John Stuart Mill

Dados Biográficos

"Para que o mal triunfe, basta que os homens de bem se omitam." (Discurso inaugural na Universidade de St. Andrews, 1867)

John Stuart Mill (1806-1873) foi um filósofo e economista inglês, filho de James Mill, secretário da East India Company. O pai deu-lhe especial educação, que consistiu em muitos estudos sobre Filosofia e Ciência Política. Ele também serviu na East India Company, tendo ingressado, mais tarde, no Parlamento como liberal. Toda a sua vida foi pautada por uma intensa atividade: fundou revistas, círculos de estudos e foi membro do Parlamento.

Seus livros principais são: System of Logic (Sistema de lógica, 1843), Essays on Some Unsettled Questions on Political Economy (Ensaios sobre algumas questões não resolvidas de economia política, 1844), Principles of Political Economy (Princípios de economia política, 1848), Utilitarianism (Utilitarismo, 1863).

Resumo do seu pensamento: As decisões devem ser tomadas sob o princípio do máximo bem possível para o máximo de pessoas possível. ==> Indivíduos devem ser livres para fazer o que lhes proporcione prazer, ainda que isso posso prejudicá-los... ==> ...mas eles não estão autorizados a fazer coisas que prejudiquem os outros. ==> Os indivíduos podem escolher fazer as coisas que afetam seus próprios corpos, mas não o de outra pessoa. ==> Sobre seu próprio corpo e mente, o indivíduo é soberano. (1)

John Stuart Mill, o mais eminente do grupo de filósofos britânicos do século XIX, propôs e desenvolveu a doutrina do utilitarismo. Ele foi um reformador social, um defensor da liberdade tanto política quanto pessoal e um filósofo e lógico de considerável importância. Seu trabalho On Liberty, publicado em 1859, discute os sistemas legais e governamentais. Na introdução do seu ensaio dizia que a única liberdade que merece o nome de liberdade é aquela em que cada um procurando o seu próprio interesse não prejudica o próximo a conquistar o dele. Acha ele que as pessoas devem ser livres, mas muitas vezes acontece que os governos são constituídos de forma arbitrária. É a partir daí que discute todo o problema envolvido entre a autoridade e a liberdade.

O ponto inicial da sua filosofia foi o trabalho de Jeremy Bentham, reformador radical que primeiro disseminou a ideia "da maior felicidade para o maior número", como um princípio moral. Isto ficou conhecido como o princípio da utilidade. No Utilitarismo Mill desenvolve este princípio como uma teoria moral que provê a direção de como viver virtuosamente. A doutrina da utilidade, disse ele, "assegura que as ações são certas na proporção que elas tendem a promover felicidade, erradas quando elas tendem a promover o inverso da felicidade".

(1) VÁRIOS COLABORADORES. O Livro da Filosofia. Tradução de Rosemarie Ziegelmaier. São Paulo: Globo, 2011.

Outros Detalhes

Mill, John Stuart (1806-1873). Filho de James Mill, secretário da East India Company. O pai deu-lhe especial educação, que consistiu em muitos estudos sobre Filosofia e Ciência Política. Ele também serviu na East India Company, tendo ingressado, mais tarde, no Parlamento como liberal. (1)

O filósofo e economista inglês (nascido em Londres) John Stuart Mill sempre esteve preocupado com a reforma e a melhoria das condições de vida dos homens. Toda a sua vida foi pautada por uma intensa atividade: fundou revistas, círculos de estudos e foi membro do Parlamento. Seus livros principais são: System of Logic (Sistema de lógica, 1843), Essays on Some Unsettled Questions on Political Economy (Ensaios sobre algumas questões não resolvidas de economia política, 1844), Principles of Political Economy (Princípios de economia política, 1848), Utilitarianism(Utilitarismo, 1863). É considerado um dos primeiros a elaborar as chamadas leis da prova ou da pesquisa científica: expôs as quatro regras fundamentais do método experimental, já anunciada por Francis Bacon: concordância, diferença, resíduos e variações concomitantes. Retomou de Bentham o princípio segundo o qual o interesse e o prazer constituem as molas da conduta humana, para elaborar uma moral utilitarista: do ponto de vista da moral, a utilidade é o principal critério da atividade humana; não há em nós uma consciência moral capaz de designar o bem e portadora de princípios de ação; o bem e o mal são uma questão de experiência; a reflexão moral se funda no fato de que os homens são seres sociais; os sentimentos morais fundamentais são a simpatia e a fraternidade. (2)

As decisões devem ser tomadas sob o princípio do máximo bem possível para o máximo de pessoas possível.

Indivíduos devem ser livres para fazer o que lhes proporcione prazer, ainda que isso posso prejudicá-los...

...mas eles não estão autorizados a fazer coisas que prejudiquem os outros.

Os indivíduos podem escolher fazer as coisas que afetam seus próprios corpos, mas não o de outra pessoa.

Sobre seu próprio corpo e mente, o indivíduo é soberano. (3)

Mill era um empirista empenhado, convencido de que a verdade só pode ser obtida por meio da experiência. Acreditava que a alternativa - confiar na intuição - simplesmente reforçava os preconceitos existentes. Ele tinha como objetivo produzir um conjunto de conhecimento empíricos que pudesse ser aplicado tanto à política e à moral quanto às ciências. Sua primeira obra importante, a que estabeleceu sua reputação como principal filósofo inglês do século XIX, foi Sistema de lógica (1843). O livro detalha os princípios da lógica e da matemática e discute dedução e indução, observação e classificação, falácias do raciocínio e das ciências morais. Havia nisso tudo uma dimensão prática evidente, uma vez que Mill esperava que seu sistema pudesse ajudar a desencadear mudanças sociais e políticas.

