Olá, estudante! Na lição passada, você refletiu sobre a dualidade entre ser um administrador ou um líder, enfatizando que a liderança é uma habilidade que pode ser desenvolvida, não inata. Você também entendeu a liderança como um conjunto de tarefas e habilidades que podem ser aprendidas e aprimoradas. A importância da comunicação eficaz foi outro assunto abordado, indo além de discursos eloquentes, sendo crucial transformar ideias em mensagens inspiradoras.
A prática da liderança foi apresentada como algo além das estruturas formais, destacando que em determinadas situações, como em projetos estudantis, a liderança pode ser mais importante do que uma autoridade formal. Essa perspectiva desafia a concepção tradicional de liderança, promovendo a compreensão de que a eficácia na liderança está intrinsecamente ligada à capacidade de inspirar, motivar e guiar, independentemente de cargos formais.
Na lição de hoje, você mergulhará em um tema que é fundamental para qualquer gestor de sucesso: liderança! ‘Mas, novamente professor?’ Sim. Você aprendeu sobre a teoria e a figura do líder até agora. Nessa e na próxima lição, você conhecerá os diferentes estilos de liderança.
Sendo assim, nessa lição, você terá uma compreensão aprofundada dos principais estilos de liderança, destacando suas características distintas, contextos de aplicação e implicações práticas. Você também será capaz de identificar situações específicas em um ambiente organizacional em que os estilos de liderança transacional e transformacional são mais apropriados, promovendo uma análise crítica de cenários diversos.
Vamos falar também, sobre algumas questões éticas relacionadas à liderança quando explorarmos os estilos de liderança e vamos juntos fazer algumas reflexões sobre o papel do líder na construção de ambientes de trabalho éticos. Tudo isso será essencial para capacitar você, estudante, a enfrentar desafios organizacionais futuros ao proporcionar insights sobre como adaptar e aplicar os estilos de liderança em contextos dinâmicos e em constante evolução.
Ao almejar esses objetivos, essa lição visa não apenas transmitir conhecimentos teóricos, mas também capacitar você a ter uma compreensão prática e reflexiva dos estilos de liderança, preparando-o para os desafios e complexidades do mundo profissional.
Você já parou para refletir como deve agir um líder nos tempos atuais para ser eficiente e eficaz? Que postura você adotaria para ser um líder nos dias de hoje?
O universo da liderança, ao explorar estilos como Transacional e Transformacional, traz consigo uma série de desafios que permeiam o contexto organizacional. A aplicação prática desses estilos necessita uma leitura densa das situações, pois a Liderança Transacional, caracterizada por recompensas contingentes e gerenciamento por exceção, precisa ser dosada adequadamente.
Os impactos sociais são notáveis, já que a liderança, quando bem-sucedida, não apenas guia uma equipe, mas também influencia a cultura organizacional. Economicamente, a eficácia na liderança impacta diretamente a produtividade e a inovação. Em resumo, os desafios enfrentados ao lidar com esses estilos de liderança exigem uma compreensão refinada das dinâmicas organizacionais. Saber quando ser um líder que recompensa esforços específicos e quando ser um visionário inspirador é a chave para equilibrar a produtividade e o desenvolvimento humano. Essa dualidade desafia os líderes a transcenderam os estilos tradicionais, buscando uma abordagem híbrida que atenda às necessidades variadas de uma equipe e promova um ambiente saudável e inovador.
A TechMedio é uma empresa fictícia de tecnologia liderada por Gilberto, um diretor executivo conhecido por sua visão inovadora e liderança carismática. A TechMedio sempre foi um farol de criatividade, onde a equipe era incentivada a sonhar alto e pensar fora da caixa. No entanto, nuvens escuras começaram a surgir no horizonte inovador da TechMedio com a entrada no cenário da InnovateGrad, uma concorrente que estava agitando as águas com suas inovações revolucionárias. Gilberto, sentindo a pressão do mercado, se viu diante de um dilema.
Em uma sala de reuniões estratégicas, Gilberto percebeu a necessidade urgente de adotar uma abordagem mais rígida para cumprir metas financeiras e de mercado a curto prazo. Ele sabia que precisava equilibrar sua liderança carismática, que sempre alimentou a criatividade da equipe, com a necessidade iminente de resultados tangíveis.
Contudo, Gilberto sabia que sua equipe, acostumada a voos criativos, poderia resistir à abordagem mais autoritária, percebendo-a como restritiva e burocrática. Assim, o desafio de Gilberto era encontrar um caminho que preservasse a cultura inovadora da TechMedio enquanto atendia às demandas competitivas do mercado.
