Lúcio Abreu Sêneca

Dados Biográficos

"Quem não souber morrer bem terá vivido mal." (Sobre a tranquilidade do espírito)

Sêneca (4 a.C. - 65 d.C.) nasceu em Córdoba, Espanha. Levado muito jovem para Roma, teve mestres estoicos, que lhe abriram a mente para a reflexão filosófica e um modo austero de viver. Fez carreira como advogado e político. Para ele, a filosofia só tem valor se for mais prática do que teórica.

Era um escritor assistemático e eclético. Muitas vezes contraditório, aproveitava tudo o que achava verdadeiro de outras doutrinas. Seguindo a linha da tradição cínico-estoica, pensava que a filosofia só tem significado como studium virtutis, ou seja, dá ênfase ao ponto de vista prático. Suplanta o materialismo estoico: "o corpo é cárcere da alma; a alma é o verdadeiro homem que tende a libertar-se do corpo". Acredita que a consciência é uma espécie de conhecimento claro, originário, impossível de eliminar, do bem e do mal.

Em seus livros De Clementia, De Beneficiis, De Otio etc. faz reflexão sobre a liberdade, a justiça, a tirania e participação dos cidadãos na vida pública. A filosofia de Sêneca está expressa em seus Ensaios Morais e nas Epístolas Morais a Lucílio, uma série de dez diálogos e 124 cartas em latim, nos quais oferece conselhos práticos sobre os mais variados assuntos: providência, amizade, brevidade da vida, terrores da morte, medos infundados, ira, virtude, vida feliz, prática do bem, clemência, vida simples, tranquilidade etc.

Em todos os seus textos, o autocontrole tem importância suprema. Para Sêneca, os homens só podem ser considerados grandiosos na medida em que aprendem a controlar a si próprios e a dominar seus desejos. O sofrimento é apenas um teste capaz de fortalecer os indivíduos, ao passo que a raiva, a tristeza e o medo são armadilhas emocionais com o poder de escravizá-los.

Fonte de Consulta

JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

LEVENE, Lesley. Penso, Logo Existo: Tudo o que Você Precisa Saber sobre Filosofia. Tradução de Debora Fleck. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.

LOGOS – ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE FILOSOFIA. Rio de Janeiro: Verbo, 1990.

Outros Detalhes

Sêneca (4 a.C.-65 d.C.). O romano Sêneca (nascido em Córdoba, Espanha) é conhecido como filósofo estoico e pensador político. Em seus livros De Clementia, De Beneficiis, De Otio etc. faz reflexão sobre a liberdade, a justiça, a tirania e participação dos cidadãos na vida pública. Sua doutrina é coerente com a doutrina estoica: os homens são iguais (contra a escravidão), os males são devidos às paixões humanas (ambição, crueldade, sede de glória etc.) e o papel do soberano é o de encarnar a sabedoria realizando a ordem. Escreveu também tragédias e sátiras inspiradas no modelo grego, bem como uma vasta correspondência, destacando-se as 124 Epístolas Morais a Lucílio. (1)

A filosofia de Sêneca está expressa em seus Ensaios Morais e nas Epístolas Morais a Lucílio, uma série de dez diálogos e 124 cartas em latim, nos quais oferece conselhos práticos sobre os mais variados assuntos: providência, amizade, brevidade da vida, terrores da morte, medos infundados, ira, virtude, vida feliz, prática do bem, clemência, vida simples, tranquilidade etc. Entre essas obras encontram-se suas famosas Consolações, em especial uma dirigida a sua mãe, Hélvia, sobre o exílio dele na Córsega, e outra para uma mulher chamada Márcia, sobre a morte de seus filhos; ambas as obras tentam mostrar como a razão pode ajudar alguém a suportar a tristeza com coragem. Em todos esses textos, o autocontrole tem importância suprema. Para Sêneca, os homens só podem ser considerados grandiosos na medida em que aprendem a controlar a si próprios e a dominar seus desejos. O sofrimento é apenas um teste capaz de fortalecer os indivíduos, ao passo que a raiva, a tristeza e o medo são armadilhas emocionais com o poder de escravizá-los.

