--- CORREIO DOS CAMPOS DE PRISIONEIROS DE MOÇAMBIQUE ---
( Atualizado em: 08/06/2025 )
Com o deflagrar da Grande Guerra os navios das várias companhias mercantes alemães e austríacas procuraram refúgio nos portos dos países que se mantiveram neutrais, entre os quais os de Portugal e dos seus territórios ultramarinos.
A 23 de fevereiro de 1916, pressionado pelo aliado britânico o governo português aprisiona os 72 navios alemães e 2 austríacos que estavam atracados nos portos portugueses, e com eles as suas tripulações.
São centenas os prisioneiros civis que assim ficam detidos em Goa e principalmente em Lourenço Marques, sendo muitos transferidos para Angra do Heroísmo, e mais tarde para dois novos depósitos criados no continente, em Peniche e Caldas da Rainha.
Goradas as negociações diplomáticas para que Portugal se mantenha como país neutral, a 9 de março a Alemanha declara-nos guerra.
Em Moçambique são criados campos de concentração em Lourenço Marques, Quelimane, Beira (mas que foi transferido logo depois para Macequece) e Tete, mas em 1917, por acordo com os aliados, Portugal encerra-os e transfere os prisioneiros para a Europa.
Como o campo de Angra do Heroísmo já tinha então 750 prisioneiros e não havia lugar para mais, o governo decide criar dois novos depósitos relativamente perto de Lisboa: na fortaleza de Peniche e no Hospital D. Leonor nas Caldas da Rainha.
Lourenço Marques – Nesta cidade localizada na baía do mesmo nome, ou Delagoa Bay, nome que lhe davam os ingleses, esteve instalado o 1º Depósito de Prisioneiros, o maior em Moçambique, e também o que esteve ativo por mais tempo.
Situava-se num recinto vedado com fio de arame, com uma área de 26000 m2, junto à Avenida da República, num local conhecido por “pântano”, nome que lhe vinha do tempo em que, antes de ser aterrado, efetivamente o era.
Barracões construídos no Pântano, destinados a alojar os tripulantes dos navios alemães apresados
Planta do Campo de Prisioneiros Alemães em Lourenço Marques
Por este campo passaram 537 prisioneiros. Desses, 375 eram provenientes dos navios apresados nos portos de Moçambique, sendo 358 tripulantes e 17 passageiros. A estes juntaram-se 109 cidadãos alemães residentes na colónia, internados durante o mês de março de 1916, sendo a grande maioria até ao dia 27. Outros cidadãos, em menor número, tiveram o mesmo destino entre os meses de abril a novembro do mesmo ano. Posteriormente e provenientes doutros campos de prisioneiros em Moçambique, 21 vieram transferidos de Tete, 17 de Quelimane e 15 de Macequece e Beira.
A grande maioria dos tripulantes e passageiros internados neste campo foram transferidos para Lisboa, com destino a outros campos, entre 18 de outubro e 23 de dezembro de 1917. Os últimos a deixarem o campo, fizeram-no em outubro de 1918, já perto do final da guerra.
--- Correspondência Expedida ---
Sobrescrito da DOAL - Deutsche Ost-Afrikan Linie, remetido de Lourenço Marques (04.03.1916), por Fritz Wesche (R.P.D. Kronprinz, Cpt. E. Greiwe), Lourenço Marques, Moçambique, África Oriental Portuguesa, endereçado ao Service gratuit pour la Transmission de Correspondence entre Civils - 4, Rue Petitot, Genève, Suisse, onde foi recebido a 10.04.1916. Carimbo 'LOURENÇO MARQUES /4.3.16', na face. Censuras da África do Sul, por onde transitou, "Passed by Censor" e "CENSOR CAPETOWN /10.MAR.1916', a azul, na face e verso. Carimbo de chegada 'GENÈVE /10.IV.16' e cinta de fecho 'Opened by Censor' obliterada c/ a marca 'GENÈVE /DISTR. LETTRE /10.IV.1916'. Pagou porte de 50 réis. Correio de Campo de Concentração.
