Ludwig Wittgenstein

Dados Biográficos

"Sobre aquilo do que não se pode falar, deve-se calar." Tractatus Logico-Philosophicus

Ludwig Wittgenstein (1889-1951) foi um filósofo austríaco. Viveu grande parte de sua vida na Inglaterra. É um dos fundadores da filosofia analítica e sua obra, extremamente idiossincrática e original, teve grande influência no desenvolvimento dessa corrente filosófica. Por seu caráter essencialmente assistemático e fragmentário, o pensamento de Wittgenstein deu margem a um grande número de interpretações, muitas vezes divergentes, e seu caráter mais sugestivo do que teórico ou doutrinário fez com que sua influência desse origem a diferentes desenvolvimentos. (1)

Resumo do seu pensamento: A linguagem é composta de proposições: assertivas sobre coisas que podem ser verdadeiras ou falsas. ==> O mundo é composto de fatos: as coisas são de um certo modo. ==> As proposições são "imagens" de fatos, do mesmo modo que mapas são imagens do mundo. ==> Qualquer proposição que não retrate fatos é sem sentido; por exemplo, "matar é ruim". ==> Minha linguagem é, portanto, limitada a declarações de fatos sobre o mundo. ==> Os limites da minha linguagem significam os limites do mundo. (2)

De 1906 a 1908, Wittgenstein estudou engenharia mecânica em Berlim. Em seguida foi para a Universidade de Manchester, onde ficou fascinado pela matemática; em 1911, mudou-se para Cambridge com o intuito de estudar lógica matemática junto a Bertrand Russell. Dois anos depois, Russell declarou que já havia ensinado a Wittgenstein tudo o que podia. Enquanto o interesse de Russell era desvelar os fundamentos lógicos da matemática, Wittgenstein queria investigar os fundamentos da lógica propriamente dita. No início da Primeira Guerra Mundial, ele ingressou no exército austríaco, mas nos quatro anos seguintes trabalhou no que viria a ser o Tractatus Logico-Philosophicus (1922), único livro publicado enquanto era vivo. (3)

(1) JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

(2) VÁRIOS COLABORADORES. O Livro da Filosofia. Tradução de Rosemarie Ziegelmaier. São Paulo: Globo, 2011.

(3) LEVENE, Lesley. Penso, Logo Existo: Tudo o que Você Precisa Saber sobre Filosofia. Tradução de Debora Fleck. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.

Outros Detalhes

"Sobre aquilo do que não se pode falar, deve-se calar." Tractatus Logico-Philosophicus

Wittgenstein, Ludwig (1889-1951). Filósofo austríaco, viveu grande parte de sua vida na Inglaterra, tendo sido professor na Universidade de Cambridge (1929-1947, com algumas interrupções), onde havia anteriormente estudado com Russell e Moore (1912-1913). Wittgenstein é um dos fundadores da filosofia analítica e sua obra, extremamente idiossincrática e original, teve grande influência no desenvolvimento dessa corrente filosófica. Por seu caráter essencialmente assistemático e fragmentário, o pensamento de Wittgenstein deu margem a um grande número de interpretações, muitas vezes divergentes, e seu caráter mais sugestivo do que teórico ou doutrinário fez com que sua influência desse origem a diferentes desenvolvimentos. (1)

A linguagem é composta de proposições: assertivas sobre coisas que podem ser verdadeiras ou falsas.

O mundo é composto de fatos: as coisas são de um certo modo.

As proposições são "imagens" de fatos, do mesmo modo que mapas são imagens do mundo.

Qualquer proposição que não retrate fatos é sem sentido; por exemplo, "matar é ruim".

Minha linguagem é, portanto, limitada a declarações de fatos sobre o mundo.

Os limites da minha linguagem significam os limites do mundo. (2)

De 1906 a 1908, Wittgenstein estudou engenharia mecânica em Berlim. Em seguida foi para a Universidade de Manchester, onde ficou fascinado pela matemática; em 1911, mudou-se para Cambridge com o intuito de estudar lógica matemática junto a Bertrand Russell. Dois anos depois, Russell declarou que já havia ensinado a Wittgenstein tudo o que podia. Enquanto o interesse de Russell era desvelar os fundamentos lógicos da matemática, Wittgenstein queria investigar os fundamentos da lógica propriamente dita. No início da Primeira Guerra Mundial, ele ingressou no exército austríaco, mas nos quatro anos seguintes trabalhou no que viria a ser o Tractatus Logico-Philosophicus (1922), único livro publicado enquanto era vivo.

