Histórico do Povoado do Suíço

 

O Povoado do Suíço pertence ao distrito de Santo Antônio do Manhuaçu - Caratinga MG. Este povoado tem uma população de aproximadamente 2.000 habitantes, sendo que destes, 400 são eleitores aqui no Suíço. Os córregos que pertencem ao povoado são: Barra do Suíço, Boa União, Córrego dos Marques, Córrego dos Costas, Córrego dos Mouras, Córrego do Suíço, Córrego Ponte de Pedra e Córrego Bom Jesus. Conta à lenda que certa vez um Padre que vinha de muito longe realizar as missas mensais, chegou ao patrimônio pela primeira vez e encontrou um senhor e lhe perguntou se aquele lugar era só isso. E o morador respondeu que sim. Então o Padre disse que iria colocar o nome do povoado de Suíço. Porém, de acordo com os relatos dos moradores mais antigos, Suíço foi um homem que morava na Suíça e que estava foragido da polícia e veio se refugiar neste local. Quando chegou, tudo era mata fechada, local ideal para que ele pudesse se esconder. Ficou aqui durante algum tempo e posteriormente foi fazendo roçadas no lugar, depois vieram outras pessoas para morar aqui e o Suíço foi crescendo.

No Suíço, anos atrás, tudo era muito difícil. Não tinha estrada, somente trilhos, também existiam poucos carros. O meio de transporte que era utilizado pelos moradores eram os animais (cavalo, égua, burro, mula) algumas pessoas tinham carro de boi, charrete e carroça. Quando necessitavam comprar os mantimentos utilizavam tropas. Buscavam tudo nos lombos dos animais. Existiam os homens de coragem que amansavam os animais que eram da família do delegado Tata. Atualmente quem faz este trabalho são os Toledos e alguns da família Costa.  Quando uma pessoa passava mal era levada à cidade nas paviolas, (objeto parecido com uma maca) e os homens carregavam o enfermo.

Com o passar do tempo, os próprios moradores começaram a fazer a estrada que dava acesso a Caratinga e a Ipanema, com instrumentos para trabalho braçal como enxada, arado, machado, foice e enxadão. O prefeito da época era o Antônio Cortes, que quando ficou sabendo que os moradores estavam fazendo a estrada enviou uma máquina para ajudá-los.  Aproximadamente nos anos 72 começou a funcionar a primeira linha de ônibus que dava a acesso à Caratinga do Sr. Ailton, um capixaba, depois passou para o João José e atualmente e do Sr. José Baixinho. Linha de ônibus que dava acesso a Ipanema começou a funcionar, porém durou pouco tempo, era também do Sr. José Baixinho, parou de funcionar por falta de passageiro, pois nesta época a atividade econômica predominante do Suíço era a criação de gado leiteiro, e existiam os caminhoneiros que faziam o transporte do leite para a cooperativa de Ipanema. Os donos dos caminhões levavam os moradores e cobravam a passagem mais em conta que no ônibus. Foram caminhoneiros no Suíço para Ipanema: Landir Epifâneo, Zé Aviãozinho, Zizito e o Valdecir Caetano que parou em 2006 devido à proibição de transportar o leite em latas e a exigência do caminhão tanque. Para acesso a Caratinga os caminhoneiros foram: Julinho, Ailton e posteriormente José Albino que parou pelo mesmo motivo de Valdecir, porém um pouco mais tarde.

 No ano de 1984 surgiu no Suíço a primeira motocicleta, era do proprietário Jorge Niquinha, que ao vendê-la para o Sr. Sinval Costa, foi o maior sucesso. Na época ele teve que vender muitos bois para pagá-la. E os seus colegas ficavam maravilhados com a beleza da motocicleta e era necessário então, que o Sr. Sinval desse uma voltinha com cada colega para que apreciassem a máquina. Depois outras pessoas foram comprando e comercializando, hoje é o meio de transporte mais utilizado no Suíço.

Nesta época mais antiga como não tinha estradas, a população não tinha ajuda da polícia, porém existiam os delegados de roça que foram: Dr. Adriano, Dr. Juca Baía, Dr.Tata e Dr. Dandico. Segundo relatos dos moradores estes mantinham a ordem no povoado.

Quando as mulheres engravidavam já era combinado com as parteiras a data prevista do nascimento para que elas pudessem fazer o parto e davam à luz em sua própria casa. Eram parteiras: Jovina, Maria Querobina, Maria Ferreira, Maria André, Maria Joana, Angelina e Rita Basila.  Depois do nascimento era a maior festa, o pai soltava foguete na hora do nascimento para avisar os vizinhos e no outro dia era necessário irem comer a sopa da galinha, pois os vizinhos vinham conhecer a criança.

