João de Lisboa

( Atualizado em: 09/02/2025 )

Aviso da Armada Portuguesa, pertencente à classe ‘Pedro Nunes’. Projetado pelo engenheiro naval Silvério Sousa Mendes, foi construído em Lisboa -no antigo arsenal da Ribeira das Naus- e lançado à água no dia 21 de maio de 1936, com o seguinte nº de amura: F 477. Foi o último navio realizado por esse estaleiro militar.

O NRP João de Lisboa deslocava 1 238 toneladas e podia navegar à velocidade máxima de 16 nós. Media 70,5 m de comprimento por 10 m de boca. Estava armado com 2 peças de 120 mm, 2 outras de 47 mm, 4 metralhadoras de 40 mm, 4 morteiros e com 2 dispositivos para lançamento de cargas de profundidade. Da sua guarnição normal faziam parte 107 homens (oficiais, sargentos e praças).

Este aviso de 2ª classe, que só integrou os efetivos da nossa marinha de guerra em fins de outubro de 1937, cumpriu a sua primeira missão, realizando um périplo de África (de novembro de 1937 a abril de 1938) com um grupo de guarda marinhas em viagem de instrução. Depois, efetuou uma comissão de serviço de 7 meses em Macau (1939-1940), com ida pelo canal de Suez e regresso pelo cabo da Boa Esperança. Mas a sua mais memorável viagem (1940-1942), foi uma circum-navegação da Terra, durante a qual o navio percorreu 28 000 milhas náuticas. Essa viagem durou (devido às contingências impostas pela Segunda Guerra Mundial, que então decorria) 625 longos dias.

O «João de Lisboa» foi reclassificado como navio hidrográfico em 1961, passando a ter o nº A 5200, e nessa condição, esteve ao serviço da Missão Hidrográfica do Continente e Ilhas Adjacentes até 1966. Depois de ter sido abatido ao efetivo da Armada em 17 de agosto de 1966, foi transformado em batelão até ser desmantelado.

-- Espólio Fotográfico (Anos 60) --

Adquirido em março de 2020, este espólio fotográfico terá pertencido a um marinheiro do navio hidrográfico "João de Lisboa", o qual facilmente se identifica nas fotos, mas de quem se desconhece o nome.

Tiradas nos anos 60, aquando das viagens daquele navio aos Açores e Madeira, uma boa parte mostra aspetos das atividades a bordo do navio, e de confraternização entre os tripulantes, e as restantes são obtidas algures pelas terras visitadas. Apenas um reduzido número identifica locais e datas, e dessas algumas (poucas) referem-se a São Jacinto, em Aveiro, e a Bissau, na Guiné.

Recorrendo ao formato e marca do papel fotográfico usado, e/ou indicação do laboratório que as revelou, e embora com significativa margem de erro, procurou-se agrupá-las de acordo com locais e eventos, que não sendo possível precisar se deixa ao critério do observador atento melhor identificar.

Pelos Açores

A navegar no caminho para os Açores

Hora do almoço

Passeio pela ilha de S. Miguel

28/06/1962 - Recordação da chegada a Ponta Delgada - Açores

Com os draga-minas NRP Ponta Delgada, NRP Angra do Heroísmo e NRP Santa Cruz, no porto de Ponta Delgada

O NRP Ponta Delgada (M405)

Foto endereçada no verso a Maria Lucélia Benjamin, em Tavira, o que nos aponta uma eventual origem algarvia do nosso marinheiro.

Marinheiros do NRP Angra do Heroísmo (M407)

O NRP Santa Cruz (M409)

Construído nos estaleiros M. M. Davis & Co, E.U.A, o NRP Santa Cruz (M409) foi aumentado ao efetivo dos navios da Armada no dia 1 de março de 1954, tendo sido entregue à Marinha Portuguesa nos estaleiros de Brooklyn, Nova Iorque (E.U.A).

Da classe “Ponta Delgada”, foi o quinto de 8 draga-minas costeiros, da classe "Bluebird", (todos com nomes de cidades e vilas do arquipélago dos Açores) adquiridos aos E.U.A, ao abrigo de um programa de assistência militar na década de 50, o Mutual Defense Agreement Program (MDAP).

Chegou a Lisboa no dia 23 de junho de 1954 e em novembro do mesmo ano, foi destacado para o serviço SAR nos Açores. Visitou diversos portos na realização de variados exercícios nacionais e NATO, tais como Portsmouth, Zeebruge, Ostende, Brest, Cadiz, Alicante e Toulon.

No período entre 1971 e 1974 esteve no arquipélago da Madeira e Ilhas Selvagens, onde visitou também Palma de Maiorca. O NRP Santa Cruz foi abatido ao efetivo dos navios da Armada no dia 7 de janeiro de 1976.