Quando: Segunda-feira, 3/11 — 19h-21h
Onde: Sala 24 da Sociais
Mediação: Roberto Zular (DTLLC)
A apresentação consiste no oferecimento de uma imagem provisória (um instantâneo) da tese intitulada Maladresse e délicatesse: uma dobra no entendimento do lugar da ingenuidade na poesia a partir de Adília Lopes, em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Teoria Literária e Literatura Comparada, com orientação do Prof. Dr. Marcos Natali. O texto tenta fazer uma aproximação, ainda bastante incipiente, às principais questões levantadas no projeto de pesquisa (a saber, as relações entre dentro e fora, alto e baixo, aberto e fechado, transparência e opacidade, conhecimento e reconhecimento, candura e artifício, entre outras), experimentando um primeiro movimento do que poderia ser chamado de “uma leitura ingênua”, proposta metodológica que a tese busca delinear. Tratando de janelas – sim, de janelas –, o ensaio passa principalmente por uma leitura de “Tabacaria”, poema de 1928 de Fernando Pessoa, assinado pelo heterônimo Álvaro de Campos. Como a forma como o texto se apresenta é, neste caso, muito importante, será projetado o arquivo lido, para que as pessoas presentes possam acompanhar com os olhos, se quiserem, o que vai sendo dito. Este trabalho foi escrito especialmente para e, seria possível dizer, com o Prof. Dr. Horácio Costa, que ministrou duas aulas da disciplina Pensar Portugal, oferecida pelo Programa de Pós-Graduação em Literatura Portuguesa da Universidade de São Paulo no primeiro semestre de 2025, e cujo poema, “Escrito na aula de Jacques Derrida” (do livro Satori, publicado em 1989 pela editora Iluminuras), foi fundamental para a concepção e materialização do que se segue. Professor, aqui está a nossa peça de ourivesaria, nosso broche de capivara.
Palavras-chave: Leitura ingênua; Fernando Pessoa; Jacques Rancière; Anne Carson; Espelho.
A comunicação tem como objetivo propor uma leitura do poema “Paris não tem centro”, de Marília Garcia, considerando o conceito de texto intergenérico, proposto por Lygia Davis. Essa zona indeterminada textual é uma maneira de demonstrar a insatisfação com as formas tradicionais visto que há muito o que dizer que extrapola os limites impostos pelos gêneros fechados. Nesse sentido, as formas breves contemporâneas, e suas diversas variações, constituem um espaço significativo para desestabilizar essas regras internalizadas e apresentar outras maneiras de fazer e conceber a arte literária. Além disso, a comunicação também discute a questão da autoria e da originalidade e suas conexões com os trabalhos de tradução.
Palavras-chave: Marília Garcia; Poesia; Autoria; Tradução literária.
Da relação visceral entre corpo e poesia, entre corpo e linguagem, emerge uma geração de poetas mulheres, à volta dos anos 1970, como Alice Ruiz, Leila Míccolis e Ledusha, cuja corporalidade estrutura o fazer poético. Historicamente associado à fragilidade, à instabilidade e à função reprodutiva, o corpo feminino foi concebido como mais “corpóreo” e próximo da natureza, em oposição à cultura e à razão. A partir dessa década, contudo, esse corpo passa a ser reinterpretado não como dado biológico, mas como espaço de resistência, conhecimento e criação — perspectiva que também se manifesta na poesia do período. Erotismo, fecalidade e agressão surgem como formas de insurgência contra o status quo patriarcal e de afirmação da presença feminina, acentuadas pela ironia e pelo humor.
Palavras-chave: Poesia marginal; Poesia de autoria feminina; Corpo.