Sobrescrito de carta de Lourenço Marques (03.04.1916), de H. Sichel, no Acampamento de Prisioneiros de Guerra de Lourenço Marques, endereçado a R. Fraenckel, circulado aberto para Leslie (05.04.1916), Transvaal, África do Sul, com trânsito por Pretória, onde foi censurado. Carimbos na face batidos a violeta "Província de Moçambique - Lourenço Marques - Service de Prisonniers de Guerre" e 'PASSED CENSOR PRETORIA', e no verso batidos a preto ''LOURENÇO MARQUES /3.4.16', 'PRETORIA /4.APR.16' e 'LESLIE /5.APR.16'. Isento de franquia. Correio de Campo de Concentração.
Postal pré-impresso remetido de Lourenço Marques (12.05.1916), por internado no 1º Depósito de prisioneiros de guerra de Lourenço Marques, Moçambique, endereçado a C. W. Freese, Postbox 543, Amsterdam, Holland. Apresenta na face os carimbos "Lourenço Marques - Central - 15.5.16" e "Província de Moçambique - Lourenço Marques - Service de Prisonniers de Guerre", e no verso o carimbo 'Amsterdam, 11.VI.1916' , aplicado no destino. Isento de franquia. Correio de Campo de Concentração.
Bilhete Postal de iniciativa privada, com fotografia do prisioneiro impressa no verso, circulado isento de franquia de Lourenço Marques * Depósito de Prisioneiros de Guerra * Avenida da República (22.05.16) para Berlim, Alemanha. Carimbo linear batido a vermelho "Commission Portugaise /des / Prisonniers de Guerre /LISBONNE" e carimbo batido a violeta do campo de prisioneiros "PROVINCIA DE MOÇAMBIQUE /LOURENÇO MARQUES /SERVICE DE PRISONNIERS DE GUERRE". Correio de Campo de Concentração.
Inteiro Postal remetido de Lourenço Marques (17.09.1916), pelo prisioneiro de guerra alemão W. Hesse (nº 237), internado no campo de concentração de Lourenço Marques, Moçambique, África Oriental Portuguesa, endereçado a Muchi Vogel, P.O.B. 170, Durban, África do Sul. Apresenta na face os carimbos "Lourenço Marques - Central - 20.9.16" e "Província de Moçambique - Lourenço Marques - Service de Prisonniers de Guerre". Marca linear de censura "PASSED CENSOR", a violeta. Correio de Campo de Concentração.
Inteiro Postal Ceres de 2 ctv rosa carmim, OM-29, remetido pelo prisioneiro alemão "N.º 61", circulado de L.º Marques (13-10-16) para a Alemanha e escrito em inglês, com selo adicional da Taxa de Guerra de 1 ctv verde cinzento, Mf TG-1, denteado de linhas vincadas. Marca retangular batida a preto "Quartel General / 13 OUT. 1916 | 07457 A / Lourenço Marques". Marca circular batida a vermelho "Passou pela Censura / Lourenço Marques".
Sobrescrito de carta de Lourenço Marques (16.10.1916), de F. Augenstein, prisioneiro de guerra 381, no Campo de Concetração de Lourenço Marques, Moçambique, África Oriental Portuguesa, endereçado a J. Fasnacht Esq. - 22, Limmatquai, Zurich, Switzerland, onde foi recebido a 21.11.1916. Carimbos 'LOURENÇO MARQUES /16.10.16' e "Província de Moçambique - Lourenço Marques - Service de Prisonniers de Guerre", na face. Marca linear da censura da África do Sul "PASSED CENSOR" e cinta de fecho 'Opened by Censor 99'. Carimbo de chegada 'GENÈVE /21.XI.16', Isento de franquia. Correio de Campo de Concentração.
Postal pré-impresso remetido de Lourenço Marques (18.10.1916), por Aug. Kessler, internado no 1º Depósito de prisioneiros de guerra em Lourenço Marques, Moçambique, endereçado a Thomas Kessler, Friedrichsfelder Str. 32, Mannheim, Baden, Germany. Apresenta na face os carimbos "Província de Moçambique - Lourenço Marques - Service de Prisonniers de Guerre", "Delegação Provincial da Cruz Vermelha - Lourenço Marques - PORTE FRANCO", e as marcas "GENÉVE 1/ EXP.LETTR / 28.II.1917", "Comité International de la Croix Rouge - GENÈVE - Agence des Prisonniers de Guerre" e "Überwachungstelle ... /Geprüfte Freiburg", aplicados no trânsito pela Suíça. Correio de Campo de Concentração.