 Assim que inauguraram as estradas, alguns moradores passaram a comercializar no Suíço, porém não tinham empregados eram os próprios donos que trabalhavam. Os Srs. Manuel Machado, João Firmino, e Valdemar Freitas tinham lojas que vendiam sapatos, roupas, ferramentas, tecidos, mantimentos, de tudo um pouco. O dentista da época era o Dr. Beleco. Foram farmacêuticos: Durval, Lalau Nezico, Ari e por último Teté. Os amigos se encontravam para beber cachaça no boteco do Zé Bilica, Joaquim Baía e João José. No mês de junho faziam fogueira na rua, dançava moda de viola, forró e arrasta pé. Devido ao grande número de cavalos que tinha na região havia necessidade de fabricarem celas que eram feitas por Juvenal, José Prudêncio e Gerson Anastácio.  Açougueiro era o Sr. Pedico. Os moradores compravam os tecidos nas lojas e levavam para as costureiras: Dona Zumária, Maria Calixto e Rosemira. Os móveis eram feitos pelos carpinteiros: Adão Rodrigues, Francisco Fialho, Joaquim Fialho. Atualmente os comércios que existem aqui são: Bar e mercearia do Alessandro Moura, Bar e mercearia do Adão Costa e Bar do Sinval, Açougue do Matheus, nos córregos da Boa União, existe o açougue do Sr. Ailton que também comercializa ração para gado, e outras vendas como são chamadas, a do Sr. José Osório e Samuel Figueiredo.

Anos atrás a atividade econômica do Suíço era o café, criação de boi era só pra rico, os mais pobres plantavam milho, arroz, feijão, mandioca e vendiam. Criavam porcos para consumo de carne e gordura. Plantavam muitas hortaliças. Geralmente as mulheres criavam galinhas para vender e ovos. O Sr. Jorge Niquinha compravam das mulheres os ovos e as galinhas e vendiam em Caratinga. O Sr. Juca Caetano produzia rapadura e vendia pra toda a população que não tinha e para a cidade, o tropeiro dele era o Sr. Tatão Gino. Nesta época, sempre passava por aqui os ciganos, que viviam barganhando, pedindo e roubando.

 Os moradores antigos usavam como energia, candeia, madeira de cabiúna, lamparinas e lampiões. Depois passaram a usar a energia a gerador, porém era somente para quem tinha condições econômicas melhores. A energia elétrica foi instalada no povoado na década de 80, e nas áreas rurais foi com o programa Luz Para Todos do governo de Lula em 2006. Quando não tinha energia os fregueses se serviam com as bebidas quentes, porém aqui no povoado somente na venda do Sr. João José havia uma geladeira a querosene e era uma inovação do momento. Os moradores ouviam os jogos, missas, voz do Brasil e músicas caipiras pelos rádios. Depois foi a vez de a televisão fazer sucesso, principalmente com jogos de futebol e novelas. Os primeiros donos de televisão foram o Sr. Pedico que era açougueiro e o Sr. Juca Caetano, mas as televisões eram em preto e branco. Os moradores do povoado se reuniram e compraram uma antena parabólica que ficava instalada na casa do Sr. José Albino, e os demais moradores puxaram a rede e todos assistiam à mesma programação. No ano de 94 na final da copa do mundo, mesmo os moradores dos córregos já tinham luz a gerador e tinham televisão. Pelo menos uma em cada córrego já existia.

 As famílias mais antigas da região e que ainda tem moradores aqui é a família dos Costas, Honoratos, Caetanos, Gomes, Andrés, Rodrigues, Mouras, Clementes, Calixtos, Pedros e Cardosos. O morador com idade mais avançada é o Sr. João Honorato dos Reis atingindo a meta de 97 anos de idade.

Tiveram alguns candidatos a vereador: Izardo Elias da Silva que era líder comunitário e muito ajudou a população no que se tratava de estradas. Osmar Alves de Abreu também foi candidato e o Agostinho Pedro, porém nenhum deles conquistou a vitória. O Izardo veio a falecer logo após sua candidatura. Osmar mudou para São Paulo e Agostinho continua morando aqui, candidatou mais uma vez, porém no Suíço não tinham eleitores suficientes para elegê-lo.