Enquanto Gilberto ponderava sobre o equilíbrio delicado que precisava alcançar, surgiram desafios reais: a resistência da equipe, o alinhamento de valores, a manutenção do ambiente inovador e a necessidade de responder à concorrência.
Os membros da equipe, percebendo a mudança iminente, começaram a questionar o novo rumo. Gilberto, no entanto, sabia que a transição não podia comprometer os valores essenciais da empresa. Ele precisava encontrar um caminho que garantisse a inovação e, ao mesmo tempo, atendesse às demandas do mercado competitivo.
Então, em um dia decisivo, Gilberto convocou a equipe para uma conversa franca. Ele compartilhou suas preocupações, explicou a necessidade da transição e, mais importante, ouviu as vozes da equipe. Juntos eles começaram a traçar um plano que incorporava elementos da liderança carismática e autocrática, buscando um equilíbrio que atendesse às metas imediatas e à cultura única da TechMedio.
E assim, com um esforço conjunto e a sagacidade de Gilberto em liderar essa transição, a TechMedio não apenas enfrentou os desafios do mercado, mas também emergiu como uma empresa que encontrou o equilíbrio perfeito entre inovação e resultados tangíveis. E todos compreenderam que, na liderança, a magia está no equilíbrio entre inspiração e pragmatismo.
Observe que esse relato mostra como um líder enfrenta desafios usando diferentes estilos de liderança. Ele equilibra sua abordagem carismática, que incentiva a inovação, com uma necessidade imediata de resultados tangíveis, adotando uma postura mais autoritária. O foco está na capacidade de adaptação do líder para atender às demandas do mercado e manter a coesão da equipe.
O líder desempenha um papel crucial na construção e sustentação de um ambiente motivacional. Contudo, é importante ressaltar que a motivação de uma pessoa pode não ter o mesmo efeito em outra. Em outras palavras, os fatores motivadores variam entre as pessoas. Portanto, é imperativo que o líder conheça cada membro de sua equipe, compreenda o que os motiva e esteja ciente de suas necessidades e objetivos pessoais. Essa compreensão permite que o líder os incentive a alcançar seus objetivos individuais (CINTRA; DALBEM, 2016).
Chiavenato (2014 p. 18-19) destaca a necessidade da liderança em todas as formas de organização humana, seja em empresas ou em seus diversos departamentos. A liderança é essencial em todas as funções da administração, exigindo que o administrador compreenda a natureza humana e seja capaz de guiar as pessoas, ou seja, liderar. O estudo das teorias de liderança é fundamental para entender os desafios do líder nas organizações e seu papel na gestão de pessoas.
Um estudo realizado por White e Lippitt, em 1939, analisou o impacto de três estilos de liderança diferentes em meninos de dez anos, orientados para a execução de tarefas. Os estilos eram liderança autocrática, liderança liberal (laissez-faire) e liderança democrática (CHIAVENATO, 2014; COSTA, 2021). Os resultados mostraram que os grupos submetidos à liderança autocrática produziram mais. Sob a liderança liberal, houve desempenho inferior em termos de quantidade e qualidade. Já a liderança democrática resultou em níveis quantitativos de produção equivalentes à liderança autocrática, mas com qualidade de trabalho surpreendentemente superior. Na prática, o líder utiliza os diferentes estilos de liderança conforme a situação, as pessoas e as tarefas a serem executadas, alternando entre dar ordens, consultar subordinados e sugerir abordagens para realizar tarefas (CHIAVENATO, 2014).
Atualmente, ainda observamos vestígios de estilos de liderança ineficazes, focados apenas no trabalho e negligenciando as pessoas envolvidas. Alguns líderes retêm informações com medo de perder o poder associado a esses conhecimentos, enquanto outros transferem responsabilidades para colegas de equipe, acreditando que já cumpriram sua parte. Esses comportamentos podem levar a equipes ineficazes e incapazes de alcançar os objetivos organizacionais propostos (CINTRA; DALBEM, 2016).
No cenário das novas abordagens de liderança, destacam-se a liderança carismática ou transformacional, a liderança transacional, a liderança laissez-faire e a liderança situacional (CINTRA; DALBEM, 2016; COSTA, 2021). Nessa lição, abordaremos as duas primeiras, enquanto as subsequentes serão exploradas na próxima aula.