Sobrescrito de carta de Lourenço Marques (17.Nov.1916), de A. Dencks, POW nº 267, internado no Acampamento de Lourenço Marques, endereçada à firma Hope & Cº, Amsterdam, Holland. Na face c/ carimbos 'LOURENÇO MARQUES * CENTRAL /17.11.16', a preto, "Província de Moçambique - Lourenço Marques - Service de Prisonniers de Guerre", oval a azul e "PASSED BY CENSOR 99", a vermelho. No verso c/ marca e cinta da censura da África do Sul, por onde transitou, "CENSOR * CAPE TOWN * 1.DEC.1916" e "Opened by Censor 99", e ainda marca aplicada no destino "AMSTERDAM * 1.I.1917". Isento de franquia. Correio de Campo de Concentração.
Sobrescrito de carta de Lourenço Marques (20.11.1916), de August Ferdinand Struck, POW 304, no Depósito de Prisioneiros de Guerra de Lourenço Marques, E.A., endereçado a Bureau International de la Paix (Service des Victimes de la Guerre), 12 Kanonenweg, Berne. Carimbos 'LOURENÇO MARQUES /20.11.16' e "Província de Moçambique - Lourenço Marques - Service de Prisonniers de Guerre", na face. Marca da censura da África do Sul "PASSED BY CENSOR 99". Isento de franquia. Correio de Campo de Concentração.
Postal pré-impresso remetido de Lourenço Marques (21.11.1916), por Wilhelm Schanz, endereçado a Ig. Schanz, Bismarckalle, 22, Aschaffenburg, Alemagne. Apresenta na face os carimbos "Província de Moçambique - Lourenço Marques - Service de Prisonniers de Guerre", Delegação Provincial da Cruz Vermelha - Lourenço Marques - PORTE FRANCO", "Commission Portugaise des Prisoniers de Guerre - Lisbonne" e as marcas "GENÉVE 1/ EXP.LETTR / 3.III.1917", "Comité International de la Croix Rouge - GENÈVE - Agence des Prisonniers de Guerre", aplicadas no trânsito pela Suíça. Correio de Campo de Concentração.
Sobrescrito de carta de Lourenço Marques (24.11.1916), de A. Denckes, POW 267, no Acampamento de Prisioneiros de Guerra de Lourenço Marques, endereçado a Hope & Co., Amsterdam, Holland. Carimbos 'LOURENÇO MARQUES /24.11.16' e "Província de Moçambique - Lourenço Marques - Service de Prisonniers de Guerre", na face. Marca e cinta da censura da África do Sul "PASSED BY CENSOR 99". Isento de franquia. Correio de Campo de Concentração.
Bilhete postal Ceres de 1c., OM 28, circulado de Lourenço Marques (25.1.1917) para Zürich, endereçado a H. Langnese Esq. Marca oval "PROVINCIA DE MOÇAMBIQUE / LOURENÇO MARQUES / SERVICE DE PRISONNIERS DE GUERRE" a azul, e marca linear "PASSED CENSOR" a preto. Correio de Campo de Concentração.
Postal pré-impresso remetido de Lourenço Marques (02.05.1917), por Otto Ranneberg, internado no 1º Depósito de prisioneiros de guerra de Lourenço Marques, Moçambique, endereçado a Otto Kramye, Breitenfelder Str. 80 II, Leipzig, Gotlis, Germanya. Apresenta na face os carimbos "Província de Moçambique - Lourenço Marques - Service de Prisonniers de Guerre", Delegação Provincial da Cruz Vermelha - Lourenço Marques - PORTE FRANCO", "Commission Portugaise des Prisoniers de Guerre - Lisbonne" e as marcas "GENÉVE 1/ EXP.LETTR / 1.IX.1917", "Comité International de la Croix Rouge - GENÈVE - Agence des Prisonniers de Guerre", aplicadas no trânsito pela Suiça. Correio de Campo de Concentração.