  Em 12/08/1995 foi inaugurado o Telefone Público na administração de Dário Grossi, e que funciona até hoje, onde trabalha uma funcionária Maria Fialho da Silva. O telefone público foi um grande avanço, pois ainda hoje sem o uso da internet ele é o meio de comunicação mais usado pela população. Porém, existem também muitos telefones celulares instalados na casa dos moradores.  A igreja evangélica também foi construída em 1995 pelo Pastor Evaristo, da igreja Assembléia do distrito de Alegria – Simonésia. Atualmente o mestre é o Pastor Rubens, também da Alegria. Eles se reúnem aos domingos às quatorze horas e as quarta - feiras às dezenove horas.

 A escola que tinha no povoado era em uma casa, que foram desmanchadas as paredes do interior fazendo uma grande sala. Ali os alunos aprendiam a ler e escrever. Nesta época as professoras que regiam as aulas eram leigas. Depois ainda no mandato do João do Tino foi construída esta escola aproximadamente na década de 70. Tinha o nome de Escola Estadual Felipe de Abreu. Foram professoras aqui: Dona Conceição, Dona Neide, Edite, Catarina, Manuela (Livânia), Maria Elízia, Luciana, Dona Eni, Sara, Rosália, Telma, Rosária, Rosângela, Helena, Dávila, Izabel, Romilda, Neuza, Benedita, Losane, Mariléia, Carla, Dalêska e Alexandrina. As serventes foram: Graça, Mariinha, Dona Neves, Egina, Izabel, Fátima, Girlene,Valéria e Creusa. O prédio da escola foi reformado em 2011, pelo prefeito João Bosco Pessine e foi vinculada a outra escola passando a ser Municipal e com o nome Escola Municipal Padre José Walleck - vinculada II. Desde o ano de 2005, os alunos são transportados para ter acesso à escola. Os motoristas do transporte escolar foram: Marinho, Silvano, Silvério, Isaías, Márcio, Itazar, Charles, Nilson, Lair, Jorge e Angélico. Segundo os moradores, dentre os prefeitos: Tim, Moacir de Matos, Antônio Cortes, Dário Grossi, José de Assis, Fabinho, João do Tino, Ernani e João Bosco, o João do Tino foi o que mais prestou serviços no Suíço, além de construir a escola, construiu o campo de futebol para diversão e reformou o cemitério que era cercado com estacas. Posteriormente o prefeito Fabinho com a ajuda dos moradores cercou o cemitério com placa. E no ano de 2012 o vereador do distrito de Patrocínio Altair Soares também com ajuda da comunidade reformou-o.

Os moradores antigos se divertiam quando vinha circo de fora e ficavam aqui alguns dias, tinha touradas, as brincadeiras de caboclo, trançar fita, jogo de maia, as festas juninas que a escola promovia, o casamento do Jeca, muitos pagodes, folia de Reis, com um palhaço que fazia medo nas crianças e festa do mês de Maria, onde as crianças coroavam e os adultos arrematavam os leilões. Foram leiloeiros: Chiquinho, José de Abreu, conhecido como Zé Branco, Euclides e Ailtom. Uma das personalidades do Suíço que era muito animada para fazer festas era a professora Conceição do Taanjo. Atualmente o lazer que o povoado oferece são os torneios de futebol masculino, festas de aniversários e casamentos. Desde o ano de 2010 realiza-se a festa Comunitária do Suíço que acontece no mês de outubro, e é oferecido para as crianças pelo vereador Altair Soares uma festa com pula-pula, algodão - doce, pipoca, bolo, refrigerante, desfile mirim e muitas brincadeiras. No mês de maio tem a festa do Padroeiro que conhecida como festa do Divino, pois o Padroeiro é Divino Espírito Santo, tem também as festas do mês de Maria, e às vezes folia de Reis.

 O Sr. Arlindo Rodrigues doou o terreno onde hoje está localizada a igreja católica, que foi construída em 1971, pelo rezador Valdemar Rodrigues Gomes que faleceu em 2011, e com a ajuda da comunidade. Foram rezadores no Suíço: Manoel Clemente, Valdemar Rodrigues e Antônio Cândido. Os padres que passaram por aqui foram: Frei Chiquinho, Frei Cláudio, Frei Geovane, Frei Patrício, Pe. Francisco, Pe. Valdir, Pe. Luciano, Pe. Juciano, Pe. Geraldo Rogério, Pe. Juvercino, Pe. Marcelino, Pe. Adilson. Pe. Edmilsom, Pe. Raniel e  Atualmente é o Pe. Samuel. Os rezadores atuais são: Marlete, Renata, Maria Fialho, Robson, Eva, Creusa, Agostinho e Aparecida.  Na igreja católica existem várias pastorais como do dízimo, catequese, conferências, apostolado da oração e grupos de reflexão. A missa é realizada no primeiro sábado do mês. E durante todo o mês é realizado o culto dominical as duas horas. Os moradores católicos antigos tinham o costume de rezarem para as almas eram eles: João Martins e Valdemar Rodrigues que também foi Juiz de Paz. As benzedeiras e benzedores antigos eram: Maria Joana, Idalina, Maria Fialho, Zezé Moura, Manoel Clemente, João Inocêncio, Zé Agostinho, Bastião Calixto, Procópio e Antônio Cândido. Nesta época as pessoas acreditavam muito em bênçãos, até por que o acesso à cidade para irem consultar era muito difícil, então se benzia e se medicava com ervas medicinais produzidas pela natureza. Hoje ainda existem algumas benzedeiras que são: Dona Izabel e Dona Senhorinha. 