A liderança Transacional, também conhecida como autoritária ou autocrática, tem como objetivo articular e estabelecer posições determinadas pelo líder. Nesse estilo, há menos apoio a mudanças planejadas, sendo que apenas as posições consideradas ‘corretas’ são levadas em consideração. As características principais incluem clareza, direcionamento definido, controle rigoroso e tratamento considerado ‘justo’ (BENEVIDES, 2010).
No contexto da liderança autocrática, o foco está nas tarefas, com um processo decisório centralizado e uma abordagem centralizadora na obtenção de resultados. Este estilo de liderança implica em um ambiente de trabalho menos participativo e com menor liberdade de ideias, concentrando-se na realização de metas e números estabelecidos nos processos de trabalho. O objetivo é atingir as metas, aprimorar os processos e gerir por resultados (COSTA, 2021).
A liderança Transacional se destaca por oferecer recompensas em troca do esforço dos colaboradores, como aumentos salariais, promoções e maior autonomia no uso do tempo. Esse tipo de líder utiliza o poder da recompensa para influenciar o comportamento dos colaboradores conforme as expectativas da organização e para alcançar os objetivos propostos. A interação entre líder e seguidor é marcada por uma troca de interesses, em que o colaborador calcula como se comportar para receber as recompensas oferecidas (CINTRA; DALBEM, 2016).
Os líderes Transacionais baseiam seu poder principalmente em recompensas. Suas habilidades são mais eficazes em ambientes previsíveis e estáveis, onde estratégias de verificação de desempenho anteriores são bem-sucedidas. A essência desse estilo de liderança é a troca justa entre líder e seguidor, criando uma dependência mútua em que ambas as partes recebem benefícios. A liderança Transacional se manifesta através de recompensas contingentes e gerenciamento por exceção, sendo esse último, ativo ou passivo, aplicado somente em situações problemáticas que demandam intervenção (BENEVIDES, 2010).
Apesar de ser o estilo de liderança mais comum nos negócios e na indústria atualmente, a liderança Transacional é vista como um cálculo de ganhos e perdas, com a capacidade de líderes transformarem a sociedade e as organizações dependendo dos recursos pessoais que possuem. Em contraste, a liderança transformacional envolve uma interação mútua entre líderes e liderados, elevando os subordinados à posição de líderes e os líderes a atores morais (BENEVIDES, 2010).
Conforme Robbins (2005), a Teoria da Liderança Carismática explora líderes como aqueles que, devido às suas habilidades pessoais, têm um impacto profundo em seus seguidores. Possuindo uma forte necessidade de poder, eles se consideram altamente eficazes e firmemente convictos da moralidade de suas crenças. Seus seguidores os reconhecem por feitos e capacidades heroicas de liderança. Os estudos sobre liderança carismática buscam identificar as características distintivas desses líderes, destacando-os pela visão, disposição para correr riscos, sensibilidade às necessidades dos liderados e comportamentos fora do comum.
A liderança transformacional, também denominada liderança carismática, é caracterizada por uma qualidade rara, o carisma, que pode ser definido como o poder de cativar e estimular o seguidor. Nesse contexto, o líder transformacional mobiliza os outros para lutar por aspirações compartilhadas, utilizando sua visão para criar significados e símbolos que conduzam à mudança na perspectiva dos seguidores. Essa liderança visa principalmente o crescimento e desenvolvimento dos colaboradores, fundamentando-se em valores como justiça, dignidade, moral e liberdade (CINTRA; DALBEM, 2016).
O líder transformacional concentra-se no processo de desenvolvimento das pessoas, encorajando-as a pensar de forma independente, dedicar-se a causas, produtos ou ideias, tornarem-se corajosas, honestas e confiáveis, e a buscar padrões de desempenho que transcendam suas responsabilidades específicas. A liderança carismática é percebida como natural, inspirando e motivando colaboradores por meio de uma atmosfera visionária que estimula a equipe a trabalhar arduamente. Estudos indicam que a liderança carismática pode estar associada a traços de personalidade, como extroversão, autoconfiança e orientação para a realização de tarefas (CINTRA; DALBEM, 2016).
Benevides (2010) destaca características fundamentais para serem reconhecidas como líderes carismáticos, incluindo autoconfiança, visão, habilidade de articulação, forte convicção, comportamento fora do comum, papel como agentes de mudança e sensibilidade ao ambiente. Os líderes transformacionais, por sua vez, motivam seguidores a superar as expectativas, compartilham riscos e são consistentes com condutas éticas e valores definidos, ganhando respeito e confiança.