Sobrescrito de carta de Lourenço Marques, datada de 11.05.1917, de C. Rolfes, no Depósito de Prisioneiros de Guerra de Lourenço Marques, Moçambique, endereçada a Frau M. Rolfes Freiburg, Messrs Lucas Bals Erven, Amsterdam, Holland, onde foi recebida a 02.07.1917. Carimbos 'LOURENÇO MARQUES - CENTRAL /11.5.17', "Província de Moçambique - Lourenço Marques - Service de Prisonniers de Guerre" e "BESTELLEN A", na face. Marca da censura da África do Sul "PASSED CENSOR C.8." e cinta "Opened by Censor 99". Carimbo de chegada 'AMSTERDAM /2.VII.1917'. Isento de franquia. Correio de Campo de Concentração.
Sobrescrito de carta de Lourenço Marques, datada de 23.Jul.1917, de G.Westphal, POW 214, internado em Lourenço Marques, endereçada ao Bureau International de la Paix, Berne, Suisse, c/ destino final a Betzi Wesphal, Altona, Alemanha. Carimbos 'LOURENÇO MARQUES /23.7.17' + oval a azul "Província de Moçambique - Lourenço Marques - Service de Prisonniers de Guerre" e circular a azul "1º Depósito de Prisoneiros de Guerra de Lourenço Marque - CENSURA", na face. Marca e cinta da censura da África do Sul "PASSED CENSOR" e "Opened by Censor 99", e ainda marca da censura de "Cape Town /31.JUL.1917". Isento de franquia. Correio de Campo de Concentração.
Inteiro Postal remetido de Lourenço Marques (24.08.1917), pelo prisioneiro de guerra # 461, Siegfried Krull, endereçado a Hans Ehlers, Jungfernstieg, Alemanha. Apresenta na face o carimbo "Província de Moçambique - Lourenço Marques - Service de Prisonniers de Guerre", o carimbo da censura portuguesa "Depósito de Prisioneiros de Guerra - Lourenço Marques - CENSURA", o carimbo "Délégation Provinciale de la Croix Rouge - Franc de Port - Prisonniers de Guerre - Lourenço Marques", o carimbo de trânsito por Lisboa "Commission Portugaise des Prisonniers de Guerre - Lisbonne", e ainda os carimbos "Comité International de la Croix Rouge - Genève - Agence des Prisonniers de Guerre" e "GENÈVE 1 - EXP. PTTTR. - 10.XII.1917". Isento de franquia. Correio de Campo de Concentração.
Sobrescrito circulado isento de franquia do campo de prisioneiros de Lourenço Marques, endereçado a Hannover, Alemanha, via Comité Internacional da Cruz Vermelha em Genève (03.IX.1917), censurado em França com carimbo batido a preto. Carimbo do campo de prisioneiros batido a azul "PROVINCIA DE MOÇAMBIQUE /LOURENÇO MARQUES /Service des Prisonniers de Guerre" + carimbo circular com bandeira a vermelho de isenção de franquia "DELEGAÇÂO PROVINCIAL DA CRUZ VERMELHA - LOURENÇO MARQUES - PORTE FRANCO" + linear a violeta "Commission Portugaise des Prisonniers de Guerre - LISBONNE" e a vermelho "Comité International de la Croix Rouge - GENÈVE - Agence des Prisonniers de Guerre", aplicadas no trânsito pela Suíça. Correio de Campo de Concentração.
Sobrescrito remetido de Lourenço Marques (27.Set.1917), pelo prisioneiro de guerra alemão Schepers, internado nº 176 do campo de concentração de Lourenço Marques, Moçambique, endereçada a Rudolph Schepers, 5 Kaiser Str., Kalermberg, Germany. Carimbos na face e verso "Lourenço Marques /Central / 27.9.17 e 28.9.17". Censura "Ouvert 203 /Par l' Autorité Militaire". Cintas "Aberto Pela Censura (Lourenço Marques)" e "Controle Postal Militaire". Pagou de porte 5c. (Ceres-Lourenço Marques) + 1c. (Taxa de Guerra). Correio de Campo de Concentração.
