Representações

A noção de representação irrompe na Sociologia e na Psicologia Social, enquanto modo específico de conhecimento e organizador e teve origem na teoria sociológica de Durkheim. A sua teoria era baseada em dicotomias entre o indivíduo e o social, entre o pensamento colectivo e o individual e Durkheim apresenta-nos dois termos: “representação colectiva” e “representação individual”.

Em 1898, num artigo que escreveu sobre representações individuais e colectivas, Durkheim refere que as representações colectivas são mais importantes que as individuais. Enquanto que as representações individuais se baseiam na consciência individual, as representações colectivas baseiam-se na sociedade como um todo, ou seja, são ideias gerais e crenças existentes na sociedade, que traduzem a forma como o grupo pensa, e têm carácter estático.

O conceito de representação social viria, mais tarde, a ser reformulado, na década de 60, por Moscovici (1961, 1976). Ao contrário de Durkheim, Moscovici considera que as representações sociais são dinâmicas e o indivíduo não é um receptor passivo da ideologia dominante, ou seja, não se limita a esperar pela informação e a processa-la. Moscovici (1961, 1976) afirma o seguinte:

Os indivíduos, na sua vida quotidiana, não são meras máquinas passivas de obediência a aparelhos, de registo de mensagens e de reacção a estímulos, em que os torna uma psicologia social sumária, reduzida a recolher imagens e opiniões. Possuem, pelo contrário, a frescura da imaginação e um desejo de dar um sentido à sociedade e ao universo em que vivem.” (p.54).

Este autor vai ainda afirmar, ao contrário de Durkheim, que não há oposição entre individual e colectivo. Considera que o indivíduo pensa e exprime os seus sentimentos ao estar sujeito às representações dominantes no seu grupo social (Moscovici, 1989), verificando que “as representações sociais fazem a ponte entre o mundo individual e o mundo social (p. 82).

Enquanto Durkheim associa as representações colectivas às representações homogéneas e compartilhadas pela sociedade, para Moscovici (2000) as representações sociais são dinâmicas e heterogéneas, existindo uma relação estrita entre o social e o individual. Ao comunicarem entre si, indivíduos e grupos vão produzir e modificar as suas próprias representações, que orientam as relações que estabelecem, ou seja, para Moscovici (2000) as representações sociais são sempre o resultado da interacção e da comunicação.

Não é fácil definir representação social, mas Moscovici (2000) define-a como:

“um sistema de valores, ideias e práticas que desempenham uma dupla função: primeiro, estabelecer uma ordem que irá permitir aos indivíduos orientarem-se eles próprios no seu mundo material e social e governá-lo; e em segundo proporcionar que a comunicação exista entre os membros de uma comunidade fornecendo-lhes um código para permuta social e um código para nomear e classificar claramente os vários aspectos do seu mundo e a sua história individual e do grupo.” (p. 12)

As representações sociais são complexas e são o resultado da interacção e da comunicação no interior do grupo social. Inserem-se num quadro de pensamento pré-existente, dependendo de um sistema de crenças baseado em valores, tradições e imagens do mundo (Moscovici, 2000).

Enquanto sociais, as representações existem independentemente do indivíduo e estruturam o mundo mesmo antes deste nascer. Segundo Maya (2000), as representações sociais organizam e explicação a nossa apreensão da realidade, incorporam aspectos culturais na nossa experiência quotidiana, o que nos faz perder a estranheza, constituem uma forma comum de um determinado grupo perspectivar a realidade e de se comportar perante essa mesma realidade. As representações sociais funcionam como construção da própria realidade.

Grande parte dos nossos comportamentos correspondem às nossas representações sociais, ou seja, grande parte dos nossos comportamentos são configurados pelas representações sociais, que funcionam enquanto orientadoras dos comportamentos. E se a representação social é preparação para a acção (Benavente, 1999), também a representação social que os alunos têm da Matemática influenciará os desempenhos nesta disciplina.

Por vezes, os alunos rejeitam a Matemática porque essa posição é a que corresponde às representações sociais mais frequentemente veiculadas pelo meio familiar e pela sociedade. Quando os alunos chegam à escola, já trazem uma representação social da Matemática, que pode vir a ser alterada pelas práticas de sala de aula, ou por outros elementos, uma vez que as representações sociais são dinâmicas e os alunos ainda se encontram numa fase onde a sua forma de pensar pode ainda sofrer profundas alterações (Piscarreta, 2002).

O professor e as suas práticas de sala de aula têm um papel aliciante mas também complexo, podendo desempenhar um papel crucial na alteração ou formação de representações sociais positivas em relação à Matemática. Diversos estudos em Portugal demonstraram que as representações sociais sofrem alterações quando existem interacções sociais na sala de aula, fomentando atitudes mais positivas face à Matemática e, por sua vez, melhores desempenhos e sucesso escolar (César, 2003; César, Silva de Sousa, Costa, Fonseca, Martins, & Malheiro, 1999).

PISCARRETA, Sara, CÉSAR, Margarida, Às vezes o que parece... É! - Um estudo sobre o insucesso escolar a Matemática.

Jodelet, definiu as representações sociais, como:

Forma de conhecimento; socialmente elaborada e partilhada, com um objectivo prático, e que contribui para a construção de uma realidade comum a um conjunto social. Igualmente designada como saber de senso comum ou ainda saber ingénuo, natural, esta forma de conhecimento é diferenciada, entre outras, do conhecimento científico. Entretanto, é tida como um objecto de estudo tão legítimo quanto este, devido à sua importância na vida social e à elucidação possibilitadora dos processos cognitivos e das interacções sociais”.

JODELET, Denise, (2001), As Representações Sociais, UERJ.

A única realidade que existe para cada um de nós é aquela a que acedemos através dos nossos sentidos. As representações sociais constituem modalidades do conhecimento prático, que partindo de alguns aspectos do objecto, constroem criativamente uma narrativa com lógica para as pessoas que partilham essas imagens.

Em síntese, as representações sociais:

- simplificam a descrição da realidade, gerando novas percepções do real;

- classificam e dão sentido à realidade percepcionada;

- constituem uma avaliação da realidade;

- pressupõem valores e justificações do ponto de vista;

- são partilhadas e construídas socialmente, transportando a cultura do grupo;

- orientam e justificam comportamentos.

A construção da realidade por meio da notícia - “O jornalista é o autor de um mundo possível que se manifesta em forma de notícia. Na construção da notícia estão presentes três mundos distintos e que estão inter-relacionados; são eles: o mundo ‘real’, o mundo de referência e o mundo possível.”

O autor explica que o mundo real ou o mundo dos acontecimentos é onde o jornalismo recolhe parte das informações; o recorte é feito com base no mundo de referência – cultura, conhecimento, orientação editorial do veículo –, quando se estabelece a verossimilhança com os fatos conhecidos e recolhidos do mundo real; e daí se constrói o mundo possível com marcas da veracidade.

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