Francis Bacon

Dados Biográficos

"Conhecer de verdade é conhecer pelas causas." (Francis Bacon)

Francis Bacon (1561-1626) foi um filósofo, político e ensaísta inglês. Nasceu em Londres. Galgou grande posição no governo inglês, tendo sido lord-chanceler. Mas sua venalidade como juiz provocou-lhe a queda e a prisão. Tendo sido perdoado pelo rei, afastou-se da vida pública e mergulhou nos estudos. Recebeu os títulos de Visconde de Albans e Barão de Verulam. Foi importante na formulação de teorias que fundamentaram a ciência moderna. É considerado o pai do método experimental.

O conhecimento científico ergue-se sobre si mesmo. ==> Ele avança firme e cumulativamente, descobrindo leis e tornando invenções possíveis. ==> Ele permite que as pessoas façam coisas que não poderiam ser feitas. ==> Conhecimento é poder. (1)

Paralelamente à atividade política, Bacon elaborou uma importante obra filosófica reunida em textos como Novum Organum (1620, Novo Método) e De Dignitate et Augmentis Scientiarum (1623, Sobre a Dignificação e Progresso da Ciência). Nessas obras, Bacon salienta a primazia dos fatos em relação à teorização e rejeita a especulação filosófica como cientificamente válida. Seus textos deveriam fazer parte de uma obra ambiciosa que ficou inacabada, intitulada Instauratio Magna (Grande Restauração), com a qual pretendia criar uma nova ciência, capaz de restaurar o saber, infecundo e falso dos pensadores precedentes.

Para Bacon, o conhecimento científico tem por finalidade servir o homem e conferir-lhe poder sobre a natureza. Dizia que a verdadeira filosofia não é, exclusivamente, a ciência das coisas divinas e humanas, mas a simples busca da verdade. Achava que a descoberta dos fatos verdadeiros não depende de esforços puramente mentais, mas sim da observação e da experimentação guiada pelo raciocínio indutivo. O empirismo científico de Bacon devolveu ao homem o gosto pelo concreto e pela experiência. (2)

A formulação do método experimental e indutivo exige, como condição, a eliminação de falsas noções, que Bacon denomina “ídolos”, fantasmas de verdade, imagens tomadas por realidade: a) os ídolos da tribo, isto é, falsas noções da espécie humana; b) os ídolos da caverna, as falsas noções provenientes de nossa psicologia individual; c) os ídolos de mercado, as falsas noções provenientes da psicologia social; d) os ídolos do teatro, as falsas noções provenientes das doutrinas em voga. Assim, o projeto Bacon, para quem, “saber é poder”, consiste, primeiramente, em aperfeiçoar a ciência; em seguida, em aperfeiçoar a ordem social; finalmente, em conferir soberania aos homens de ciência. (3)

Frases Francis Bacon: "Na caridade não há excessos."; "Não lutes contra o destino, e não lutes contra a corrente: seria gastar inutilmente forças e recursos."; "Nas deliberações é imprescindível prever os perigos, mas na sua execução é conveniente não vê-los, exceto quando grandes em demasia"; "Não leia para contradizer e confundir; ou para acreditar e aceitar cegamente; ou para encontrar assunto de conversas, e sim para pesar e considerar. Alguns livros devem ser saboreados outros devem ser engolidos, alguns devem ser mastigados e digeridos; quer dizer, alguns livros devem ser parcialmente lidos; outros devem ser lidos, mas não com curiosidade; alguns poucos devem ser lidos inteiros, e com empenho e atenção."; "É triste o estado da alma de quem pouco tem que desejar, e muito a temer."; "O sábio cria para si mais ocasiões que as que se lhe deparam."

(1) VÁRIOS COLABORADORES. O Livro da Filosofia. Tradução de Rosemarie Ziegelmaier. São Paulo: Globo, 2011.

(2) https://www.ebiografia.com/francis_bacon/

(3) JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

https://sbgfilosofia.blogspot.com/2020/02/bacon-francis.html

Francis Bacon: em Forma de Palestra

SUMÁRIO: 1. Dados Pessoais. 2. Bacon e a Nova Ciência. 3. O Método Indutivo. 4. As Regras da Experimentação. 5. A Teoria dos Idola. 6. Bibliografia Consultada.  

1. DADOS PESSOAIS 

Francis Bacon (1561-1626) é o pai da ciência na Inglaterra. Bacon era um homem extremamente versátil: advogado, estadista, moralista, ensaísta, literário e filósofo. Sua fama não provém de alguma descoberta científica, mas do método que emprestou à ciência e às inspirações dos novos cientistas. A sua contribuição, que hoje nos parece óbvia, diz respeito ao seu empiricismo: observar a natureza, conduzir experimentos e formular leis naturais, através da indução. 

2. BACON E A NOVA CIÊNCIA 

A Nova Ciência começa com Francis Bacon que, em seu Novum organum, descortina-nos os fundamentos do método indutivo e experimental. Na lógica aristotélica, o caminho do conhecimento é dedutivo, ou seja, do geral ao particular. Francis Bacon propõe o método indutivo, do particular ao geral, capaz de estabelecer as leis rigorosas da observação empírica. Em linhas gerais, este método se baseia nas tentativas e erros e no aperfeiçoamento sucessivo das hipóteses. Conforme vão se sucedendo os experimentos, descartam-se os erros e mantêm-se os acertos. 