Inteiro Postal remetido de Lourenço Marques, pelo prisioneiro de guerra Kurt Porst, endereçado a Fredrich Woerner, Kugelgenstr. 4, Dresden-A, Allemanha. Apresenta na face os carimbos "Província de Moçambique - Lourenço Marques - Service de Prisonniers de Guerre", "Commission Portugaise des Prisonniers de Guerre", "Comite International de la Croix Rouge /GENÉVE /Agence des Prisoniners de Guerre" e ainda o carimbo "GENÉVE 1 EXP.LETR / I.IX.1917". Isento de franquia, ostenta os carimbos "Delegação Provincial da Cruz Vermelha - Lourenço Marques - PORTE FRANCO" e "Franc de Port". Correio de Campo de Concentração.
Inteiro Postal remetido de Lourenço Marques (24.Out.1917), pelo prisioneiro de guerra C. Rolfes, endereçado a H. Langnese Esq. c/o Hug & Co., Zurich, Switzerland. Apresenta na face os carimbos "Província de Moçambique - Lourenço Marques - Service de Prisonniers de Guerre" e os carimbos da censura portuguesa “Depósito de Prisioneiros de Guerra – Lourenço Marques - CENSURA”, e da África do Sul “PASSED CENSOR”. Isento de franquia. Correio de Campo de Concentração.
Sobrescrito de carta de Lourenço Marques (05.Dez.1917), de M. Vogel, POW 255, internado no Depósito de Prisioneiros de Guerra de Lourenço Marques, Moçambique, endereçado ao Netherlands Consul General, Pretória, África do Sul, onde foi recebido a 06.Dez.1917. Carimbos 'LOURENÇO MARQUES /5.12.17', "Província de Moçambique - Lourenço Marques - Service de Prisonniers de Guerre" e "Depósito de Prisioneiros de Guerra - Lorenço Marques - CENSURA", na face. Marca da censura da África do Sul "PASSED CENSOR 20". Carimbo de chegada 'PRETORIA /6.DEC.17'. Isento de franquia. Correio de Campo de Concentração.
--- Correspondência Recebida ---
Sobrescrito circulado de Geneve para Lourenço Marques, com trânsito por Lisboa, onde lhe foi afixado o selo de isenção de franquia tipo Sociedade Portuguesa da Cruz Vermelha * Cruz da Convenção de Genebra, vermelho e preto, em papel esmalte, denteado 11 3/4, obliterado com carimbo de dupla oval, batido a violeta "SOCIEDADE PORTUGUESA DA CRUZ VERMELHA / TERREIRO DO PAÇO - LISBOA". Carimbo de origem, linear, batido a vermelho "COMITÉ INTERNATIONALE DE LA CROIX ROUGE / GENÉVE / AGENCE DES PRISONIERES DE GUERRE" + carimbo a vermelho "KRIEGSGEFANGENEN SENDUNG", em português " Expedição de Prisioneiro de Guerra". À chegada foi aplicado carimbo oval batido a vermelho "DELEGAÇÃO PROVINCIAL DA CRUZ VERMELHA / LOURENÇO MARQUES", tipo AP CV1, indicado como tendo sido utilizado em 1917. Correio de Campo de Concentração.
Carta remetida ao súbdito alemão Peter Oswald Stolz, imediato no vapor "Hof", preso em Moçambique a 10.03.1916, e colocado no "Depósito de Internados Inimigos de Peniche".
Carta para prisioneiro de guerra alemão em Lourenço Marques, expedida de Dresden, tendo chegado a Lourenço Marques a 18.11.1916. Em Lourenço Marques, passou pela censura e foi aplicada a marca "SERVICE DE PRISONNIES DE GUERRE", tendo sido devolvida ao remetente. Para não pagar porte, levou em L. Marques a marca de "PORTE FRANCO", da Cruz Vermelha, de onde seguiu para a Alemanha. Transitada por Genève a 20.II.1917, onde levou a marca do "Comité International de La Croix Roige/Genève/ Agence des Prisionniers de Guerre". Foi censurada na África do Sul (Passed by Censor 99), em França (OUVERT Par l'Autorité Militaire 206), e à entrada na Alemanha (Munique) a 23.02.1917. Correio de Campo de Concentração.
