Artigo de Hélio Doyle

NOTA DO EDITOR:

Para entender este artigo de Hélio Doyle é necessário o conhecimento do funcionamento da política e dos partidos políticos Brasileiros. É necessário entender as razões explícitas e ocultas do corre-corre acontecido até a data de 05/10/2013, último prazo para filiação partidária daqueles que desejam participar das Eleições 2014 como candidato, como apoiador de alguma candidatura ou apenas para "estar participando" e portanto esperando alguma benesse em contratos, indicação de cargos etc. etc. Em resumo: "participar da festa" da divisão do poder e de gordas parcelas do dinheiro público.

HÉLIO DOYLE 5 de Outubro de 2013 às 13:53

O exercício da democracia não passa, necessariamente, por partidos políticos. Hoje, os partidos prejudicam a democracia. Se mudarem, ajudam, mas sem exclusividade

Depois dessas movimentações nos últimos dias é muita hipocrisia dizer, como se fosse coisa séria, que os partidos políticos são essenciais para a democracia. Não são, por várias razões:

1 – A representação política de segmentos da sociedade pode perfeitamente se expressar mediante outras formas de organização. Há organizações sociais com muito mais representatividade do que muitos partidos políticos. Por que os partidos têm de ter essa exclusividade? Por que um indivíduo não pode ser candidato sem se filiar a um partido?

2 – A conformação de bancadas parlamentares pode se dar pela unidade formada em torno de questões específicas ou mais amplas, e não necessariamente pela filiação a um partido. Tanto que hoje ter base partidária majoritária nada garante aos governos em termos de votações. E as frentes parlamentares unidas em torno de bandeiras comuns são mais homogêneas do que os partidos. Não há ideologia ou linha política nos partidos, há interesses individuais. O que isso tem a ver com democracia?

3 – A estrutura de um partido não assegura a democracia interna, pelo contrário. Geralmente o comando é de um ou poucos dirigentes que, em alguns casos são mesmo é donos do partido. Se não garantem democracia interna, os partidos muito menos garantem a democracia em termos mais amplos.

4 – Os partidos não estão interessados em obter o poder para executar políticas públicas que defendem, até porque a maioria nem as têm. Querem o poder para nomear seus seguidores e controlar órgãos públicos que lhes assegurem recursos financeiros e visibilidade na mídia para manter o poder.

5 – Do jeito que estão hoje, os partidos são nocivos às boas práticas administrativas, à eficiência dos governos e à moralidade pública. Isso em nada ajuda a democracia, pelo contrário.

Partidos podem e devem existir, mas está na hora de deixar de lado as velhas teorias políticas, o comodismo intelectual dos que não querem criar nada novo, o conformismo político dos que estão por cima ou querem chegar lá e a hipocrisia de falar em democracia apenas para manter velhas práticas e velhos métodos que nada têm de democráticos.

O exercício da democracia não passa, necessariamente, por partidos políticos. Hoje, os partidos prejudicam a democracia. Se mudarem, ajudam, mas sem exclusividade.

Hélio Doyle

Jornalista, diretor da Editora Meiaum, onde mantém o Blog do Hélio Doyle

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