Quando: Segunda-feira, 3/11 — 15h-17h
Onde: Sala 24 da Sociais
Mediação: Ariovaldo Vidal (DTLLC)
Atualmente, o arquivo de Rubem Braga é o segundo maior acervo da Casa Rui Barbosa, no Rio de Janeiro, ficando para trás apenas daquele que dá nome à casa. No site da Fundação, pode-se ler que a maior parte da catalogação e da organização deste arquivo se deu por iniciativa do próprio cronista. De fato, quando seu filho doou este patrimônio em 1997, a maior parte do trabalho arquivista já tinha sido feito. Nele, vemos, por exemplo, que as crônicas foram recortadas e coladas no centro de um papel A4 – e, agora, o branco da folha passa a destacar o que se perdia no emaranhado de letras e colunas das gazetas. Também nos cantos superiores ou inferiores dos documentos, uma caligrafia marcando a data, o jornal, se foram publicadas em antologias, quais delas, as mudanças nos títulos ou no corpo do texto durante este processo de transição.
Palavras-chave: Rubem Braga; Crônicas; Arquivo; Jornal.
Serão trazidas para discussão as intersecções entre jornalismo e texto literário através de crônicas de Natal dos autores Gabriel García Márquez e Rubem Braga. Detalhes da cronística de cada autor serão destacados, definições e indefinições destas narrativas curtas ainda carentes de estudos devem percorrer a conversa, em busca de talvez evidenciar novas ideias a respeito do formato crônica e da necessidade do público leitor em acessar palavras breves a respeito de assuntos específicos: efemérides, cinema, artes, feriados nacionais, estações do ano, piadas e comentários sobre política. Os textos selecionados são: “Esses Natais sinistros” (García Márquez, 1980) e “Filas” (Rubem Braga, 1952), através dos quais tentaremos apontar a captura de fragmentos da história e da cultura do Brasil, da Colômbia e da América Latina de maneira geral. Como aporte teórico a conversa fará uso da biografia Gabriel García Márquez. La viaje de la semilla, de Dasso Saldívar e do entendimento de crônica como imaginário coletivo e inconsciente social destacado por Georges Auclair no livro La mana quotidien – Structures et fonctions de la chronique de faits divers. Para Auclair, “O acompanhamento de ritos seria contrário ao homem se sua duração não observar o espírito que o exige. Assim também é com o imaginário religioso que afirma um tal fato [na crônica], desenhado de forma a conta-lo de modo cômico ou através do humor negro”. A proposta é desenvolver uma visão mais ampla e esmiuçada a respeito deste gênero, muitas vezes considerado desimportante por parte da crítica literária.
Palavras-chave: Crônica literária; América Latina; Rubem Braga; Gabriel García Márquez.
Esta apresentação tem como objetivo expor o projeto de pesquisa que analisa a construção das personagens femininas e as relações de gênero nos contos de Machado de Assis, com foco em “Capítulo dos chapéus”, “Primas de Sapucaia!”, “Noite de almirante” e “Uma senhora”. Partindo de uma investigação inicial sobre "Capítulo dos chapéus", o estudo busca compreender como as personagens femininas desafiam ou se conformam às normas sociais patriarcais do século XIX, considerando a influência fundamental do narrador masculino na mediação dessas dinâmicas. A pesquisa parte do pressuposto de que o narrador machadiano, conforme apontado pela crítica, é portador de um olhar elitista e patriarcal, que oscila entre o refinamento burguês e o mando tradicional. Investigamos de que modo esse olhar limita, tensiona ou mesmo condena a existência das personagens, especialmente quando extrapolam os papeis de gênero que lhes foram atribuídos. A análise se debruça sobre as interações entre as protagonistas e o narrador, observando como ele as enxerga em relação aos papeis convencionais da mulher no século XIX e quais reações emergem desse olhar. Para enriquecer a discussão, dialogamos com as teorias de gênero de Judith Butler, que questionam a naturalização das categorias binárias, e com a reflexão de Virginia Woolf sobre o abismo entre a mulher fictícia e a mulher real. O exame dos contos selecionados revela a complexidade dessas figuras femininas: de Sofia, que transgride a expectativa da esposa dócil, à Genoveva, que opera à margem da moral sexual vigente. Conclui-se que, através de uma fina percepção social, Machado de Assis constrói personagens que, embora inseridas em um sistema opressor, não são meras alegorias de um "feminino" essencializado. Elas negociam, resistem e utilizam as dinâmicas sociais a seu favor, revelando as fissuras do patriarcado. Este estudo, portanto, contribui para uma reflexão crítica sobre a representação da mulher na literatura e para a compreensão das complexas dinâmicas de gênero que permanecem relevantes na sociedade contemporânea.
Palavras-chave: Machado de Assis; Personagens femininas; Relações de gênero; Narrador; Conto.