia pode ser uma aliada no ambiente de trabalho, mantendo o foco no bem-estar e na produtividade dos trabalhadores. Esse desafio oferecerá uma experiência de aprendizado prática e abrangente para que você e seus colegas sejam capazes de desenvolver habilidades e conhecimentos valiosos para sua futura carreira na administração.
Bom trabalho!
ALVARENGA, R. Z. de. O teletrabalho e a subordinação estrutural. Revista Eletrônica do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, Curitiba, v. 3, n. 33, p. 71-84, 2014.
BARRETO, C. C. N. Trabalho em plataformas digitais: os direitos fundamentais dos trabalhadores face às novas formas de subordinação e aos preceitos do trabalho digno e do trabalho decente. 2022. Dissertação (Mestrado em Direito) – Programa de Pós-Graduação em Direitos e Garantias Fundamentais, Faculdade de Direito de Vitória, Vitória, 2022.
BERG, J. et al. (ed.). Las plataformas digitales y el futuro del trabajo: cómo fomentar el trabajo decente en el mundo digital. Ginebra: OIT – Organización Internacional del Trabajo, 2019.
CARDOSO, A. C. M.; ARTUR, K.; OLIVEIRA, M. C. S. O trabalho nas plataformas digitais: narrativas contrapostas de autonomia, subordinação, liberdade e dependência. Revista Valore, Volta Redonda, v. 5, n. especial, p. 206-230, 2020.
FERRER, W. M. H.; OLIVEIRA, L. J. de. Uberização do trabalho sob a ótica do conceito de subordinação estrutural. Revista Direito UFMS, Campo Grande, v. 4, n. 1, p. 177-194, 2018.
LEITE, Y. As novas tecnologias de subordinação e o direito do trabalho automatizado. Nova Hileia, Manaus, v. 6, n. 3, p. 1-20, 2020.
SCHWAB, K. A quarta revolução industrial. Trad. Daniel Moreira Miranda. São Paulo: Edipro, 2016.
SLEE, T. A uberização do trabalho: a nova onda do trabalho precarizado. Trad. João Peres. São Paulo: Elefante, 2019.
SOUZA, J. T. de. Relações de trabalho: o sentido da subordinação e as novas formas de trabalho. 2021. Dissertação (Mestrado em Direito) – Escola de Direito, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2021.