Volta à página inicial
(Começam a entrar os fidalgos e as fidalgas, ricamente vestidos, conversando e fazendo salamaleques.
Gulliver olha-os, espantado.)
Gulliver – Tantas jóias! Tanto ouro! Portugal é um país cheio de minas?
D. Pedro – Tudo isto vem do Brasil. Lisboa é uma das cidades mais esplêndidas do mundo.
Gulliver – Mas os fidalgos devem ser carecas, coitados... (Leva as mãos aos cabelos e puxa-os, verificando com alívio que estes não estão a cair.) Há aqui alguma epidemia de tinha ou de piolhos?
D. Pedro – De modo nenhum. De onde tirou tal ideia?
Gulliver – Muitos usam cabeleiras postiças! Cabeleiras brancas, como as dos velhos! (saudoso) Como é bom deixar voar os cabelos ao vento como crinas de cavalos (passa os dedos entre os cabelos).
D. Pedro – Mais uma vez lhe peço que esqueça esses quadrúpedes.
Luísa Ducla Soares, adaptação livre de As Viagens de Gulliver
Retirado de Passatempos da Língua Portuguesa, da Porto Editora