Em 17/11/1987 foi inaugurado pelo prefeito Fabinho o “Posto de Saúde e Posto de Correios João Batista da Silva”, a partir de então começou a vir periodicamente o médico atender a população. Trabalha no posto Maria Fialho, Diza que é técnica de enfermagem  e Leidiana e Samira - agente de saúde. O primeiro médico se chamava Dr. Manoel. O médico visitava o Suíço uma vez por mês, depois passou vir de quinze em quinze dias e atualmente vem toda semana. Aqui se realiza exames, preventivos, vacinação e entrega de remédios. A mala do correio é enviada para Caratinga pelo ônibus da viação Santa Elizabeth nos dias de terça- feira e quintas- feira. Sendo que chega também nestes dois dias. Os moradores procuram suas correspondências com a funcionária. 

Anos atrás aqui tinha uns cantores, que eram os filhos do Jorge Miguel e os filhos do Hélio Calixto. Faziam seus shows nas portas dos botecos, no meio da rua gratuitamente e geralmente nas casas dos pagodeiros. Hoje o motorista da viação Santa Elizabeth, filho do ex-candidato Izardo Elias, é que faz apresentações musicais em bares da região.  Escritor foi somente o Orides Gomes que publicou um livro contando a história do Suíço. A população do Suíço sempre foi trabalhadora rural e a grande maioria das pessoas trabalham aqui mesmo sem precisar se deslocar para outras cidades, hoje quase todas as pessoas tem um pedaço de terra onde trabalha para seu sustento. 

Antigamente não existiam cercas para separarem uma propriedade da outra. Os moradores faziam valas que eram valetas fundas para cercar o gado do vizinho. Existem também as profissões de motoristas e pedreiros que vem crescendo. São motoristas hoje: Izardo Elias, Nilson Costa e Itazar Baía. São pedreiros: Divino Baesse, Nelinho Baesse, Lucinei Baesse, Joacir Ferreira, Arcelino Gonçalves e Humberto conhecido como Bertino. Atualmente os moradores quando fazem plantações não utilizam mais os arados com bois e sim fazem o preparo da terra com trator. Na região o Sr. Valdecir Caetano e Sr. Ari Altino que realiza este trabalho com seu trator.

Em 2007, no mandato do prefeito Ernani Campos Porto, foi realizado o calçamento da Rua Avelino de Freitas Lira, no povoado do Suíço. Foi realizado o sonho dos moradores, pois quando chovia fazia muita lama e era difícil trafegar. Na parte mais alta do morro, dava um atoleiro e todos os carros paravam de circular. 

O povoado do Suíço é abastecido pelo ribeirão Suíço, importante afluente da bacia do rio Manhuaçu.  Porém o esgoto da Rua Avelino de Freitas Lira é lançado dentro do rio e ainda existem algumas pessoas que se refrescam neste ribeirão outras fazem pescaria. O Suíço utilizava uma água que vinha do terreno do Sr. Jorge Clemente, porém não era de mina e era suja. Depois o Sr. Antônio Firmino comprou uma propriedade próximo ao povoado e ofereceu uma água de mina para a população. Hoje Sr. Antônio faleceu e o dono do terreno é o Sr. Francisco Toledo que também deixa a comunidade usar a água. 

Atualmente, os homens alguns dias no final da tarde, depois do trabalho, vem para as vendas fazerem suas compras, jogar baralho ou simplesmente baterem papo. Alguns rapazes vêm esperar o ônibus de estudantes da Escola Maria Alves da Silveira para verem as moças, que são poucas. Com o transporte escolar os jovens estão estudando até o Ensino Médio o que não era oferecido para os outros. Por este motivo as moças não estão casando tão novas como era há tempos atrás. Até o ano de 2005 não tinha transporte escolar, então os pais que queriam que seus filhos estudassem se mudavam para a cidade, o que fez com que a população diminuísse. Hoje o Suíço se destaca por ser um lugar tranquilo, calmo, ideal para quem quer sossego.