Cartas dirigidas a prisioneiros de guerra em Moçambique são escassas, devolvida ao remetente será provavelmente única.
Quelimane – Em Quelimane capital do distrito do mesmo nome funcionou o designado 2º Depósito de Prisioneiros, onde foram aprisionados, nos dias 15 de março, 1 e 15 de abril de 1916, 29 súbditos alemães, incluindo 3 mulheres e 4 crianças, todos eles residentes no território de Moçambique.
Eram na sua maioria empregados comerciais de várias firmas alemãs no Chinde e Quelimane, 1 maquinista, 2 engenheiros e 4 missionários provenientes de Chupanga, Quelimane e Chinde.
Ficaram instalados numa propriedade murada na rua da Segura, pertencente a uma missão religiosa. O pontão “Diu” fundeado no porto da cidade passou a ser considerado um anexo ao Depósito, destinado ao encerramento dos prisioneiros que, pela sua conduta, fosse conveniente separar dos outros internados.
Estes internados foram transferidos primeiro para Lourenço Marques e depois para Lisboa em 24 de setembro e 16 de dezembro de 1917.
Beira – Na cidade da Beira, capital do distrito de Manica e Sofala, que era administrado pela Companhia de Moçambique, foi criado um Depósito de Prisioneiros logo após a declaração de guerra, em março de 1916, situado no bairro do Maquinino, na margem direita do rio Chiveve.
A partir de 11 e até 18 de março de 1916, aí foi internada a maioria dos cidadãos alemães residente na região. No entanto, a 21 de abril, este depósito foi desativado, sendo os prisioneiros transferidos para um novo campo em Macequece.
Sobrescrito de carta remetido da Beira, pelo prisioneiro de guerra alemão Ludwig Vop, detido no campo de prisioneiros da Beira, endereçada ao Consulado Holandês, em Pretória (14.Set.1917). Etiqueta verde com a inscrição "EXEMPTÉ / Prisonniers de Guerre'. Censurado em Pretória com carimbo circular batido a violeta "PASSED / 20 / CENSOR'. Correio de Campo de Concentração.
Postal ilustrado, datado de 30.11.1917, enviado por F. Carlsen, POW nº 246, do Depósito da Beira, a bordo para a Europa. Isenta de franquia, entregue em Cape Town, onde passou pela Censura e foi marcada 'PASSED CENSOR C. II.'. Destinada ao Capt. N. C. Klaabord, em Holding, na Dinamarca. Correio de Campo de Concentrados.
Macequece – Para os prisioneiros de guerra que saíram do Depósito da Beira em abril de 1916, foi criado o designado por 3º Depósito de Concentrados de alemães, um campo com melhores condições de habitabilidade e em muito melhor clima, em Macequece. A prova de que esta instalação não era provisória reside no facto de que a designação oficial que recebeu era Campo de Concentração de Macequece e não Depósito de Prisioneiros de Macequece.
Situava-se esta povoação a cerca de 25 Km da fronteira com a Rodésia e era escala importante na linha de caminho-de-ferro que ligava a Beira (principalmente o seu porto) à Rodésia – era a principal via de escoamento do hinterland.
O campo encontrava-se dividido em dois setores, e nele foram internados os cidadãos alemães residentes na Beira, alguns vindos de Buzi, Chimezi, Munene, Muza, Revue, Vumba, Manica e também em Bartolomeu Dias, Chimoio, Mandigos e Neves Ferreira. De Tete veio apenas um prisioneiro. Os primeiros a chegar foram os residentes na cidade da Beira, logo a partir do dia 21 de abril, e alguns (poucos) mais tarde em julho e outubro.
Apenas alguns eram tripulantes dos navios mercantes alemães apresados, sendo a maioria engenheiros, cozinheiros, agricultores, empregados e gerentes comerciais, e ainda dois agentes consulares, o da Beira e o de Uganda.
Ficaram instalados nas várias dependências do Quartel da Companhia Indígena, edifício da repartição de minas e edifício da escola Freire de Andrade.