A liderança transacional e transformacional são vistas como complementares. A liderança transformacional, embora tenha suas raízes na liderança transacional, consegue alcançar níveis de esforço e desempenho além do que a liderança transacional sozinha poderia obter. É importante ressaltar que a liderança transacional, isoladamente, é considerada limitada se não estiver associada à liderança transformacional (CINTRA; DALBEM, 2016).
Em síntese, a liderança emerge como um fenômeno multifacetado, revelando diferentes abordagens, como a Liderança Transacional e a Transformacional. A Liderança Transacional, também conhecida como autoritária, centra-se na articulação de posições definidas pelo líder, envolvendo recompensas contingentes e gerenciamento por exceção. Em contrapartida, a Liderança Transformacional, muitas vezes associada à liderança carismática, destaca-se pela capacidade carismática do líder, buscando inspirar seguidores a lutar por aspirações compartilhadas e promovendo o crescimento individual.
Esses estilos são complementares com a liderança transformacional transcendendo os limites da liderança transacional. Características como autoconfiança, visão, habilidade de articulação e sensibilidade ao ambiente são fundamentais para os líderes carismáticos, que se destacam por sua capacidade de instilar orgulho, confiança e uma visão compartilhada. Ao considerar a dinâmica entre essas abordagens, torna-se evidente que a liderança eficaz requer uma compreensão equilibrada dos estilos transacional e transformacional, reconhecendo a importância de motivar, inspirar e guiar colaboradores para alcançar objetivos organizacionais e pessoais. Assim, líderes que incorporam elementos de ambas as abordagens podem construir equipes mais engajadas, eficientes e alinhadas com os valores fundamentais da liderança.
Imagine que cada líder é como um personagem principal em um filme. Alguns são mais tranquilos, outros mais intensos, alguns são até meio ‘protagonistas que se acham’. Optar pela Liderança Transacional e Transformacional é como escolher ser um gerente eficiente ou um inspirador de equipes.
Na Liderança Transacional, é como se fosse uma troca de favores. É como um contrato: ‘Você faz isso, eu te dou aquilo’. O líder que está sempre de olho nas metas, recompensando quem alcança e, às vezes, puxando a orelha de quem fica para trás. É o clássico quid pro quo da liderança.
Na Liderança Transformacional, o líder é aquele que vai além das tarefas diárias. Ele quer transformar as pessoas e as equipes. Sabe aquele diretor que motiva todos os atores a darem o melhor de si para criar um filme incrível? Esse é o espírito transformacional. É sobre inspirar, motivar e criar um ambiente onde todos querem brilhar.
Lembre-se, liderança não é somente dar ordens, é inspirar e evoluir juntos. E, nesse momento, entra a importância do profissional técnico em administração, pois ele é quem está nos bastidores, cuidando para que tudo funcione bem. Além disso, esse profissional tem um papel crucial em entender esses estilos de liderança e aplicá-los na prática. Estar nessa posição é como ser o diretor de uma empresa, lidando com diferentes pessoas, cada um com suas habilidades e personalidades.
Mas, é claro, sempre temos desafios. Alguns líderes ainda insistem em ser meio ‘autoritários’, mandando sem ouvir a galera. Outros ficam apenas no ‘transacional’, focados nas metas, esquecendo do crescimento pessoal. O maior desafio é encontrar o equilíbrio, como um bom diretor de filme que sabe quando gritar ‘ação’ e quando dar liberdade para a improvisação.
Agora, o desafio para você: em grupos, pensem em uma situação em que a empresa que vocês trabalham definiu um aumento nas metas de produtividade em 40% para o próximo ano. Imaginem como aplicariam a liderança transacional e transformacional nesse cenário. Escrevam um pequeno roteiro mostrando como vocês, enquanto técnicos em administração, liderariam a equipe nessa situação. Em seguida, compartilhem entre si os roteiros para discutir e aprender com as diferentes abordagens propostas.
BENEVIDES, V. L. de A. Os estilos de liderança e as principais táticas de influência utilizadas pelos líderes brasileiros. Dissertação (Mestrado em Gestão Empresarial) - FGV - Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 2010.
CHIAVENATO, I. Teoria geral da administração. Barueri: Manole, 2014.
CINTRA, J.; DALBEM, E. Comportamento organizacional. Londrina, PR: Editora e Distribuidora Educacional S.A, 2016.
COSTA, A. B. Liderança e comportamento organizacional. Pernambuco: CEFOSPE. 2021.
ROBBINS, S. P. Comportamento organizacional. Trad. téc. Reynaldo Marcondes. 11. ed. São Paulo- Pearson Prentice Hall, 2005.