No âmbito das disciplinas de Ciências Naturais, História e Geografia, no passado dia 28 de março, as turmas de sétimo ano da EB 2/3 de Rio Tinto foram visitar o Arouca Geopark. O Arouca Geopark integra o Programa Geoparques Mundiais da UNESCO que é constituído por territórios bem definidos que possuem paisagem únicas, com um património geológico de relevância internacional. Assim, dada a importância da valorização e preservação do património geológico presente nesta região, foi delineada uma rota de locais significativos a visitar, constituída por 41 geossítios. Para além disso, o Arouca Geopark oferece programas educativos elaborados a partir dos programas e metas curriculares da Direção Geral da Educação. direcionados a alunos e professores, proporcionando visitas guiadas a alguns desses geossítios. Desta forma, o primeiro local visitado pelos alunos foi a Frecha da Mizarela que forma a mais alta e bela queda de água (cascata) de Portugal continental onde o rio Caima se projeta a mais de 60 metros de altura para depois ir desaguar no rio Vouga. Aqui, o rio encontra formações rochosas como o granito que, sendo uma rocha mais dura e resistente à erosão fluvial do que a generalidade dos micaxistos localizados a jusante, não consegue expandir as suas margens, daí a Frecha da Mizarela. A origem desta frecha também se deve ao sistema de falhas que condiciona toda a serra da Freita. Desta forma, movimentação dos blocos associada à Orogenia Alpina terá levado ao encaixe do rio, criando aquele grande desnível. Acrescente-se ainda que as escarpas que envolvem esta queda de água estão revestidas por espécies vegetais mais comuns, como as urzes, a carqueja ou os tojos, ou mais raras ou protegidas, como o saramago-das-rochas ou o cardo. Ainda próximo do miradouro, a guia alertou para a importância da região como ponto de passagem, no período dos romanos, onde existe ainda um troço de uma via romana.
Depois, o geossítio visitado foi o das Pedras Parideiras, cujo fenómeno é único no mundo. Geologicamente, a rocha que constitui as Pedras Parideiras chama-se granito nodular da Castanheira‖ e estende-se por uma área de cerca de 1Km2., cujas datações mais recentes indicam ter aproximadamente entre 320 e 310 milhões de anos. Aqui, tivemos a oportunidade de observar melhor as especificidades das ―Pedras Parideiras junto a uma mostra coberta. Trata-se de um granito de cor clara que apresenta um grão médio, com duas micas e uma invulgar quantidade de nódulos biotíticos (mineral de cor negra), entre outros constituintes. Aqueles nódulos, que variam entre 1 e 12 centímetros, por ação da erosão, libertam-se e acumulam-se no solo, deixando no granito uma cavidade, cujas paredes estão revestidas por uma capa biotítica. Daí que os habitantes daquela aldeia, Castanheira, tenham chamado àquela rocha ―Pedra Parideir, por ser uma pedra que pare outra pedra. Seguidamente, os alunos foram encaminhados para um pequeno auditório para visualizarem o filme 3D Pedras Parideiras: um tesouro geológico que apresentava resumidamente a origem e formação da Terra.
O terceiro geossítio visitado na parte da manhã foi o Campo de Dobras da Castanheira, localizado a sudeste das Pedras Parideira, ficando-se a dever o seu interesse ao facto de as rochas aí existentes se apresentarem intensamente dobradas, apesar de originalmente as suas superfícies serem planas. Estas rochas formaram-se há mais de 500 milhões de anos, no fundo de um mar antigo, onde se depositaram horizontalmente camadas alternadas de sedimentos que por diagénese e metamorfismo, originaram as rochas metamórficas presentes. Posteriormente, há cerca de 350 milhões de anos, houve movimentos de compressão que provocaram um aumento de pressão e de temperatura, provocando nas rochas um comportamento dúctil, daí elas terem formado dobras de diferente amplitude.
Já na parte da tarde, dirigimo-nos ao Museu das Trilobites- Centro de Interpretação Geológica, em Canelas, onde fomos muito bem recebidos e encaminhados para uma sala, para assistirmos a um vídeo de aproximadamente 20 minutos, sobre o descobrimento das trilobites em Canelas e de como estas foram um grande contributo para a Ciência, pondo Canelas em destaque nesta área. O vídeo aborda o surgimento dos primeiros achados fósseis em lousas finas, chamadas também de ardósias, em trabalhos de extração nas pedreiras existentes na área circundante. Estes achados não foram vistos como um obstáculo, mas sim como algo notável que deveria ser compreendido e preservado. Para expor e cativar a comunidade científica para o património fóssil encontrado foram feitas montras com o auxílio da Universidade do Porto, Vila Real, Coimbra e Lisboa. Essas montras tiveram muito sucesso e, por isso, surgiu a infraestrutura destinada a expor os fósseis de trilobites e a favorecer os estudos científicos destes seres vivos que há muito tempo habitaram a Terra. Após vermos o vídeo, observamos alguns exemplares de trilobites fossilizadas e, então, dirigimo-nos a uma outra sala com diversos fósseis, onde recebemos uma breve explicação sobre as trilobites. As trilobites habitaram os mares há cerca de 500 milhões de ano. São artrópodes e o seu corpo era constituído por três partes: o cefalão (cabeça), o tórax (tronco) e o pigídio (cauda). Como eram compostas por três partes, uma central e duas laterais, surgiu o nome trilobite. No museu, é possível ver os maiores fósseis de trilobites e concluir que podiam viver em comunidade. Pudemos concluir que a descoberta das trilobites fossilizadas de Canelas foi muito importante, pois permitiu o estudo e conhecimento desta incrível espécie.
Inês Pereira e Sofia Pires Miguel Assunção, Duarte Carvalho, 7ºA