Seu livro mais conhecido, A liberdade (1859), discute a liberdade do indivíduo em relação à sociedade e ao Estado, argumentando que "o único propósito para o qual o poder pode ser legitimamente exercido sobre qualquer membro de uma comunidade civilizada, contra a sua vontade, é o de prevenir o dano a terceiros. O seu próprio bem, físico ou moral, não é justificativa suficiente". A posição de Mill não se baseava em ideias acerca de direitos, mas numa crença na utilidade: se cada um fosse em busca da própria felicidade, todos juntos conseguiriam promover o bem geral da sociedade. A maioria não deveria eliminar aqueles que discordassem dela, e a liberdade de expressão deveria ser estimulada, porque o debate genuíno permite que as pessoas examinem suas convicções.

A obra Utilitarismo (1863) propõe que existem padrões objetivos do que é certo e bom, sendo que o bom equivale à felicidade suprema. No entanto, Mill acrescenta um desvio em relação ao pensamento de Jeremy Bentham, fazendo a distinção entre prazeres elevados e prazeres baixos. Entre seus outros livros, A submissão das mulheres (1869) desenvolve argumentos em prol da liberdade individual - "a subjugação legal de um sexo ao outro está errada em si mesma [...]" - e em prol do bem geral - "[...] e atualmente [é] um dos maiores empecilhos ao progresso humano". (4)

(1) FROST JR., S. E. Ensinamentos Básicos dos Grandes Filósofos. São Paulo: Cultrix.

(2) JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

(3) VÁRIOS COLABORADORES. O Livro da Filosofia. Tradução de Rosemarie Ziegelmaier. São Paulo: Globo, 2011.

(4) LEVENE, Lesley. Penso, Logo Existo: Tudo o que Você Precisa Saber sobre Filosofia. Tradução de Debora Fleck. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.

Notas

Imagine que você tenha vivido distante de outras crianças durante a maior parte de sua infância. Em vez de passar o tempo brincando, você aprenderia grego e álgebra com um professor particular, ou se envolveria em conversas com adultos extremamente inteligentes. O que você teria se tornado? Isso foi mais ou menos o que aconteceu com John Stuart Mill (1806-1873). Ele foi um experimento educacional. Seu pai, James Mill, amigo de Jeremy Bentham, tinha a mesma visão de Locke de que a mente das crianças era vazia, como um quadro branco. James Mill estava convencido de que, se criasse uma criança da maneira correta, haveria uma boa chance de ela se tornar um gênio. Por isso, James ensinou seu filho John em casa, garantindo que o menino não perdesse tempo brincando ou aprendendo maus hábitos. Contudo, não se tratava apenas de transmitir conteúdos para aprovação em provas, muito menos de uma memorização forçada ou algo desse tipo. James ensinou John a usar o método de questionamento socrático, encorajando o filho a explorar as ideias que aprendia, em vez de simplesmente repeti-las.

Mill aplicava seu pensamento utilitarista a todos os aspectos da vida. Ele pensava que os seres humanos se pareciam um pouco com as árvores. Se não damos à árvore o espaço necessário para ela se desenvolver, ela será fraca e retorcida. Todavia, na posição correta, ela pode realizar todo o seu potencial, atingindo uma altura e uma extensão consideráveis. De maneira semelhante, nas circunstâncias corretas, os seres humanos prosperam, e isso gera boas consequências não só para o indivíduo em questão, mas também para toda a sociedade – a felicidade é maximizada. Em 1859, Mill publicou um livro curto, porém inspirador, defendendo sua visão de que dar às pessoas o espaço que julgam ser conveniente para se desenvolverem era a melhor maneira de organizar a sociedade. Esse livro chama-se Sobre a liberdade e ainda hoje é amplamente lido. (WARBURTON, Nigel. Uma Breve História da Filosofia. Tradução de Rogério Bettoni. Porto Alegre, RS: L&PM, 2012. [Coleção L&PM POCKET])

A transformação da economia em ciência econômica revela-nos um grande ensinamento. Observe que John Stuart Mill (1806-1873) assinala nos seus Essays on Some Unsettled Questions of Political Economy que normalmente a definição de uma ciência não precede, mas sucede a criação dessa mesma ciência. Por quê? Só com o progressivo estabelecimento dos princípios gerais dos diversos problemas que ela pretende resolver, é que a diversidade de definições se vem a realizar. Foi isso que conseguiu Lionel Robbins ao definir a Economia como a ciência que estuda o comportamento humano como uma relação entre fins e meios escassos que possuam usos alternativos.

John Stuart Mill (1806-1873), sendo utilitarista e liberal, adapta o positivismo comtiano ao utilitarismo inglês, porém impregnado de conteúdos éticos e políticos bem específicos. Herdeiro de Jeremy Bentham (1748-1832), que relaciona o bem ao prazer e o mal à dor, Mill estabelece que o bem-estar deva estar disponível ao maior número possível de indivíduos. O positivismo de Mill é essencialmente pragmático.