Eu, Dominga!

Dominga Janovitz participou do Mulheres Mil em 2011 e do Mulheres Sim em 2014 e em 2019.

Tem 65 anos, é casada, estudou até a quarta série do ensino fundamental. Boa parte de sua vida foram dedicados para produzir tijolos e telhas. Suas mãos anônimas moldaram muitas peças de tijolos que hoje estão nas paredes desta cidade.

Dominga revela que sofreu discriminação racial e preconceito durante várias etapas de sua vida. Em seu primeiro emprego, jovem e com filhos pequenos, ela não recebia salário, apenas roupas usadas e outras coisas que a patroa quisesse lhe dar, como doação. "Quando falei pra ela que eu queria trabalhar na olaria, pra ter salário, ela disse que lá eles não pegavam preta".

O trabalho duro na olaria encontrou essa gaúcha, mulher forte, todos os dias, por mais de vinte e cinco anos. "As minhas pontas dos dedos estavam sempre sangrando, tinha que amarrar pano nas pontas e cada vez eu tirava eles sangravam, não sarava nunca".

De casa simples, de olhar fraterno e mãos bondosas, Dominga dos sentimentos nobres, hoje está aposentada. O que a deixa feliz é poder ajudar as pessoas! "Eles estão sofrendo, é muito difícil as pessoas sem comida. Eu ajudo todo mundo, até os mendigos...". Agora, com os filhos grandes e a casa arrumada, sobra um tempinho para realizar aquele desejo de "descobrir as coisas", num lugar que ela achou que nunca iria poder entrar, no prédio grande e bonito... IFSC.

Dominga relata que estudar também não foi um trabalho fácil. "Cada vez que o caderno enchia, eu precisava apagar todas as folhas e usar o mesmo caderno, não tinha como comprar outro". O sonho de estudar adormeceu e só despertou quando Dominga fez seu primeiro Mulheres Mil, aos cinquenta e sete anos anos. "Eu sempre tinha esse sonho! Sempre quis descobrir as coisas e aprender sobre tudo".

Durante o programa Mulheres Sim, Dominga acompanhou a turma em uma viagem para Treze Tílias. "Foi um dos momentos que mais marcaram a minha vida! Eu gostei muito" lembra ela.

Seu sonho é ter uma máquina de costura profissional, para poder fazer as peças que aprendeu no curso e depois doar para as outras pessoas.

Seu lazer é viajar e dançar. Sua música preferida é Beijinho doce ("Beijinho Doce" é uma canção que foi gravada pela primeira vez em 1945 pelas Irmãs Castro).

Dominga deixa uma mensagem para as colegas e professores:

"Desejo tudo de bom para minhas amigas, espero que um dia tenha outro curso e possamos nos encontrar e ficar juntas de novo. Um abraço e um beijo para todas as minhas professoras e professores, sinto saudades!".