O Universo

O universo, fonte de tanto fascínio, sempre intrigou e inspirou a humanidade, não importando a época ou cultura. Nossa curiosidade sobre o céu e seus mistérios antecede a própria ciência, fazendo-se presente ao longo das gerações e conduzindo-nos a diferentes visões sobre sua natureza.

Na antiguidade, por exemplo, não se conhecia quase nada além de astros como a Lua, o Sol, alguns poucos milhares de estrelas, os cinco planetas visíveis a olho nu (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno) e alguns corpos menores, como certos asteroides e cometas. Assim, o universo era representado tal como se vê de modo aparente: uma esfera celeste cujos astros parecem girar em torno de nosso mundo. Tal concepção ficou conhecida como geocentrismo (Terra no centro), um modelo cosmológico sistematizado pelo astrônomo grego Cláudio Ptolomeu (90 d.C. e 170 d.C.)

Durante séculos, quase 1500 anos, na verdade, tal modelo foi largamente aceito, sendo oficialmente contestado apenas no século XV, graças aos estudos do astrônomo e médico polonês Nicolau Copérnico (1473-1543). Segundo ele, a Terra não seria o centro do universo, mas sim um dos planetas a orbitar o Sol. Como essa teoria colocava o Sol e não a Terra no "centro do universo", ela passou a ser chamada de Modelo Heliocêntrico (Sol no centro). Na verdade, essa ideia já havia sido proposta muito antes do próprio Ptolomeu (principal defensor do geocentrismo), na Grécia Antiga, por Aristarco de Samos, que viveu no século III a.C. Porém, como não havia meios de demonstrar que os astros não orbitavam a Terra, mas sim o Sol, e que nosso mundo também se movimentava pelo espaço, suas idéias não receberam crédito. Assim, o heliocentrismo começou a ganhar força somente em 1543, quando Copérnico publicou sua famosa obra De revolutionibus orbium coelestium (do latim: "Das revolucões das esferas celestes"), que mais tarde influenciaria astrônomos como Johanes Kepler, responsável por conceber as três leis dos movimentos planetários, e Galileu Galilei, que em 1610 utilizou pela primeira vez uma luneta para estudos astronômicos e descobriu que quatro satélites naturais giravam em torno de Júpiter e não em torno da Terra. Com isso, Galileu demonstrou que a noção de que todos os astros giravam em torno de nosso planeta era apenas aparente, tendo sido essa uma das primeiras evidências a favor do heliocentrismo de Aristarco e Copérnico.

Mais tarde, em meados do século XVII, Isaac Newton formulou a Lei da Gravitação Universal e demonstrou que a gravidade era a força de atração que tornava possível o movimento dos planetas em torno do Sol e da Lua em torno da Terra. Newton também contribuiu para o aperfeiçoamento das observações astronômicas, inventando um novo tipo de telescópio: o telescópio refletor. Seu invento ficou conhecido como telescópio newtoniano e significou muito para a compreensão do universo, já que esse tipo de telescópio, dotado de espelhos, garante melhor resolução e nitidez.

Desse, modo a visão humana sobre o universo começou a ampliar-se drasticamente e nos séculos seguintes percebeu-se que:

  • A Terra não é o centro do universo, sendo apenas um dos planetas que giram em torno do Sol;
  • O Sol também não é o centro do universo, sendo apenas a estrela central de nosso sistema planetário. Aliás, o Sol é apenas uma dentre incontáveis estrelas existentes, só que mais próxima de nós;
  • O sistema solar é apenas um dos muitos possíveis em nossa galáxia;
  • Nossa galáxia também não é o centro do cosmos: há cerca de 125 bilhões de galáxias no universo segundo as estimativas mais recentes dos astrônomos! Sabe-se atualmente que não existe um centro cósmico, já que, por meio da observação, podemos comprovar que as galáxias estão se distanciando umas das outras e que o universo em que vivemos está em expansão.

Nas páginas a seguir, você poderá conhecer um pouco melhor o que já sabemos sobre nosso universo e como observar o céu, identificando estrelas, planetas, objetos do espaço profundo e reconhecendo algumas constelações famosos no hemisfério sul.

Pálido Ponto Azul: por Carl Sagan.

Boa leitura e boas observações!

Professora Michele Rascalha.