Há quem insinue que o estoicismo de Sêneca teria origem em suas tentativas de lidar com os acontecimentos da vida e não em uma convicção filosófica deliberada. É verdade que existem contradições entre o Sêneca político e o Sêneca filósofo estoico, o homem abastado que ficava à vontade em meio aos imperadores e defendia as virtudes de autocontrole e da vida simples. No entanto, sua tentativa era a de aplicar a filosofia de um modo objetivo, e, como preceptor do imperador, ele estava, de forma geral, mais habilitado do que os outros a pôr suas ideias em prática. (2)

Sêneca (Lucius Annaeus). Levado muito jovem para Roma, aí teve mestres estoicos, que em várias obras recorda, os quais lhe abriram o espírito para a reflexão filosófica e lhe encaminharam a vida na austeridade. Fez carreira como advogado e político. É um escritor assistemático e até por vezes contraditório, conforme o estado de espírito em que se encontra. Era eclético, aproveitava tudo daquilo que nas outras doutrinas lhe parecia verdade.

Na linha da tradição cínico-estoica, a filosofia só tem significado como studium virtutis, valorizando o ponto de vista prático sobre o teórico.

Vai além do materialismo estoico e afirma um dualismo que lembra o Platão do Fédon: o corpo é cárcere da alma; a alma é o verdadeiro homem que tende a libertar-se do corpo. Sêneca descobre que a conscientia, como força espiritual e fundamental para o homem, é um conhecimento claro, originário, impossível de eliminar, do bem e do mal. (3)

(1) JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

(2) LEVENE, Lesley. Penso, Logo Existo: Tudo o que Você Precisa Saber sobre Filosofia. Tradução de Debora Fleck. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.

(3) LOGOS – ENCICLOPÉDIA LUSO-BRASILEIRA DE FILOSOFIA. Rio de Janeiro: Verbo, 1990.

Notas

Em Roma, tornou-se conhecido como advogado e ascendeu politicamente, passando a ser membro do Senado romano e, mais tarde, questor.

Em 41, foi desterrado para a Córsega sob a acusação de adultério. Na Córsega, Sêneca viveu cerca de dez anos com grande privação material. Dedicou-se aos estudos e redigiu vários de seus principais tratados filosóficos, entre os quais os três intitulados Consolationes (Consolos), nos quais expõe os ideais estoicos clássicos de renúncia aos bens materiais e de busca da tranquilidade da alma por meio do conhecimento e da contemplação.

Em 49, o imperador Cláudio, manda chamar Sêneca para se encarregar da educação de seu filho, Nero, tornando-o, no ano de 50, pretor. Sêneca casou-se com Pompeia Paulina e organizou um poderoso grupo de amigos. Logo após a morte de Cláudio, ocorrida em 54, escreve a obra Apocolocyntosis divi Claudii (Transformação em abóbora do divino Cláudio). Nessa obra, Sêneca critica o autoritarismo do imperador e narra como ele é recusado pelos deuses.

Quando Nero foi nomeado imperador, Sêneca tornou-se seu principal conselheiro e tentou orientá-lo para uma política de justiça e de humanidade. No começo, conseguiu, mas depois redigiu uma carta ao Senado para justificar a execução de Agripina, esposa de Cláudio, no ano de 59, pelo filho. Nessa ocasião, foi muito criticado por sua postura frente à tirania e à acumulação de riquezas de Nero, incompatíveis com as suas próprias concepções.

O escritor e filósofo destacou-se por sua ironia.

Acusado de participar na Conjuração de Pisão, em 65, recebeu de Nero a ordem de suicidar-se, que executou com o mesmo ânimo sereno com que pregava em sua filosofia.

SÊNECA, Lúcio Aneo. Da vida retirada; Da tranquilidade da alma; Da felicidade. Tradução de Lúcia Sá Rebello e Ellen Itanajara Neves Vranas. Porto Alegre, RS: L&PM, 2018.