No prefácio escrito em 1918, Wittgenstein declarou com audácia: "Eu acredito, portanto, ter encontrado, em todos os pontos essenciais, a solução final para os problemas" - leia-se os problemas de filosofia. Tudo era uma questão de linguagem - especificamente, de sua natureza e limitações.

O mundo é composto de fatos "atômicos" distintos, a partir dos quais fatos mais complexos podem ser construídos. De modo similar, a linguagem, cujo objetivo é declarar os fatos, também é composta de proposições "atômicas", a partir das quais proposições mais complexas podem ser construídas. Juntos, linguagem e pensamento oferecem uma imagem do estado das coisas a que se referem. Para ter significado, a linguagem precisa englobar proposições que sejam imagens dos fatos que compõem o mundo; precisa referir-se ao real. Assim, faz-se pouco caso da filosofia especulativa, sem mencionar os juízos de valor, literalmente sem sentido. Após ter concebido esse esquema logicamente coerente, graças ao qual ninguém precisa falar mais uma vez em nonsense, Wittgenstein sentiu que havia chegado ao fim da linha na filosofia e começou a procurar uma nova carreira. No entanto, acabou ficando evidente que esse era apenas o fim da fase um da filosofia.

Wittgenstein herdara uma fortuna quando o pai morreu, em 1913, mas decidiu abrir mão dela, optando a partir de 1920 por levar a vida como professor escolar na parte rural da Áustria. Quando constatou que a experiência não deu certo, voltou-se para a arquitetura e construiu uma casa para uma das irmãs, em Viena. Enquanto este por lá, em 1929, conheceu alguns membros do Círculo de Viena, que estavam ocupados desenvolvendo as ideias do Tractatus sob os rigorosos princípios do positivismo lógico. As atividades deles devem ter convencido Wittgenstein de que a filosofia guardava mais desafios, porque ele voltou Cambridge naquele ano, primeiro como membro do Trinity College e depois, de 1939 a 1947, como professor catedrático de filosofia. Foi então que seu trabalho tomou novos rumos e foi resumido em Investigações filosóficas (1953), em que ele parece rejeitar grande parte do que havia dito no Tractatus.

Nessa obra posterior, Wittgenstein não enxerga mais a linguagem como um sistema estático, lógico; ele passa a ser um meio para a comunicação e para promover as funções sociais no mundo real, ou seja, algo que muda de acordo com o contexto. Ele identifica o que chama de "jogos de linguagem" - diferentes tipos de linguagem com diferentes usos - e cada um tem suas próprias regras, mas juntam-se para servir de conjunto de ferramentas para filósofos. A clareza só pode vir quando se reconhece essa diversidade. Para Wittgenstein, no final das contas, o objetivo parece ser usar a linguagem para desemaranhar os emaranhados linguísticos criados pelos filósofos, eliminando assim os problemas em vez de precisar solucioná-los. (3)

(1) JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

(2) VÁRIOS COLABORADORES. O Livro da Filosofia. Tradução de Rosemarie Ziegelmaier. São Paulo: Globo, 2011.

(3) LEVENE, Lesley. Penso, Logo Existo: Tudo o que Você Precisa Saber sobre Filosofia. Tradução de Debora Fleck. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.

Notas

Então, voltando à pergunta que Epicuro fez, por que temer a morte? A morte não é algo que acontece a nós. Quando acontece, não estamos lá. Ludwig Wittgenstein, filósofo do século XX, repetiu essa visão quando escreveu em seu Tractatus Logico-Philosophicus que “a morte não é um acontecimento da vida”. A ideia aqui é que os acontecimentos são coisas que experimentamos, mas a morte é a remoção da possibilidade da experiência, e não alguma coisa da qual poderíamos ter ciência, ou algo por que passaríamos de alguma maneira.

Wittgenstein, Heidegger e Dewey. Cada um deles tentou uma nova maneira de tornar a Filosofia "fundamental" — uma nova maneira de formular um contexto último para o pensamento. Wittgenstein procurou construir uma nova teoria da representação que nada teria a ver com o mentalismo. Heidegger tentou construir um novo conjunto de categorias filosóficas que nada teriam a ver com a ciência, a epistemologia, ou a busca cartesiana da certeza, e Dewey tentou constituir uma versão naturalizada da visão hegeliana da história.

Adormecidos com a rotina dos dias iguais, esquecemo-nos do assombro agostiniano perante o mistério do tempo (“Si Nemo a me quaeret, scio, si quaerenti explicare velim, nescio.” Santo Agostinho, Confissões, XX, 14.). Com respeito a esta frase, L. Wittgenstein nas suas Philosophische Untersuchungen, propõe: “Aquilo que sabemos quando ninguém nô-lo pergunta, mas não sabemos quando o pretendemos explicar é algo sobre o qual devemos refletir”.