3. O MÉTODO INDUTIVO 

Para Bacon, o método científico baseia-se na indução, que é um saber das obras, não das palavras. No passado, era sábio quem conseguia, através da retórica, vencer dialeticamente um adversário; no presente, o confronto deve ser posto em relação à natureza. Deve-se, assim, recusar o método dedutivo, que considerava a verdade como uma consequência de afirmações precedentes, e adotar o método indutivo, porque baseado em estatísticas observáveis. Segundo o seu ponto de vista, devemos estudar os erros para evitá-los. “O engano muitas vezes é decorrência da presença, no intelecto humano, de uma série de ídolos, ou seja, de crenças inconscientes, suposições, prejulgamentos e preconceitos que condicionam a aquisição do novo saber”. 

No método indutivo, sobe-se gradualmente do particular ao geral até chegar à máxima generalização possível, que são as leis ou princípios. Essa nova lógica indutiva e experimental está desenvolvida no Novum organum (1620), obra fundamental de Bacon e que devia fazer parte da Instauratio magna (A grande instauração), um grande tratado geral das ciências que jamais foi concluído. O Novum organum tem a pretensão de substituir o organon que é como se chamava tradicionalmente a velha lógica aristotélica. 

4. AS REGRAS DA EXPERIMENTAÇÃO  

Para que a observação seja a mais rigorosa possível, propõe o uso de algumas “tabelas”: 

a) “tabelas de presença”, em que se registram os casos verificados em um determinado fenômeno; 

b) “tabelas de ausência”, em que se registram os casos, ao contrário do que se esperava, o fenômeno não ocorre; 

c) “tabelas de grau”, nas quais se assinala o aumento ou diminuição do fenômeno.  

Os dados registrados nas diferentes tabelas são depois comparados atentamente, com o objetivo de estabelecer uma primeira hipótese. Essa primeira hipótese tem somente o valor de prova e deve-se verificá-la empiricamente. Com a verificação, surgem novos erros e, em consequência, formulam-se novas hipóteses, mais próximas da verdade. 

5. A TEORIA DOS IDOLA 

Em seu Novum organum, critica os erros e preconceitos e os denomina de idola (ídolos). Aponta quatro tipos de ídolos:  

a) Os “ídolos da tribo”. Representam a tendência humana conservadora, que resiste a aceitar o novo e que, em contrapartida, inclina-se a seguir as impressões fortes, distorcendo assim os fatos; 

b) Os “ídolos da caverna”. Procedem da vontade subjetiva de cada indivíduo; são suas ideias, gostos, inclinações etc. que se projetam nas coisas até deformá-las; 

c) Os “ídolos do mercado”. Originam-se do contato entre os homens e derivam quase sempre da linguagem. Propiciam o uso de conceitos ilusórios para coisas inexistentes e causam assim uma autêntica confusão; 

d) Os “ídolos do teatro”. Falsas teorias que enganam os homens do mesmo modo que os comediantes enganam o público no teatro. Todos os ídolos, como forma de erros, devem ser demolidos para se poder atingir o conhecimento real e objetivo das coisas.  

6. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA  

TEMÁTICA BARSA - FILOSOFIA. Rio de Janeiro, Barsa Planeta, 2005.

São Paulo, agosto de 2013.






Notas

A ciência moderna começou com a revolucionária teoria heliocêntrica do astrônomo Nicolau Copérnico (1473-1543). Antes dele, a visão do mundo provinha da teoria de Ptolomeu, que incorporada à doutrina da Igreja, descrevia a Terra como o centro do Universo. Copérnico, ao afirmar a falsidade da teoria de Ptolomeu, indiretamente contrariava a doutrina da Igreja. Esta, sem dúvida, foi a razão pela qual demorou em tornar pública a sua descoberta científica.

Em seguida, surge Francis Bacon (1561-1626), o pai da ciência na Inglaterra. Bacon era um homem extremamente versátil: advogado, estadista, moralista, ensaísta, literário e filósofo. Sua fama não provém de alguma descoberta científica, mas do método que emprestou à ciência e às inspirações dos novos cientistas. A sua contribuição, que hoje nos parece óbvia, diz respeito ao seu empiricismo: observar a natureza, conduzir experimentos e formular leis naturais, através da indução.

A Nova Ciência começa com Francis Bacon que, em seu Novum Organon, descortina-nos os fundamentos do método indutivo e experimental. Na lógica aristotélica, o caminho do conhecimento é dedutivo, ou seja, do geral ao particular. Francis Bacon propõe o método indutivo, do particular ao geral, capaz de estabelecer as leis rigorosas da observação empírica. Em linhas gerais, este método se baseia nas tentativas e erros e no aperfeiçoamento sucessivo das hipóteses. Conforme vão se sucedendo os experimentos, descartam-se os erros e mantêm-se os acertos.