Nestas instalações foram concentrados 60 cidadãos alemães, sendo 17 mulheres e crianças. Estiveram internados desde 21 de abril de 1916 até 17 de abril de 1917, tendo regressado à cidade da Beira onde terão aguardado o transporte para Lisboa, que aconteceu em 11 de outubro e 10 de novembro de 1917.
Sobrescrito da DOAL - Deutsche Ost-Afrikan Linie, remetido de Macequece (09.10.1916), pelo prisioneiro de guerra alemão E. Krüger, internado no campo de concentração de Macequece, Moçambique, África Oriental Portuguesa, endereçada a K. Krüger, Oldenburg i/ Grassh. Nadorsterstarsse, 83 c/o Red Cross Society, Stockholm, Sweden, onde foi recebida a 23.11.1816. Transitou pela África do Sul. Vinheta preto s/ verde de isenção "EXEMPTÉ - Prisonniers de Guerre". Censura c/ duplo círculo "PASSOU PELA CENSURA", a azul. Correio de Campo de Concentração.
Nota: Apesar de não haver a certeza da aplicação da marca de Censura ser de Macequece ou da Beira, parece óbvio neste caso ser de Macequece. Muito raro.
Sobrescrito de carta remetido de Macequece (10.01.1917), por prisioneiro de guerra alemão, internado no campo de concentração de Macequece, Moçambique, África Oriental Portuguesa, endereçada a Frau Dr. Herner Klinckhardz, Naunhof Gothestrasse, Leipzig, Germany. Carimbos "AMBULÂNCIA / RESSANO GARCIA / 20.1.17" e "QUARTEL GENERAL / LOURENÇO MARQUES/ 21.JAN.1917", a preto no verso. Censuras c/ duplo círculo "PASSOU PELA CENSURA - BEIRA", a azul, e "... - LOURENÇO MARQUES", a lilás. Cinta e censura "PASSED BY CENSOR 99" a preto, por ter transitado pela África do Sul. Vinheta preto s/ verde de isenção "EXEMPTÉ - Prisonniers de Guerre". Correio de Campo de Concentração.
Tete – O distrito de Tete, o maior de Moçambique, com uma população indígena de cerca de 360 000 habitantes, era uma região rica em carvão, ouro e outros minérios. Pelo ancoradouro de Tete localizado nas traseiras da igreja que mal se vê na foto, transitavam mercadorias e passageiros, pois a via fluvial era de longe a mais utilizada na época, e mesmo algumas décadas depois.
Na vila de Tete, sede do distrito, localizada na margem direita do rio Zambeze, ficou instalado o 4º Depósito de Prisioneiros alemães, na Praça de São João Tiago Maior (Figura 8), fortaleza de forma quadrangular, com torreões aos cantos, antigas instalações militares que se encontravam muito degradadas. Em 1911-12, o então Governador do Tete havia solicitado, sem sucesso, a sua demolição por imprestável, vindo por essa altura a transformar-se em armazém e depósito de viaturas.
Neste depósito estiveram internados 22 alemães, sendo o campo em Moçambique que concentrou menor número de prisioneiros. A maioria era constituída por 14 padres missionários católicos provenientes das missões de Boroma e Angonia, 5 eram empregados da casa comercial alemã “Deuss & Companhia”, 2 eram comerciantes, e um era agricultor.
prisionados e internados na sua maior parte a 20 de março, e alguns mais tarde a 17 e 27 de abril de 1916, eram provenientes de Tete, Chifumbazi, Chinde, Boroma, Miruru e Angonia.
Os prisioneiros do campo de Tete foram transferidos para Lourenço Marques a 3 de maio de 1917, como consequência imediata da revolta do Barué, conforme o comprova o já anteriormente mencionado telegrama [9], de 14 de abril de 1917, remetido pelo Encarregado do Governo-Geral de Moçambique, em Lourenço Marques, para o Ministério das Colónias.
Desses, três seguiram para Lisboa em outubro desse ano. Só a 11 de outubro de 1918 foram os restantes transportados a bordo do “África”, vindo a ser internados nos campos de Peniche e Caldas da Rainha.