Galileu dá prosseguimento ao método indutivo de Bacon. Para ele, o Universo está escrito em linguagem matemática. É preciso, assim, unir observação dos dados e cálculos matemáticos. Desta forma, o fator mais importante na experimentação científica é tornar mensuráveis os fenômenos da natureza. Galileu não está interessado na metafísica, nos porquês disso e daquilo. Ele procura os detalhes numéricos e não a especulação filosófica. Ao referir-se ao Planeta Júpiter, por exemplo, não está interessado em discutir quem o criou, mas saber a sua distância em relação aos outros planetas, a sua composição física e se há possibilidade de vida humana.

Outros Detalhes

Bacon, Francis (1561-1626). Nasceu em Londres. Galgou grande posição no governo inglês, tendo sido lord-chanceler. Mas sua venalidade como juiz provocou-lhe a queda e a prisão. Tendo sido perdoado pelo rei, afastou-se da vida pública e mergulhou nos estudos. (1)

Queria libertar a filosofia das garras da escolástica e lançá-la no caminho das luzes, fazendo crescer o bem-estar da humanidade. Depois de uma adolescência órfã e pobre, galgou os postos mais importantes. Em 1583, foi eleito membro do Parlamento, tornou-se chanceler em 1618. O Parlamento o acusa de corrupção e o condena em 1621. Doente e arruinado, morre cinco anos mais tarde. Sonhou sempre com a reforma da filosofia, cujo plano de conjunto está em sua obra Instauratio Magna, da qual o Novum Organum constitui o prefácio. Entre 1597 e 1623, publica os Essays (Ensaios), tratando de todas as questões com uma exuberância própria ao estilo renascentista. Contra as disputas estéreis da escolástica, declara que “a ciência não é um conhecimento especulativo, nem uma opinião a ser sustentada, mas um trabalho a ser feito” a serviço da utilidade do homem e de seu poder. Para dominar a natureza, precisamos antes conhecer as suas leis por métodos comprovados. O novo método deve consistir na observação da natureza. Contudo, para se  ver claro, é necessário, antes, fazer uma classificação das ciências: as ciências da memória (ou história), as ciências da razão (filosofia) e as ciências da imaginação (poesia). Em seguida, Bacon estabelece o método experimental de pesquisadas causas naturais dos fatos: em primeiro lugar, devemos acumular os fatos; em seguida, classificá-los; e finalmente, determinar sua causa. Contudo, a formulação desse método experimental e indutivo exige, como condição, a eliminação de falsas noções, que Bacon denomina “ídolos”, fantasmas de verdade, imagens tomadas por realidade: a) os ídolos da tribo, isto é, falsas noções da espécie humana; b) os ídolos da caverna, as falsas noções provenientes de nossa psicologia individual; c) os ídolos de mercado, as falsas noções provenientes da psicologia social; d) os ídolos do teatro, as falsas noções provenientes das doutrinas em voga. Assim, o projeto Bacon, para quem, “saber é poder”, consiste, primeiramente, em aperfeiçoar a ciência; em seguida, em aperfeiçoar a ordem social; finalmente, em conferir soberania aos homens de ciência. Ele defende essa ideia em New Atlantis (Nova Atlântida), cidade ideal na qual fixa um objetivo humano para a ciência: lutar contra a ignorância, o sofrimento e a miséria, e permitir ao império humano realizar tudo o que é possível, propagando ciência e cultura. (2) 


O conhecimento científico ergue-se sobre si mesmo

Ele avança firme e cumulativamente, descobrindo leis e tornando invenções possíveis. 

Ele permite que as pessoas façam coisas que não poderiam ser feitas

Conhecimento é poder. (3)


(1) FROST JR., S. E. Ensinamentos Básicos dos Grandes Filósofos. São Paulo: Cultrix. 

(2) JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

(3) VÁRIOS COLABORADORES. O Livro da Filosofia. Tradução de Rosemarie Ziegelmaier. São Paulo: Globo, 2011. 

Pensamentos

"Na caridade não há excessos." (Francis Bacon) 

"Conhecer de verdade é conhecer pelas causas."  (Francis Bacon) 

"Não lutes contra o destino, e não lutes contra a corrente: seria gastar inutilmente forças e recursos." (Francis Bacon) 

"Nas deliberações é imprescindível prever os perigos, mas na sua execução é conveniente não vê-los, exceto quando grandes em demasia".   (Francis Bacon)

"Não leia para contradizer e confundir; ou para acreditar e aceitar cegamente; ou para encontrar assunto de conversas, e sim para pesar e considerar. Alguns livros devem ser saboreados outros devem ser engolidos, alguns devem ser mastigados e digeridos; quer dizer, alguns livros devem ser parcialmente lidos; outros devem ser lidos, mas não com curiosidade; alguns poucos devem ser lidos inteiros, e com empenho e atenção." (Francis Bacon)

"É triste o estado da alma de quem pouco tem que desejar, e muito a temer." (Francis Bacon)

"O sábio cria para si mais ocasiões que as que se lhe deparam." (Francis Bacon)

"Não procedas segundo a opinião do vulgo, e sim segundo o reto juízo." (Francis Bacon)